segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

E O TIRO ACERTOU NA CORDA !

o nosso "causo" de hoje remonta a algumas décadas passadas, porém ele é sempre contado e recontado por alguns remanescentes daquele periodo como de fato acontecido, numa epóca, em plena ditadura militar, em que o doutor Brasilio di Ramos Caiado era a maior liderança politica regional do vale do rio vermelho, sendo por isso, bastante paparicado e bajulado em razão de sua importancia no contexto politico então vigente.
O contrário é que seria de estranhar, pois os nossos costumes arraigados nas tradições de longas datas, talvez vindo ainda dos tempos da monarquia, sempre traz uma grande preocupação da maior parte das pessoas, mesmo que inconscientemente, de querer agradar àqueles que, no plano da escalada social, se acham alguns degraus acima. Por isso quando os que tinham afinidade com o doutor Brasilio, com ele se reuniam, a grande preocupação da maior parte era lhe fazer os gostos, tentando até mesmo adivinhar o que mais lhe convinha ou interessava, sendo que desses encontros muito festivos, faziam parte uns tres ou quatro funcionários do fisco lotados na delegacia fiscal de Goiás.
Um das reuniões mais festivas e de longa duração ocorria, invariavelmente, no mes de julho, em um acampamento às margens do rio araguaia, que não raras vezes começava no fim do mes anterior e entrava para quase a metade do mes de agosto, ocasião em que, pela froxidão das leis vigentes e os nossos seculares costumes que só bem recente e se moldaram a um estilo de maior preservação ambiental, um dos maiores costumes de quase todos os pescadores que para lá se dirigiam era de usar indiscriminadamente redes e tarafas e também a caça de animais silvestres que, segundo me foi narrado, era também do gosto da principal figura desse encontros, doutor Brasilio, sendo a paca, pequeno mamífero roedor de carne tenra e saborosa, uma das principais predileções e alvo de todos.
Assim, certa dia em um desses acampamentos, não se sabe como, um dos nossos colegas fiscais que dele participava, conseguiu capturar vivo um desses pequenos animaizinhos e teve então a idéia de amarra-lo com uma linha de anzol grande e fina disfarçada portanto, em um local próximo e, tendo voltado às barracas, chamou o doutor Brasilio de lado e lhe disse que ali bem perto ele havia visto uma paca passeando traquilamente e seria a oportunidade de se caça-la. Convite feito, convite aceito lá se foram os dois mata a dentro e logo depararam com o bichinho que, aparentemente saira em disparada, no que o fiscal disse: "atira doutor!", porém tão logo ouvido o disparo, o roedor em veloz carreira sumiu pela mata a dentro, voltando os dois para o acampamento, decepcionados , porém o fiscal ainda mais, pois ele não se conformava, achando que havia amarrado mal a paca e essa "dera no pé".
Depois de enrolar um pouco por ali, o fiscal autor da tentativa da "proeza puxasaquistica", retornou até o local para retirar a corda, tendo então constatado que o mais dificil havia sido feito, pois sendo a paca muito maior, o doutor Brasilio havia acertado fora na linha de anzol, com isso o animal ganhando a liberdade e salvo o seu belo couro.

José Domingos

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

UFA. ANTES ELA DO QUE EU !

Existe em qualquer ambiente pessoas cheias de crendice, o que muito tem a ver com o nosso "causo" de hoje, de portar a mais variada série de amuletos, portanto acreditando em macumbas, mau olhados e assombrações, o que no nosso meio não é diferente, pois somos uma categoria de grandes diversidades em todos os campos, inclusive no religioso, já que existe uma grande associação entre o cultuar de certos costumes e a religiosidade, podendo se observar também que as pessoas que assim pensam e agem, são bastante sugestionáveis e acreditam em tudo que lhes contam ou que a eles atinjam, mesmo não sendo nada comprovado.
Certa feita trabalhava na delegacia fiscal de Goiás um colega nosso, hoje já aposentado e que apesar de haver prestado serviço só naquela unidade fazendaria, e na ex-capital residido a vida inteira, hoje se acha morando no setor oeste em Goiania curtindo a esposa, filhos e netos, que após haver se curado de uma gastrite crônica que muito o havia incomodado, voltou a ter crises fortes em função de gozações dos colegas. Tendo ocorrido um churrasco na fazenda de um outro colega, bem próxima da cidade de Goiás, onde ele se fartou de muita carne e bebidas e não tendo tido qualquer sintoma do mal que o havia afligido, também já havia se passado quase dois anos sem que visse ou sentisse qualquer anormalidade nesse sentido, e que teria que se dar imediatamente, conforme ocorre nesses casos.
Passados uns dez dias, começou um boato de que o boi cuja carne fora servida no churrasco, havia sido morto por picada de cobra e não abatido pelos meios costumeiros e que nesses casos o veneno que fora infiltrada na carne fazia um tremendo mal para quem tivesse problemas gástricos. Foi só o colega tomar conhecimento dessa boataria que tinha como único propósito o de incomoda-lo, que os primeiros sinais já começaram a se processar em seu organismo, tendo ele que recorrer, de novo, a médicos, para tratar da gastrite da qual já se julgava curado.
Esse mesmo colega, em outra ocasião, tendo plantado um pé de tamarindo em sua fazenda, ao receber a visita de um colega que passeou pelo seu pomar, foi por aquele informado de que uma crendice popular diz que quem planta um pe´de tamarindo não o vê dar os primeiros frutos, pois um pouco antes disso ele" parte desta para a melhor".
Com a planta cada vez mais viçosa e crescendo rapidamente, inversamente a saúde do colega ia se deteriorando, pois ele não tirou isso mais da cabeça, sempre se lembrando do que lhe fora dito, acreditando piamente que já estava "chegando a sua hora" pois a fruteira já estava dando sinais de se cobrir de flores, com isso aumentando a sua agonia, pois todos os dias ele olhava a planta e via que já estavam vindo os sinais do que seriam os primeiros frutos.
Assim tão logo surgiu as primeiras pontinhas do que seriam as flores, não suportando mais a pressão interior que o atingia, o colega se muniu de um motoserra e cortou a fruteira que estava entrando em sua maturidade, bem rente ao chão, com isso se sentindo bastante aliviado, o que levou a exclamar bem alto: "ufa. Antes ela do que eu !"

José Domingos

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

TOMOU LAGARTIXA !

O "causo" de hoje nos foi contado pelo colega Hugo Maria de Assunção, que conheceu do perto o seu protagonista e que por diversas vezes ouviu dele e de outras pessoas a narração do fato.
Estando a cidade de Cabeceiras na decada de noventa, ainda no principiar de suas instalações, funcionava ali um posto fiscal de grande movimento, instalado em uma rua poerenta na seca e cheia de buracos e lama quando do periodo chuvoso, sendo que um servidor que prestava serviços ali, sempre que lá estava em escala, passava todo o periodo completamente embriagado, entretanto, isso não lhe tirando a responsabilidade e a correção empregadas nas suas obrigações diárias. Por ser uma pessoa muito comunicativa, da qual o Hugo não quis passar o nome, o funcionário logo fez amizade com todos daquela comunidade, sendo um dos seus grande amigos um delegado de policia calça curta ( designação que se dava para ocupantes da função que não eram de carreira, mas sim indicados politicos), sendo que este sempre que prendia algum arruaceiro, depois de lhe amarrar as mãos às costas, logo convidava o colega da SEFAZ para lhe aplicar um corretivo, quase sempre um murro bem dado nas fuças do "briguento" para lhe acalmar os nervos.
Certa feita tendo mudado o delegado, também calça curta, o novato tão logo soube do estranho hábito, informado que foi pelos colegas que já trabalhavam na localidade, preparou uma armadilha para o nosso colega justiceiro, pois quando efetuaram a prisão de alguém que se enquadrava nas condições em que ele era chamado para aplicar o costumeiro calmante ou "sossega leão", o delegado só mandou que o preso ficasse com as mãos para tras, mas não as amarrou e quando o colega e algoz dos bebados que fossem presos, lhe soltou um murro nas fuças que não era lá com tanta força nada, já que ele estava sempre movido pela "maguaça", mais do que imediatamente o preso lhe deu o troco com todas as suas forças (que àquelas alturas já haviam sido recuperadas, pois a carraspana se curara tão logo se vira atraz das grades) e lhe disse: "tomou lagartixa!", o colega sem entender bem o que havia se passado, também sarou imediatamente da sua "carraspana" e saiu em desabalada carreira, e desde esse dia se tornou um devoto de nossa Senhora D'Abadia a quem recorreu para nunca mais beber, e nem fez mais aquele tipo de gracinha, porém o após o fato haver caido no dominio público, ele passou a carregar e carrega até hoje o apelido de lagartixa.

José Domingos

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

" É AÇOUGUE E NÃO AÇOGUE "

A nossa lingua dada às suas peculiaridades que a difere inclusive da que é falada em Portugal, de ondem se origina, causa bastante confusão e não raros, muitos erros mesmo para os que são, dela, operadores contumazes.
A utilização de "s", dois esses ou cê cedilha é uma verdadeira loteria, pois muitas vezes até quem é bastante acostumado a escrever diariamente e muito, fica em dúvidas e acaba cometendo alguns equivocos.
É comum em nossas repartições que os chefes, mesmo que não dotados de conhecimentos suficientes, se arvore em rascunhar oficios, memorandos e despachos, muitas vezes massacrando a nossa lingua pátria, pois os erros que cometem não são poucos. Atualmente ficou bem fácil se corrigir os "equivocos cometidos pelos doutos e sapientes" chefes e outros, que se metem em searas às quais não dominam, pois com o advento do computador e os seus corretores de textos, os escorregões e vacilos são eliminados num piscar de olhos, não acarretando uma sobrecarga de trabalho, como acontecia quando ainda não existiam os micros, pois tudo era datilografado e constatado erros, todo o processo tinha que ser reiniciado.
o nosso "causo" de hoje tem tudo a ver com o que foi acima comentado, pois trata de um delegado fiscal de Iporá que tendo mandado sua secretária datilografar 93 oficios para os açougueiros da região, após haver rascunhado o modelo, esse foi devidamente corrigido, quando da feitura pela servidora, pois o seu chefe havia redigido se utilizando da palavra açougue sem no entanto se utilizar da letra "u", ficando portanto açogue.
Colocado o calhamaço de oficios sobre a mesa do titular da delegacia, como sempre acontece nesses casos, ele disse que quando tivesse um "tempinho" iria analisar o que fora datilografado antes de assinar.
Segundo nos contou o colega Ewaldo Ferreira Junior, testemunha de todo o fato, depois que delegado "sabichão" conferiu o que fora feito, chamou sua secretária e lhe disse que refizesse todos os quase cem oficios, vez que ela havia datilogrado errado, em todos eles, a palavra açougue, pois conforme o modelo e certo que ele havia rascunhado, não existia a letra"u", sendo que não tendo se dado por satisfeito com a sua brilhante observação, havia assinalado com tinta vermelha em todos os oficios e onde a palavra existia, portanto, inutilizando todo o trabalho feito.
Revoltada com a exigencia de refazer o que fora feito de forma correta porém agora perdido, a secretária correu a apanhar um dicionário e mostrar para o delegado fiscal que ela havia se utilizado da palavra acertamente, sendo portanto o erro dele e não dela. Segundo nos conta o Ewaldo uma particularidade a mais no caso, é que a tal funcionária havia emprestado uma boa soma em dinheiro para o seu chefe, e assim de alguma forma, ela o tinha refém em alguma situação da qual pudesse se aproveitar, do que ela se valeu na ocasião para lhe falar de forma categórica: " o erro é seu, como você inutilizou todo o meu trabalho que estava certo, se quiser você que arrume alguém para refaze-lo, porém eu é que o faço de novo ".
José Domingos

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

OS RIGORES DA LEI

Até bem pouco tempo, o ingresso no serviço público se dava por indicações, portanto bastava ser bem relacionado para se conseguir uma "boquinha" no serviço público e esperar a aposentadoria, e a remuneração sendo de acordo com o grau de proximidade com os "mandões" da politica regional, estadual ou federal, pois quanto maior fosse as ligações maior também seria o contracheque no final do mês.
Assim nos já tivemos no fisco mesmo, por obra e graça de um governador, que todo ex-pracinha goiano que assim o quisesse, poderia se tornar um integrante do quadro, independente de escolaridade ou formação técnico-profissional, aliás isso não é recente, pois eu mesmo conhecia um já falecido fiscal que foi tirado da função de enterrar mortos, para a atividade de desenterrar sonegações e infrações fiscais, já que o então governador da época, o tirou da função de coveiro para atual como servidor do fisco, onde se aposentou e viveu o resto dos seus dias recebendo a remuneração de tal cargo.
Esse mesmo governador tinha um compadre, que após tê-lo aquinhoado com muitas terras devolutas que existiam pelo estado a fora, e essas terem sido torradas nas farras que emendavam o dia com a noite, o chamou ao palácio ainda na cidade de Goiás então capital e lhe disse: "compadre Nelson, vou lhe dar uma segurança que você não tem jeito de acabar com ela, pois você vai ser fiscal de rendas".
Depois de algumas décadas recebendo o salário de fiscal porém nada fazendo, pois nada sabia fazer mesmo, sempre ficando ali na delegacia fiscal de Goiás batendo papo e esperando o final do mesmo para abiscoitar o seu precioso contracheque, certa feita tendo faltado um fiscal na escala no posto fiscal que funcionava na serra de Itauçu, o delegado o chamou e disse: Nelson, vou por você nessa escala, mas, pelo amor de Deus, é só para você fazer companhia, não faça nada lá, mas "nadica" de nada mesmo!, por certo temendo ele que alguma besteira ocorresse, com de fato ocorreu.
Corria já o segundo dia de uma escala de cinco por dez, quando tendo sido parado pelo policial de plantão,um caminhão de bananas (que não pagava tributos internamente), foi o Nelson que interpelou o motorista, perguntando pela nota fiscal da carga. O condutor do veiculo meio que stressado e como estava acostumado em nem ser parado ali, por já ser bastante conhecido e como a carga não pagava impostos, foi grosseiro com o Nelson, com isso provocando lhe a ira, pois mesmo sem saber como fazer a autuação, ante a fala do motorista, assim lhe retrucou: "você vai conhecer os rigores da lei, pois vou multa-lo", dito isso com os colegas só observando a sua atuação, pois conheciam o seu total desconhecimento do trabalho, o Nelson apanhou um bloco de auto de infração( documento que se nunca havia visto na vida, então preenche-lo nem se fala) e anota daqui, anota dali, quando chegou no campo destinado a descrever a infração, ante a sua completa ignorancia do assunto, com letras maisculas ele assim anotou:"todas do código tributário", o mesmo repetindo no campo da penalidade, sendo que após apanhar a assinatura do motorista o liberou para seguir viagem.
As fontes que por diversas vezes me narraram o fato, disseram também, que isso inclusive foi matéria de capa do jornal Cinco de Março, antecessor do Diário da Manhã, pois atipicamente tanto a infração quanto a penalidade foram tipificadas mesmo com os devidos e exagerados rigores da lei, já que ambas foram descritas como :"todas do código tributário", isso por um longo tempo tendo sido motivo de chacotas e descrédito pela desastrada atuação e autuação do tal apadrinhado que chegou a essa situação, em razão de compadrio com o governador que o indicou.

José Domingos

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

TÔ LÁ NA SAÍDA DE TRINDADE


Quando iniciamos os trabalhos no Fisco, nos idos de 1984/1985, fomos deslocados para todas as partes do Estado, distribuidos em turmas de oitenta integrantes por vez, lotando e bastante as delegacias fiscais do interior, embora naqueles tempos, o hoje estado do Tocantins ainda fizesse parte do território goiano, portanto tendo muito espaço para acomodação da leva de seiscentos novos integrantes do quadro.
Aos poucos, com um maior acomodamento, boa parte foi sendo absorvida aqui mais por perto da capital, com um grande contingente de fiscais trabalhando nas dezenas de equipes de comandos volantes que atuavam na chamada grande Goiania, sendo que naqueles tempos o mais usado meio de contato/comunicação se dava através de rádio, com uma central operando vinte quatro horas, de maneira ininterrupta na sede da delegacia fiscal, então localizada em acanhadas instalações onde hoje se acha situado o CAT – Conselho Administrativo Tributário, embora todos fossem imbuídos de grande comprometimento com o trabalho, existia uma grande rigidez quanto ao controle dos fiscais em serviço.
Certa feita estava eu e o colega, que à época assinava e fora aprovado como Demerval Birajara Meneguel Mundo, com tal nome tendo sido o orador na posse da nossa turma, e que hoje legalmente assina outro nome, o seu de batismo e registro numa longa história da qual ele não faz questão de relembrar, pois adotou um nome de outro para fugir da ditadura militar, quando com o rádio ligado, escutamos a central chamando um colega, sendo que este tão logo respondeu, ouvimos nitidamente a conhecida vinheta/chamada da TV Globo, o famosíssimo “plim-plim” e aquele perguntado onde estava naquele momento assim respondeu: “ Tô lá na saída de Trindade. Ôpa, tô aqui na saída de Trindade”. Tal diálogo mantido pelo rádio foi ouvido por dezenas de colegas que estavam trabalhando no comando volante e nos postos fiscais das entradas/saidas de Goiania, tendo por um longo tempo, sido motivo de muitas chacotas com o colega que a alguns revelou que o “plim-plim” denunciador era por que ele se achava tranquilo, refastelado no sofá da sala de sua casa, com as janelas abertas e a viatura na garagem e quando correu para atender o rádio, naquele momento a televisão contribuiu para provocar toda a confusão e ao invés de dizer, na sua mentira “tô” aqui na saída de Trindade, proferiu um "tô" lá....”

José Domingos

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O MENINO XERETA

Conforme me narrou a Lucy Mary de Assis, com quem tive o grande prazer de trabalhar quando estávamos na delegacia fiscal de Goiás, esse acontecimento se deu com os nossos colegas de Goiás, e que até hoje ainda se encontram em exercício por lá, Ruideberto e Rogerio Rezende, que foi aprovado no Fisco em 1998 quando estava ainda adentrando na idade mínima para tanto, que era de dezoito anos.
Segundo nos contou a Lucy, após uma denúncia anonima, de que haveria um grande depósito de cereais em situação irregular na cidade de Itapirapuã, Ruideberto e Rogério foram designados para proceder tal verificação. Depois de ficarem pelas proximidades, como quem não quer nada, pois o estabelecimento estava fechado, viram ele se abrir quando parou uma carreta para descarregar um carga de sacas de feijão, os quais eram em número de quinhentos volumes, e estavam desacompanhados de qualquer documento fiscal exigido para aquela operação. Feita a abordagem o motorista e os chapas só diziam que haviam recebido ordem para descarregar a carga naquele local, onde verificaram existiam para lá de dois mil sacas de feijão que, certamente, também não possuíam o documento fiscal necessário.
Nessas ocasiões, num jogo de gato e rato, muito vezes o dono está até ali no meio dos curiosos que se juntam para ver a ação, mas ninguém costuma falar nada, esperando ver se o proprietário consegue de alguma forma se safar da multa, o que naquele dia também aconteceu, e embora o Ruideberto e o Rogério perguntasse a um e a outro, ninguém sabia de nada, bem, isso só até os dois auditores começaram "arredar" os volumes de feijão que estavam dentro do estabelecimento, pois tão logo começaram, uma criança de uns sete anos que estava ao lado do pai, começou a atirar pequenos pedregulhos nos dois, dizendo: “ôcêis larga de mexê nas coisas do meu pai, ôcêis larga de mexê nas coisas do meu pai!”, fazendo com que o pai dele, bastante brabo dissesse ao Rogério e ao Rui: “é, agora que esse moleque deu com a língua nos dentes, não tem mais jeito, toda essa mercadoria é minha mesma. Eu vou ter que pagar a multa, mas que eu vou dar uma "pêia" grande nesse moleque, ah, isso vou!, prá ele largar de ficar enxeretando com coisas de gente grande. Lá em casa ele não me escapa, ele pode aguardar ”.

José Domingos

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A CRIAÇÃO DE ESCARGÔ


Sendo a classe fiscal, senão das melhores, mas situada entre as que quase estão no topo no quesito salarial, não raras vezes seus membros são procurados com propostas de negócios às vezes para lá de mirabolantes. E foi assim que um certo colega nosso, possuidor de uma chácara lá para as bandas do Aldeia do Vale, numa época foi procurado por alguns emissários paulistas, interessados em lhe propor a venda de matrizes de escargôs (moluscos comestíveis, cuja designação em francês é escargot, mas que o dicionário aurelio o trata em português conforme o fiz, uma iguaria culinária muito comum na Europa, das mais chiques e caras), fazendo uma grande propaganda, principalmente dos fabulosos e rápidos lucros, que viriam de “montão”com a criação dos “bichinhos”, em curtíssimo espaço de tempo , pelo fornecimento aos restaurantes goianienses e também no envio a outros estados, quiçá, logo logo, também com a exportação para outros países.
Deslumbrado e visibilizando ganhar dinheiro fácil, segundo nos contou a fonte que não quis ser identificada( também colega do fisco), o fiscal/chacareiro sacou todas as suas economias de uma vida, depositada em uma caderneta de poupança, beirando a mais de cinquenta mil reais e cega e honestamente repassou para os fornecedores dos tais moluscos que, no máximo em um mês lhe entregaram algumas centenas de matrizes que afiançaram ser do mais pura origem de escargots vinda da França, portanto, da mais alta qualidade.
Quanto aos lucros nunca vieram, agora quanto à reprodução e proliferação, essas se deram em poucos dias, pois logo o seu tanque de criação, previamente preparado estava “supitando” de crias que avançaram para outras chácaras vizinhas, com isso provocando o maior rebu, pois na realidade os falsários que haviam negociado com o auditor fiscal, lhe entregara fora milhares de caramujos africanos, praga que até hoje ainda alastra pelas cercanias da propriedade rural/urbana do colega, que só a muito custo, não teve todas as suas instalações depredadas pela fúria dos seus confrontantes, que tão logo souberam partir dali a praga que assolava a tudo e a todos, queriam mais era “partir” a cara de quem era o responsável toda aquela confusão.

José Domingos

terça-feira, 23 de novembro de 2010

PARADA INCONVENIENTE

O nosso colega Divino José, um verdadeiro arquivo vivo de um sem número de histórias interessantes, sempre que procurado, tem um novo “causo” a nos contar.
Conta ele que quando trabalhava na delegacia fiscal de Iporá, onde esteve por um longo tempo, fez dupla em trabalho de auditoria com os mais diversos colegas, cada um deles tendo uma peculiaridade, o que é mais do que normal, pois isso é inerente ao ser humano, de cada um ter especificidades que os diferem dos demais. Assim ele conta que já trabalhou com quase todos os tipos que compoem os famosos sete anões da fábula da Branca de Neve, ou seja com fanfarrões, com zangões, com alguns que só não eram mudos pois respondiam monossilabicamente, isso se perguntados; e também alguns de hábitos diferenciados, como um que só gostava de fazer as suas necessidades fisiológicas no mato, por isso, quando estavam viajando o Divino José já tinha certeza que mais horas, menos horas, ele seria solicitado a parar a viatura para que o colega se desapertasse debaixo de alguma frondosa sombra à beira da estrada.
Certa feita após concluirem um trabalho de fiscalização de uma empresa de Montes Claros de Goiás, para lá se deslocaram os dois saídos de Iporá, para apresentar a conclusão do seu trabalho, com diversas autuações. Já enxergando a cidade de destino, o colega como lhe era de costume, vendo uma vasta vegetação composta de mamoneiras, nascidas no local onde era despejado o lixo da população monteclarense e, à falta de um local melhor, disse ao Divino que parasse o carro pois que ele precisava descarregar o que lhe ia pelo intestino, já que os sinais já se faziam notar com insistência.
Enquanto o colega seguiu apressadamente mamonal a dentro, o Divino José desceu da viatura e ficou por ali, observando o monturo de lixo, sendo que teve despertada a sua atenção, possuidor que é, de uma grande perspicácia e aptidão para a fiscalização, que do meio de alguns papéis sobressaia, nitidamente, uma nota fiscal de mercadoria destinada a empresa, que não deveria ali estar, pois teria que ter sido contabilizada e guardada. Se aproximando e apanhando o documento, qual não foi a sua surpresa ao ver que não era só uma, mas umas quarenta e, coincidência das coincidências, todas elas tendo como destinatária a empresa que eles haviam fiscalizado e para a qual estavam se dirigindo.
Ante o fato quando o colega retornou do seu desaperto e posto ciente da descoberta, dali mesmo retornaram e refizeram o trabalho acrescido agora das notas que haviam sido colhidas no lixão de Montes Claros, e quando concluíram finalmente o trabalho, mais uma vez rumaram para lá, sendo que desta feita não houve nenhuma parada na estrada.
Apresentada a conclusão e os autos de infração que haviam sido feitos, Divino José não se furtou a contar o acontecido, ressaltando que se não tivessem sido descobertas as notas jogadas lá no lixão, da outra vez que para lá se dirigiam, a multa teria sido menor, bem como o que os levou a fazer tal parada. O comerciante olhou fixamente para o outro fiscal, e no mais alto bom humor, assim se manifestou: “ Ô parada inconveniente, hein? É. O senhor que vai no mato prá defecar e a merda sobra é prá mim. Bonito, hein?”.

José Domingos

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

USURPANDO FUNÇÃO


O “causo” de hoje nos foi narrado pelo colega Alberto Alves Ferreira, que embora tenha identificado o protagonista, seu amigo de longa data, deixamos de nomina-lo, um auditor bastante qualificado e que sempre é chamado para as ações fiscais mais perigosas, uma vez que ele nunca se “lixou” para o perigo, estando sempre na linha de frente, dotado que é de intrépida iniciativa e a sua perspicácia sempre redundou em serviços da mais alta qualidade e produtividade.
Das nossas atividades funcionais, em algumas situações em que o contribuinte autuado decorre também em crimes contra a ordem tributária, invariavelmente o autor da ação fiscal é chamado para prestar depoimentos na delegacia especializada que a policia civil mantém dentro das próprias instalações da secretaria da fazenda, a DOT.
E assim esse nosso colega tendo feito mais uma de suas grandes ações fiscais, certo dia foi chamado naquela especializada, na qualidade de testemunha conforme ocorre sempre nesses casos, para prestar declarações que sempre clareiam e esclarecem o que foi feito, facilitando o entendimento e o trabalho da policia no respectivo inquérito.
Lá chegando o auditor se deparou com uma escrivã, que, ao que tudo indica era recém iniciada na atividade e, diante de sua insegurança, ele depoente assumiu o lugar dela em frente ao computador e se pôs a digitar o seu próprio depoimento.
Nesse instante adentrando um delegado que não o conhecia e notando o que ele estava fazendo, lhe disse de forma bem direta: “ eu não conheço o senhor, e estou vendo, ao que parece, que fazendo o que é de obrigação da escrivã, portanto, saia já daí ou eu irei lhe processar por usurpação de função”.
O arrojo e atiramento do colega que sempre se posicionou na linha de frente sempre que solicitado, segundo o Alberto esteve uns dias meio que em hibernação após esse fato, porém tendo voltado com todo o vigor decorrido algum tempo, mas desde então, sempre que convidado a comparecer na DOT ele o faz de forma bem retraída e tímida, esperando que toda e qualquer iniciativa seja da parte do escrivão que o atender, talvez por que o susto passado daquela outra vez não tenha ainda esfriado em sua memória.


José Domingos

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O PROTESTO DOS BOTEQUEIROS

Há umas duas décadas passadas, o trabalho de fiscalização ainda carecia de um aprimoramento, o que aliás deve ser constante em qualquer meio, desse modo quando constátavamos alguma irregularidade na situação de mercadorias, fazíamos a apreensão, sempre alegando como pretexto que era para comprovação da infração, embora o objetivo quase sempre, não divulgado, era o de assegurar o pagamento do auto de infração.
E assim, não poucas vezes a retenção de uma carga acontecia por dias seguidos, até que aparecesse algum responsável que ou quitasse o auto, ou devidamente cadastrado junto ao Estado de Goiás assinasse com responsável, para só então a mercadoria ser devidamente liberada.
Conta nos, José Cesar Gondim Melo que, por esses tempos, trabalhando no posto fiscal de Engenho das Lajes, ao receber, ele e mais cinco companheiros, a escala de serviços do plantão anterior, constava uma apreensão feita por um colega carioca, hoje não mais no Fisco goiano, pois foi aprovado em concurso na sua terra natal e para lá retornou, cuja mercadoria era subprodutos de abates bovinos,assim entendidos fatos, gorduras e outras partes não comestivéis, que na noite anterior fora detectada sendo transportada sem documentação fiscal. O motorista, não se sabe se de propósito, antes de tomar um rumo em busca de quem se responsabilizasse pela imposto que não fora recolhido e a multa disso decorrente, estacionara o caminhão o mais próximo possível dos guichês de atendimento do posto fiscal.
Por aqueles tempos as escalas eram de cinco dias ininterruptos, sendo que no primeiro, já no seu ocaso, uma pequena "catinguinha" começou a recender da carga, provocando incomodos, e no seguinte, depois do almoço o mau odor já estava quase que provocando naúseas e, nada
de aparecer o responsável para a devida liberação de tão indesejavel companhia.
O terceiro dia de serviço estava ainda começando a principiar, e foi um corre-corre na procura e querendo achar o número do telefone do colega autor da ação fiscal, para que viesse dar um jeito na carga que apreendera,nessas alturas não só os funcionários do posto já não estavam aguentando, mas também os proprietários de pequenos comercios instalados nas proximidades que surpreendendo aos servidores e motoristas que estavam por ali, fizeram uma manifestação de protesto com alguns cartazes em frente a repartição, pedindo que se desse um jeito naquela fedentina, o que se soube, só veio a ocorrer, depois que José Cesar e seus colegas de escala já havia vindo embora.
José Domingos

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O NOSSO COLEGA INVENTOR

No nosso meio fiscal existem as mais diversas personagens, alguns com inclinações para escritor, para cinesta, musico e também inventor, dos que se embrenharam nesse tipo de atividade eu trabalho com um deles na sala, Euclides Passarini, protagonista do nosso "causo" de hoje, num episódio em que estava experimentando um paraquedas por ele inventado cujo projeto, infelizmente, não foi levado adiante.
Antes de entrar propriamente no assunto, cabe aqui ressaltar que muitos já foram os experimentos e invenções pelas quais o Passarini já transitou, a sua totalidade não chegando à execução ou uso pleno, até mesmo por falta de condições financeiras, vez que a sua produção laboral/cientifica sempre foi mantida com recursos próprios.
Concluido o projeto, Passarini conseguiu chegar a um modelo de paraquedas, segundo ele nunca inventado e que teria capacidade para suportar uma carga de até trezentos quilos. De acordo comm as testemunhas oculares da experiencia, o nosso inventor alugou um pequeno monomotor que na decolagem precisou até mesmo de ser empurrado para "pegar no tranco", isso com ele já embarcado, segurando o paraquedas no qual fora colocado uma carga de duzentos quilos de pedras de médio porte, acomodadas em um saco de aniagem, todo motivado e esperançoso quanto ao resultado positivo com a sua invenção.
Depois de sacolejar, ratiante, o pequeno teco-teco levantou voo,alcançando os céus, tendo Passarini pedido ao piloto que se dirigisse para as imediações do parque ecológico Altamiro de Moura Pacheco, onde ele soltaria o invento, pois se houvesse falhas ou mesmo quando ele pousasse seria no mato, evitando assim qualquer acidente, pelo menos, erao que ele pensava. Não tendo o Passarini percebido que estava ventando bastante, após "brigar muito" com o saco de pedras atado no paraquedas, empurrando-o com os pés para que caisse, com isso friccionando bastante o envolucro , o paraquedas ganhou os ares e flutuou suavemente, deixando o inventor em extâse, porém o vento tocando o invento, pelos ares, para as bandas de Anapólis e ele pedindo ao piloto que o acompanhasse ligeiro.
Segundo os nossos colegas quando o paraquedas estava bem sobre a base aérea de anapólis, que abriga os caças mirage da força aérea brasileira, quis o destino que o saco se rompesse e as pedras começassem a cair sobre as instalações, provocando muito alvoroço, já que o comando e os demais militares ali sediados, num primeiro momento pensaram se tratar de um ataque, ante a chuva de pedras e já se postaram, armados para se defenderem.Se verdade ou não, o fato é que após essa tentativa, Passarini não mais falou nesse paraquedas, canalizando suas energias inventivas para outras experiencias, sendo que atualmente ele está muito envolvido é com a fumaça liquida, cujas propriedades de cura, estão sendo bastante alardeadas, inclusive por muitas pessoas que já fizeram uso dela em situações de emergencias, principalmente em casos de queimaduras.
José Domingos
No nosso meio fiscal existem as mais diversas personagens, alguns com inclinações para escritor, para cinesta, musico e também inventor, sendo que dos que se embrenharam nesse tipo de atividade eu trabalho com um deles na sala, Euclides Passarini, protagonista do nosso "causo" de hoje, num episódio em que estava experimentando um paraquedas por ele inventado cujo projeto, infelizmente, não foi levado adiante.
Antes de entrar propriamente no assunto, cabe aqui ressaltar que muitos já foram os experimentos e invenções pelas quais o Passarini já transitou, a sua totalidade não chegando à execução ou uso pleno, até mesmo por falta de condições financeiras, vez que a sua produção laboral/cientifica sempre foi mantida com recursos próprios.
Concluido o projeto, Passarini conseguiu chegar a um modelo de paraquedas, segundo ele nunca inventado e que teria capacidade para suportar uma carga de até trezentos quilos. Segundo testemunhas oculares da experiencia, o nosso inventor alugou um pequeno monomotor que na decolagem precisou até mesmo de ser empurrado para "pegar no tranco", isso com ele já embarcado, segurando o paraquedas no qual fora colocado uma carga de duzentos quilos de pedras de médio porte, acomodadas em um saco de aniagem, todo motivado e esperançoso quanto ao resultado positivo com a sua invenção. Depois de sacolejar, ratiante, o pequeno teco-teco levantou voo, tendo Passarini pedido ao piloto que se dirigisse para as imediações do parque ecológico Altamiro de Moura Pacheco, onde ele soltaria o invento, pois se houvesse falhas ou mesmo quando ele pousasse seria no mato. Não tendo o Passarini percebido que estava ventando bastante, após "brigar muito" com o saco de pedras atado no paraquedas, empurrando-o com os pés para que caisse, com isso friccionando bastante o envolucro de pedras, ele ganhou os ares e flutuou suavemente, deixando o inventor em extâse, porém o vento tocando o invento, pelos ares, para as bandas de Anapólis e ele pedindo ao piloto que o acompanhasse. Segundo os nossos colegas quando o paraquedas estava bem sobre a base aérea de anapólis, que abriga os caças mirage da força aérea brasileira, quis o destino que o saco se rompesse e as pedras começassem a cair sobre as instalações, provocando muito alvoroço, já que o comando e os demais militares ali sediados, num primeiro momento pensaram se tratar de um ataque, ante a chuva de pedras e já se postaram, armados para se defenderem.
Se verdade ou não, o fato é que após essa tentativa, Passarini não mais falou nesse paraquedas, canalizando suas energias inventivas, para outras experiencias, sendo que atualmente ele está muito envolvido é com a fumaça liquida, cujas propriedades de cura, estão sendo bastante alardeadas, inclusive por muitas pessoas que já fizeram uso dela em situações de emergencias, princi

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

DESSE JEITO O SENHOR ME DESAPRUMA

O “causo” de hoje me foi repassado pela protagonista Lucy Mary de Assis, numa experiencia que teve durante uma ação fiscal em companhia do colega Ruideberto, quando ambos trabalhavam na delegacia fiscal de Goiás.
Tendo a supervisão fiscal recebido uma denúncia de que um estabelecimento localizado em Itaberai estava funcionando irregularmente sem inscrição cadastral, Ruideberto foi designado para verificar se realmente isso ocorria e adotar as providencias necessárias. Num primeiro momento ele foi sozinho e, realmente, constatou que apesar de ser um pequeno quiosque, ele não estava regularizado junto a secretaria da fazenda e, em face de que fora denunciado, não lhe coube outra alternativa senão emitir uma notificação para que fosse feita a devida inscrição cadastral.
Decorridos alguns dias, agora já na companhia da Lucy Mary, Ruideberto retornou ao local, para saber se já haviam sido adotadas as providencias requeridas quando da notificação, verificando que nada fora feito.
Depois de muitas conversações ele perguntou pelas notas fiscais de compras, oportunidade que uma senhora, esposa do comerciante, pessoa bastante simplória, que estava ao lado dele, foi logo informando: “ ah, o Sebastião não gosta de ajuntá papel de jeito nenhum, tudo que chega aqui ele joga fora. Óia aqui um que veio ontem junto com a compra do cigarro!”, assim dizendo retirou de um cesto de lixo uma nota fiscal, fazendo com que o Ruideberto, com toda a calma e paciência da qual é dotado, sem contar a grande inteligencia que nunca lhe faz falta, explicou calmamente para o seu Sebastião que teria que fazer o auto de infração, e isso implicaria nele ter que arcar com uma multa que poderia ser parcelada, mas que não tinha jeito de ser evitada. Após muito detalhes pacientemente informados tanto pelo Ruideberto quanto pela Lucy Mary, seu Sebastião finalmente entendeu e com todo o seu peculiar linguajar, assim se pronunciou: “uái seu fiscal, desse jeito o sinhô quebra o meu espinhaço, me desapruma por inteiro. Se eu levá uma murta
dessa, é mió eu me aquietá e num mexê cum mais nada”!

José Domingos

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O CAVALO QUE VOOU


Já foram nesse espaço, contados vários “causos” narrados pelo meu amigo João Felipe, marceneiro dos bons, residente em Goianésia, sendo o de hoje um dos melhores que eu já o vi e ouvi contar, tendo de novo ele e o pai como protagonistas o que, aliás, compõe boa partes das suas ricas narrativas.
Proprietário de um imóvel rural pelas cercanias do rio corumbá, o seu João, genitor de João Felipe, tinha um baita cavalo alazão, grande e cuja estampa despertava a cobiça e a inveja de muitos vizinhos. Certa feita depois de quase uns três dias sem aparecer “na porta”, termo rural utilizado para as imediações da casa, o seu João disse ao filho que, ou o seu cavalo havia sido roubado ou teria morrido. Decorrido mas dois dias e chegado o final de semana, João Felipe foi convidado pelo pai a sair procurando pelo animal, não sem antes o fazendeiro se municiar do seu inseparável embornal onde carregava canivete, cordão, agulha grande, parafusos e um sem fim de miudezas, acostumado que estava a resolver situações pelos pastos e matas.
Depois de uma boa, porém difícil caminhada, ao adentrarem a um descampado, avistaram ao longe um revoo de urubus, no que o seu João disse ao filho: “ é João Felipe, perdi o meu cavalo, aquilo lá na frente, aquela festa de urubus é o repasto que estão a fazer dele. Não deu outra, quando se aproximaram depararam com a triste cena das aves catartidiformes a entrar pelos flancos do animal morto ,e fazer uma tremenda algazarra.
Contrariado com aquela cena o pai de João Felipe, por gostar tanto do cavalo, montou em seu dorso e sacando do embornal a agulha e o rolo de cordão ,se pôs a costurar o buraco que fora feito pelos urubus, sendo que fechado esse, e permanecendo uma grande quantidade de aves no interior do corpo, essas começaram a bater asas e conseguiram levitar o cavalo e eleva-lo a uma boa altura e ganhar voo.
Desesperado o ainda pequeno João Felipe corria atras e gritava para o seu pai descer, o que já não era possível, uma vez que o cavalo estava “sendo voado” pelos urubus que batiam as asas e já estava bem alto, mesmo assim de onde estava o menino pôde perceber como o seu pai era “danado de sabido”, pois sacara do canivete e com ele fizera um corte lateral na barriga do cavalo morto e tirando um urubu de cada vez, conseguiu planar bem o corpo e manobra-lo com maestria , e dosando as retiradas dos urubus de dentro dele, fez com houvesse uma aterrizagem suave e sem sobressaltos à porta de sua casa, local que João Felipe chegou todo esbaforido, suado e arranhado de tanto correr atras do “cavalo que voava”, sem sequer olhar para o chão.
José Domingos

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

VAI UMA LARANJINHA AÍ?


Embora hoje estejamos vivendo dias bem melhores, seja no aspecto salarial, seja nas condições de trabalho, já passamos por períodos bem difíceis, principalmente quando o país enfrentava uma inflação galopante e os nossos salários se defasavam pela metade de um mês para o outro.
Na custosa travessia desse período que não foi curto, se quiséssemos contar com apoio policial no comando volante para maior segurança, tínhamos que estar preparados para bancar as despesas de alimentação dos dois soldados que nos acompanhassem, pois pelas normas da corporação eles só podem sair de dupla para tais atividades, e diária por aqueles tempos, nem pensar.
E foi assim que certa feita, na delegacia fiscal de Goiás, um colega auditor, de nome Pedro Sena, que não pode prescindir de apoio policial para uma atividade, teve enorme dificuldades em conseguir dois PMs de voluntários para trabalhar com ele, dado que era para lá de sovina e tal costume era, de todos, conhecido. Depois de muito se buscar, só mesmo recorrendo ao quartel do sexto batalhão policial sediado na antiga capital que colocou o apoio militar solicitado à disposição de Pedro, não sem antes, os dois policiais destacados para a atividade terem sido informados da sovinice do fiscal, portanto ficaram na expectativa de como iriam se alimentar, vez que se o salário do Fisco estava defasado, o deles, coitados, estava ainda mais.
Depois de muito rodarem, tendo já passado do meio-dia, treze horas, quatorze horas, os dois soldados já, conforme antiga fala popular, “com os olhos pregados na nuca”, tamanha era a fome, olhavam um para o outro e nada. Já se aproximava das quinze horas quando, finalmente, Pedro Sena estaciona a viatura debaixo de frondoso jatobá à beira da estrada e diz: “ é, tá na hora de nós fazermos uma boquinha, né?”, dito isso contorna o carro, abre o porta-malas e retira de lá duas únicas laranjas, passa uma delas para um dos policiais e diz: “ vai uma laranjinha aí?, como só são duas, vocês repartem esta para os dois”.
Se a fama de pão duro de Pedro Sena já era grande, depois desse episódio, não só aumentou, como ele passou a ser conhecido no nosso meio, como “laranjinha”, tendo isso no início dado muita confusão, pois ele apelou muito e com isso o apelido “pegou”, pois os colegas para vê-lo nervoso, ao passar por ele, lhe perguntavam: “vai uma laranjinha aí?”.

José Domingos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A PRAGA !!!


Muitas vezes as pessoas sugestionáveis, quando influenciadas por algum tipo de situação, passam a acreditar e sentir todos os sintomas do que lhe foi repassado, principalmente aqueles que creem em mau-olhado, feitiços e pragas.
Quem nos contou o “causo” de hoje foi o Divino José, tendo isso se dado quando ele trabalhava na delegacia fiscal de Iporá. Estando a equipe de fiscalização de transito em uma grande blitz no posto fiscal de Aragarças, localizado ao lado da ponte que separa o estado de Goiás com o Mato Grosso, todos os veiculos que por ali trafegavam eram parados e vistoriados na busca por mercadorias sem documentação fiscal.
Longe já ia a noite, quando abordaram um veículo volkswagem modelo voyage e pediram à condutora que abrisse o porta molas, feito isso depararam com uma enorme quantidade de confecção desacobertada de documentação fiscal.
O chapa de nome Alcides, que até hoje ainda trabalha no mesmo local, procedeu a contagem e separação da mercadoria, portanto ele ficando em contato mais direto com a proprietaria da mesma, sendo que a todo minuto, como é comum nesses casos, ela lhe solicitava que a deixasse ir embora sem qualquer conclusão da ação fiscal. Finalizado o trabalho foi lavrado o auto de infração, o que também liberou a contribuinte essa, irada, antes de ir embora jogou um praga no Alcides: “ esse aí que foi quem contou as roupas, nunca mais vai ser o mesmo, pois de hoje em diante, ele vai ficar “broxa”.
Tão logo a mulher partiu para o outro lado da ponte, já que era moradora a pouco mais de um quilometro dali, no município de Pontal, quem fica entre Aragarças e Barra do Garças, um dos funcionários do posto a conhecia, disse para o Alcides que ele estava “ferrado” com a praga, pois a mulher era uma conhecida fazedora de bruxarias, portanto ele nunca mais “daria no couro”.
No outro dia lá já quase na hora do almoço, quando todos se levantaram, eis que chega o Alcides que era e ainda é morador daquela cidade fronteiriça, que descabreado chamou o colega que conhecia a autuada da noite anterior e lhe confidenciou: “ aquela mulher é mesmo uma bruxa das fortes. Essa noite por mais que eu tentasse, não consegui nada, como se aquela parte do meu corpo tivesse morrido. Preciso que você me dê o endereço dela que eu tenho que ir lá, prá ela desfazer a praga, senão eu “tô mesmo ferrado”, se ela cobrar eu até pago uns trocados, o que não posso é ficar broxa, me ajuda!”.

José Domingos

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DESSA MULTA EU ESCAPEI !


No concurso de 1984 para o fisco estadual, foram aprovados quinhentos colegas, sendo duzentos agentes arrecadadores e trezentos fiscais arrecadadores, enquanto os primeiros ficavam incumbidos de comandar as agencias de arrecadação, à época chamadas agenfas, cabiam aos segundos o trabalho de fiscalização em trânsito(postos fiscais e comandos volantes).
Conforme nos contou o Mario Gonzaga Neto, primeiro lugar no concurso para agente arrecadador daquela turma, que numa época que estava respondendo pela agenfa de Luziania, ele viu chegar uma equipe de comando volante, de dois colegas também recém ingressados juntos com ele, que se faziam acompanhar de um caminhão carregado de vacas de criar, sem a devida nota fiscal, para procederem a lavratura do devido auto de infração.
Enquanto um dos colegas subia no caminhão para, do alto, fazer uma conferencia detalhada, o outro tratava de “parlamentar” com o proprietário ( uma prática muito useira e vezeira dos que atuam na fiscalização de transito) a fim de que a situação pudesse ser resolvida dentro da normalidade, sem alterações tão comuns na maioria desses casos, pois conforme um ditado popular “não existe no ser humano um órgão mais sensível do que o bolso”, sempre que se fala em multa os contribuintes ficam exaltados,daí, ser muito importante um amplo e incansável diálogo.
Conforme o Mário a tudo observava, ele pode ver que, na realidade não era nem uma conversa a dois, mas um monólogo, pois o colega fiscal, de nome Julio, de ascendência nipônica, de natureza já bem econômica na fala, apenas respondia: “ hum..., tá..., certo.., é isso...,” e por aí foram, o contribuinte ficando com a mais absoluta certeza de que não seria multado, já que ante todo o seu rosário de justificativas, entendera ele que o fiscal estava concordando com tudo, levado também pelo fato de que a palavra multa não entrava em nenhum momento em pauta, vez que era quase só ele que falava..
Assim foi que, terminado o trabalho a dupla do comando volante lhe disse: " tudo Ok, é só assinar aqui" e apresentou o auto de infração que ele o fez todo contente rubricou de pronto, pois lhe era a maior certeza de que isso não acarretaria nem um despender de qualquer quantia, acreditando que seus argumentos haviam sido convincentes para não ser multado.
Uma vez tudo concluido, os dois colegas entraram no carro e se foram, e o autuado todo satisfeito soltou um: "eheh,ainda bem, dessa multa eu escapei!" oportunidade que então o Mário teve que desfazer o engano e lhe informar: “o senhor está equivocado, pois foi multado sim. Vai pagar o auto no prazo ou vai a apresentar defesa, conforme a lei lhe faculta?”, oportunidade em que o contribuinte veio a tomar conhecimento de que ele havia assinado era uma notificação de multa, e só ao poder de muitas conversações é que o Mário evitou que ele perseguisse, de carro, aos colegas para brigar, pois se sentira enganado.

José Domingos

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A TROPA NÃO!!!


Nos conta o Rogério Gomes Sobrinho que ainda bem jovem quando estava passando uns dias na fazenda de um tio no município de Jandaia, assistiu a uma cena bem divertida.
Naquela época quando ainda não existia a facilidade de energia elétrica de hoje, cada localidade procurava um jeitinho de se arrumar, ela mesma criando a sua empresa de exploração chamada força e luz, através da instalação de pequenas usinas geradoras de energia para atender a demanda da população, que naqueles tempos não era grande.
O prefeito e a câmara de vereadores do município após estudar onde poderia se dar a instalação da usina local, constataram que a fazenda do seu Agenor Gomes, tio do Rogério, tinha um córrego caudaloso e propício para isso, além de se localizar quase dentro do perímetro urbano, sendo mais um dos requisitos muito observados naqueles tempos.
Lá foram em comissão, falar com o seu Agenor, oportunidade em que o Rogério se achava então presente. Após os cumprimentos de praxe, o prefeito incumbiu o engenheiro da futura obra, para fazer as explicações necessárias ao fazendeiro: “ como o senhor sabe, seu Agenor, a energia é hoje um processo de inexorável avanço, pois num futuro bem próximo será quase que impossível de se viver sem ela. Após os estudos de viabilidade constatamos que na sua propriedade se acha um curso d'água adequado para a instalação de uma usina geradora de vinte dois cavalos de força, suficiente para, nas duas próximas décadas, atender a toda a comunidade jandaiense. Para que possamos iniciar os trabalhos necessitamos de uma autorização expressa do senhor, e assim, dentro de uns seis a oito meses, a nossa cidade poderá contar com esse grande beneficio.”
Rogério viu o seu tio Agenor cofiar o bigode, a cabeça, ficar pensativo por um breve espaço de tempo, para só então se pronunciar: “ olha senhor engenheiro, senhor prefeito e todos aqui presentes, vocês sabem que eu sou um homem simples e que durante toda a minha vida, sempre tirei do meu suor todo o sustento e o que possuo. Porém o que eu não sou, é dado à ignorâncias ou querer atravancar o progresso, assim desde agora vocês já tem a minha autorização, mas o que eu não posso e nem disponho de pasto para isso, é receber aqui na minha fazenda, essa tropa de vinte e dois cavalos a que o senhor engenheiro se referiu. Mas instalar a usina vocês podem até começar agora, se quiserem.”

José Domingos

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

COM A BEIÇUDA NÃO. NÉ PAI?

Um "causo" prá lá de divertido, que foi contado, por uma dezena de vezes pelo meu grande amigo João Felipe, marcineiro dos bons que reside em Goianésia, além de um emérito contador de histórias e outros predicados mais.
Das recordações de sua infancia vivida ali pelas próximidades do rio Corumbá, carrega ele além da eterna saudade do seu paí, a memória de muitas experiencias que lhe foram por aquele repassadas, sendo contar que muitas delas, segundo conta João Felipe, foram vividas juntos, prin cipalmente naquela face de "entrança" na adolescencia e saida da infancia, quando invariavelmente todos os pais são os maiores ídolos de suas crias, o que com ele não era diferente, tamanha era e continua sendo a admiração nutrida pelo seu genitor.
Assim todas as vezes que o seu João ( que era também o nome do seu pai) o chamava para sairem juntos, ele já pulava na frente e falava que estava mais do que pronto. dessa forma um certo dia ele foi convidado para ir pescar "no poço da Filomena", que distava tres léguas e meia da sua casa, portanto o percurso tendo que ser feito a cavalo.
Não foi bem a cavalo, vez que montaram os dois, ele na garupa, em uma mula baia grande e bonita que era o orgulho do seu pai, que era conhecida e reconhecida comoo "beiçuda",após todos os preparativos e matula arrumada, vez que pela distancia iria acampar no local e só voltar no findar do dia seguinte. Ao destino tendo chegado, o seu pai lhe disse que fosse começando a ajeitar o acampamento enquanto ele iria levar a mula para se refrescar e beber água num local onde fosse mais raso, já que o "poço da Filomena" além de sua imensidão, era de uma fundura sem fim, tendo os pescadores, que não tivessem
embarcados em canoas, de pescarem em suas margens aqui e ali, procurando um melhor lugar, embora por aqueles tempos a piscosidade dos nossos rios e córregos fizessem a alegria de quase todos os pescadores que estivesse mesmo com vontade de pescar, portanto fisgando uns "butelos" em qualquer lugar.
Cantarolando lá estava João felipe colocando uma coisa aqui e outra ali, dando forma à "morada" deles por um dia, quando escutou gritos do seu pai, para que se dirigisse até ele , o que fez correndo com o coração ao saltos sem saber o que estava acontecendo. Lá chegando antes que visse a razão de tanto afobação, seu pai lhe disse: "João Felipe temos que voltar agora" no que assustado perguntou o que estava acontecendo, momento em que o seu pai apontou o dedo para um montão de peixes ao seu lado e complementou:" se não formos iremos perder todos estes peixes além do que, não teremos condições de carregar mais do que isso, de volta para casa". João Felipe, surpreso vendo a enorme quantidade peixes ainda olhou para os lados para ver se existia alguma tarrafa ou rede que o seu pai tivesse utilizado, embora ele soubesse isso não acontecer, pois vira toda a tralha ser arrumada em casa e isso não fora colocado, bem como ter todos os seus apetrechos sido descarregados onde ele ficara arrumando o acampamento. Ante isso indagou ao seu pai como fora tirado do rio toda aquela quantidade de peixes, ficando ainda mais surpreso com a resposta: "Você sabe que o apelida da nossa mula é "beiçuda" com razão né?. Todas as vezes que ela levava a boca na agua para saciar a sua sede, ao levantar a cabeça trazia um monte de peixes dependurados no beiço, assim é que todos os esses peixes vieram para fora d'água."
Desapontado pela frustação de não ter podido pescar João Felipe ajudou o pai a acomodar toda a tralha e os peixes no lombo da "beiçuda" e retornaram para casa. Conta ele que desde esse dia, quando o seu pai o convidava para pescar ele já dizia de pronto:" num vai ser montado na "beiçuda não. Né paí?"
José Domingos

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A IDA AO MÉDIICO


Mais um dos “causos” que nos foi relatado pelo Robertinho, que estando trabalhando no comando volante com um colega nosso, auditor fiscal II de ascendência nipônica, certa feita notou que o colega estava taciturno, contrariamente ao que sempre demonstrava, de ser uma pessoa comunicativa, falante e bem alegre.
Optando por acompanhar o mutismo do colega e amigo que era por todos chamado amigavelmente de “Japinha”, Robertinho se concentrou em dirigir, também calado, até que a certa altura da viagem, o silencio foi quebrado, pois relutantemente “Japinha” lhe disse: “é Robertinho, na semana passada fui a médico.”, diante da economia de palavras, ele só obteve um - ah, foi?, mais alguns quilometros rodados e a conversa se reinicia: “ pois é, fui a um proctologista”, dessa vez o Robertinho foi um pouco mais longe: “ e aí, como foi o exame?”, no que o “Japinha” quis desabafar e contar toda a experiencia ali vivida: “ olha Robertinho, foram alguns colegas da delegacia de Morrinhos que me indicaram, um tal de doutor Pitaluga. Acho que de gozação. Rapaz, quando lá cheguei e vi o gigante com mais de dois metros de altura, já corri o olho para a sua mão, você precisa ver a grossura do seu dedo, com o qual ele fez o toque necessário para o exame de prostáta. Suportei estóicamente, até com lágrimas nos olhos, e se não fosse os nove reais que eu tinha gasto com a guia do Ipasgo, eu tinha corrido dali desde a hora que eu vi o tamanho do dedo do homem. É ou não é, para se ficar chateado e não querer falar nada?”
José Domingos

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

TOÍNHO - O AGENTE FUNERÁRIO

O colega Roberto Costa e Silva Junior, tem sido de fundamental importância para a continuidade diária dos nossos “causos” sem interrupções, pois eles estão sendo focados em situações ou experiencias vividas por alguns colegas e que nos são repassadas.
É ele que conta que por trabalhar durante muitos anos na região de Pires do Rio, certa feita ele presenciou como a ganancia de alguns os levam a se verem constrangidos em certas oportunidades. Existia naquela localidade um dono de uma agencia funerária de nome “Toínho” que em situações de acidentes com a possibilidade de vítimas fatais, não se sabe como, mas lá estava ele a oferecer os préstimos de sua agencia, antes de qualquer outro, até mesmo de ambulâncias para os primeiros socorros se fosse cabíveis.
Pois bem, ia o Robertinho daqui de Goiânia para Pires do Rio quando, perto de Cristianópolis deparou com muitos carros parados no acostamento e um aglomerado de pessoas em volta do que ele pressupôs ser uma possível vítima de acidente, já que no despenhadeiro logo adiante um caminhão se achava tombado aparentado muitos estragos.
Tendo parado também no acostamento e se dirigindo para o ajuntamento de pessoas, Robertinho viu chegar do outro lado o esbaforido “Toínho”, que vendo ser difícil romper o cerco de pessoas, quase todas estranhas tanto a ele quanto ao Robertinho, pois também estavam de passagem, se aproveitou o agente funerário para abrir caminho, se utilizando da seguinte estratégia:”dá licença, dá licença, eu sou parente da vítima”, com isso todos se afastando para que ele se aproximasse e ante o olhar espantados dos que ali estavam, e que não menos ficou o seu, “Toínho” viu que o caminhão havia tombado por ter atropelado um burro, que estava dando os seus últimos espasmos, daí toda a aglomeração à sua volta.

José Domingos

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ÊTA FRANGO GOSTOSO!


Hoje relatamos mais um “causo” envolvendo a sovinice de colegas, sendo que esse comportamento, até por uma questão de compatibilidade de ações, está sempre associado ao querer levar vantagem em tudo.
Estando o nosso colega Ewaldo Ferreira Junior trabalhando na delegacia fiscal de Iporá, ao fazer dupla no comando volante com outro fiscal, apelidado de Vila Rica, logo nas primeiras horas juntos, vez que ainda não se conheciam, Ewaldo percebeu que aquele era um verdadeiro muquirana, mas porém muito gabola, pois logo contou que os frangos da sua chácara tinham as coxas mais grossas do que qualquer outros criados na região( só muito depois Ewaldo veio a saber que a grossura das coxas não eram por que ele os tratavam com milho mas, sim pela falta disso, já que eles, para sobreviver, tinham que correr atrás de grilos e outros insetos para consumir, adquirindo assim nesse exercicio, umas rija musculatura nas pernas).
Para o Ewaldo foi um mês muito longo, pois os gastos de lanches estavam ficando quase todos com ele, pois o Vila Rica comia e saia, comia e saia, só não arcando também com as refeições já que estas eram feitas na república mantida pelo sindifisco. Cansado dessa situação, e sendo a chácara do colega bem próxima da cidade, um dia à tarde, sabedor de que o sovina não iria lá por aqueles dias, Ewaldo se dirigiu a ela e como o caseiro o conhecia, disse que estava autorizado por Vila Rica a buscar dois frangos, dos maiores, e embora relutante o empregado não deixou de atende-lo, lhe entregando dois dos maiores galináceos mais do que no ponto para abate.
No outro dia, na hora do almoço, uma lauta refeição com frango ao molho, após comer, e muito, Vila Rica disse: “êta frango gostoso, tá até parecendo dos meus, “butelo” de grandes!”, ele quase engasgou e vomitou o que havia digerido, quando o Ewaldo retrucou: “não tá só parecendo não, Vila Rica, eles são de lá mesmo. Ontem fui lá e apanhei dois, dizendo que você tinha autorizado”.
José Domingos

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A DANÇA DO GALO CEGO

Como em qualquer parte, no nosso meio existem pessoas que só são miseráveis, por que ainda não foram criados adjetivos diferentes para classificar ao que de mais pão duro possa existir.
Assuntos que envolvem sovinice sempre são divertidos, portanto, permanecem indefinidamente na memória daqueles que os presenciam, muitas vezes até mesmo como coadjuvantes, ou que deles tenham ouvido falar.
Assim o nosso colega e fonte que nos abastece de muitos e hilários "causos", Roberto Costa e Silva Junior, o Robertinho, se lembrou de mais um, acontecido quando ele trabalhava em Pires do Rio, fazendo dupla com o colega que, ao dinheiro, tinha mais amor do que a si próprio. Certo dia Robertinho chegou na república, vindo do supermercado onde fora fazer algumas compras, e deparou com o auditor, sentado, em total concentração, pingando o conteúdo de um pequeno vidrinho em outro, gota a gota observando com a máxima atenção, fazendo com que o chegante lhe perguntasse o que estava "aprontando", só recebendo como resposta um "shiiishiiishiih...." de silencio, mostrando que o colega não queria parar o que estava fazendo sequer para lhe informar o por que daquilo.
Tendo ido tomar banho, quando retornou à sala, tendo o colega já concluido o seu meticuloso trabalho, Robertinho ouviu dele que, o que estava fazendo era contando quantas gotas de colirio cabiam naquele pequeno frasco do qual ele havia transposto para um outro identico, pois tendo que fazer uso daquela medicação diariamente, ele queria saber exatamente quanto que custava cada gota que pingava nos olhos.
Passado algum tempo, estando o auditor de novo sozinho na república, o Robertinho a ela adentra, e o vê com um olho fechado e o outro aberto, movendo a cabeça para baixo, rumo ao ombro esquerdo e voltando a posição normal e repetindo o gesto por uma porção de vezes. Quando ele parou com a aquela gesticulação o Robertinho o perguntou se estava fazendo !a dança do galo cego," pois nunca tinha visto aquele tipo de coisa antes, no que o colega lhe respondeu: " você se lembra de quando eu contei as gotas do meu colirio, para ver quanto custava cada uma? pois é, se eu não faço aquele balançar que você viu ainda agora, eu teria perdido R$ 0,18(dezoito centavos) pois ao fazer o meu uso diário, uma gotinha caiu fora dos olhos e então fiz aquele contorcionismo todo mas, felizmente consegui leva-la pra dentro do olho. Você sabe Robertinho, dinheiro não está fácil, né?"

José Domingos

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

QUEM É ESSE TOTA?


Segundo o Ewaldo Ferreira Junior, esse “causo” aconteceu em um pequeno município, perto de Iporá, lhe tendo sido relatado por um espectador que á época trabalhava no serviço burocrático da prefeitura onde tudo se passou.
Sabemos que o eleitorado brasileiro, quase na sua totalidade, com maior predominância para locais onde todos se conhecem uns aos outros, vota em razão de favores ou de pedidos pessoais, assim a qualidade, a capacidade para exercer o cargo que disputa, não sendo observado, mais valendo as boas relações e os favores prestados. E, por isso mesmo, em determinado município foi eleito como prefeito o Zoca da Mariquinha, pessoa afável, amiga e prestativa, sempre disposta a ajudar quem isso lhe solicitasse embora, como alguns identificam os analfabetos, não soubesse fazer o “o” com o fundo de um garrafa, mas pelas boas relações sociais, conseguiu uma memorável vitória contra um letrado figurão local.
Depois que assumiu, passados alguns meses, o servidor que narrou esse fato ao Ewaldo, disse que vinha reparando que o Zoca, todos os meses ficava um longo tempo “namorando” a reduzida relação que continha a folha de pagamentos de todos os servidores, nela é claro, a encabeçar, vinha o nome dele, já que era a mais alta autoridade do município, eleito que fora, para dele ser o alcaide durante quatro anos.
Aconteceu que depois de um certo período sempre se dando esse tipo de análise minuciosa por parte do Zoca, ele que já estava conseguindo juntar algumas letras e traduzi-las como palavras no seu parco vocabulário, chamou o seu faz-de-tudo(chefe de gabinete, secretário e tesoureiro) e o interpelou até com uma certa rispidez: “seu Antonio, eu sempre soube que em qualquer municipio é o prefeito que ganha mais. Aqui além de ter alguém na folha que eu não conheço, que deve ter sido contratado pelas minhas costas, ainda ganha muito mais do que eu? Como o senhor me explica esse fato?” ;
Bastante surpreso, Antonio que conhecia bem todo o funcionamento da prefeitura, apanha a folha de pagamento, olha daqui, olha dali e não vê qualquer anormalidade, porém prudentemente ele pergunta ao prefeito: “Uai seu Zoca, eu não estou vendo ninguém de diferente aqui e que também ganhe salário maior do que o do senhor”.
O prefeito então, talvez para mostrar que tinha evoluido e que portanto já estava conseguindo ler, aponta o dedo para a relação e exclama: “ o senhor então pode me explicar quem que é esse Tota que ganha muito mais do que eu?”. Antonio pode então perceber que onde estava o valor de todos os pagamentos, portanto; total, o prefeito lia sem a última letra, como se fosse um nome proprio, "Tota", portanto vindo daí toda a preocupação dele.

José Domingos

terça-feira, 26 de outubro de 2010

QUEBRANDO AS INSTALAÇÕES DA FILIAL


No nosso meio, talvez em razão de se passar longas temporadas longe de casa, embora isso não se justifique, faz com que muitos integrantes do quadro, coloquem as “unhinhas” de fora, e lá fora, deem os seus “pulinhos fora”.
Assim foi com um nosso colega, hoje já aposentado, que tendo sido designado para trabalhar em Catalão, depois de algum tempo, notou que uma mulher, colega de trabalho, desimpedida, estava lhe dando bolas, embora no começo ele se sentisse impedido, pois por ser casado, sentia algum remorso de trair a mãe dos seus filhos e fiel companheira. Com o passar do tempo e continuando o flerte ele se entrega a atração que, logo se transforma em amancebamento, com ele tendo montado casa mobiliada para a nova companheira e filial. Como é comum nesses casos, o assunto extrapolou os limites das terras catalanas e aqui ecoando nos ouvidos de sua esposa que, após várias informações um dia resolveu tirar a limpo a história que tinha nome e endereço completo. Como a casa da amancebada era perto da delegacia fiscal, o colega guardava o seu carro no estacionamento da repartição e se dirigia a pé, para os momentos de prazer nos braços da amante. Portanto, enquanto a sua paixão estava em um supermercado próximo, lá estava ele indolentemente balançando numa rede na varanda quando, ao longe, viu apontar um carro que logo identificou como o da sua esposa. Mais do que depressa, sorrateiramente, se esgueirou para dentro de casa e se refugiou debaixo da cama.
Estacionando o carro à porta, após muito chamar, a esposa do colega foi adentrando à casa e, na sala, se deparando com muitas fotografias do seu marido nos braços da amante, fazendo com que enfurecida promovesse um verdadeiro quebra-quebra de televisor, sofá, aparelho de som, pratos, cadeiras, enfim quase nada tem sido deixado inteiro no local, e ele, encolhido debaixo da cama, torcendo para que ele não o descobrisse, o que realmente não se deu. Após feito o “serviço” não tendo localizado o colega, sua esposa retornou para Goiânia e só após muito tempo é que ele, ressabiado se aluiu de debaixo da cama, tendo que encarar os muitos vizinhos que se achavam à porta, curiosos, olhando os estragos promovidos pela sua companheira oficial.
Se a situação foi totalmente contornada em casa não se sabe, porém o fato é que ele pediu transferência de Catalão e lá não mais retornou, antes de sua saída, porém tendo tido o cuidado de pedir que se removesse um banco por ele doado, que assentado numa praça próxima da casa onde viveu quentes momentos, identificava o doador, em seu encosto, em grandes letras : “um oferecimento à comunidade, de fulano de tal e esposa” , o que, por certo, não se referia àquela que um dia o acompanhara até ao altar, com mútuas promessas de fidelidade e amor eterno, e sim à teuda e manteuda que, por um bom tempo, o acolheu e o aqueceu entre seus braços.
José Domingos

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

GALINHA-D'ANGOLA NO ALMOÇO.


Assuntos de sovinices são sempre temas divertidos, sendo que sobre isso versa hoje o nosso “causo”, narrado pelo colega Rogerio Gomes, que dele foi protagonista.
Estando aquele atuando quase que como substituto oficial dos chefes de agenfas da região, lá estava ele respondendo pela repartição de Quirinopolis, sendo que a mesma possuia, aos fundos uma instalação de dormitório e também cozinha, espaço que era utilizado não só por ele que estava cobrindo as férias do titular, mas também pelos colegas que atuavam no comando fiscal quando de passagem pela localidade.
Assim um certo dia, logo de manhã, um colega de nome Geraldo, cuja pão duragem era por deveras conhecida na região, o procurou e lhe disse que ele mesmo iria fazer o almoço para a dupla que estava no comando volante e que o Rogério também almoçasse com eles, não sem antes já fazer a observação que a despesa seria rachada entre os três. Lá pelas dez horas e meia da manhã, Rogério teve que ir à cozinha lá se deparando com um monte de penas de galinha d'angola espalhadas pela pia, e um forte odor desagradável de carne que já estava começando a entrar em processo de putefração, saindo imediatamente e retornando para a Agenfa. Um “tempinho” depois, e eis que o Geraldo aparece ali e lhe informa que o almoço já estava quase pronto, no que Rogério lhe respondeu que não iria almoçar, pois estava sem fome, isso fazendo com que o Geraldo lhe reclamasse que se não iria almoçar tudo bem, entretanto ele teria que arcar com a parte das despesas que lhe tocasse com o custo total da refeição, pois o prato principal (galináceo) custara caro. Rogério já ia concordar quando entra o outro colega de comando volante que estava de serviço com o Geraldo e diz: “ e aí Geraldo, aquela galinha d'angola que atropelamos ontem à noite, ainda está boa?, vai ou não servir ainda para o “rango” hoje?”. Diante disso, Rogério deu uma olhada atravessada para o colega, a cuja sovinice ele muito bem conhecia, embora aquele ainda tentasse levar “algum”, pois não se dando por vencido ainda argumentou: “uái Rogério a galinha vai lá, que não paguei nada por ela, mas e o meu trabalho de despenar e “desfatar a bicha”, não conta?, você bem que poderia me repor qualquer tanto, para o prejuizo não ficar muito grande.”.
José Domingos

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A GARAPA


Logo depois da conquista do tricampeonato brasileiro de futebol, os jogadores que integraram aquela seleção histórica, foram muito requisitados para os mais diversos comerciais, fossem eles de rádio, televisão, jornais, revistas, etc. Nessa onda, o jogador Gerson atuou numa propaganda de um cigarro chamado vila rica, sendo que no seu final, ele assim dizia: vila rica, o cigarro de quem quer levar vantagem em tudo. Tão logo esse comercial passou a ser veiculado, os brasileiros com o seu espirito de gozador nato, passaram a chamar também assim, de vila rica, aqueles que queriam sempre se sair melhor que os outros, com vantagens pessoais.
Conforme nos contou o colega Ewaldo Ferreira, ao trabalhar na delegacia fiscal de Iporá ele ficou conhecendo um colega de nome Sebastião, cujo apelido até então era “Eu primeiro”, que tem muita proximidade com o apelido de vila rica, pois advinha de coisas parecidas, pois sempre que uma situação parecia favorecer a quem estivesse na frente, ele logo gritava: eu primeiro., assim o Ewaldo e outros só o chamavam de Tião Vila Rica, o que com o passar dos tempos substituiu o “Eu primeiro”, pois os colegas só se referiam a ele com o novo apelido.
Certa Feita lá estava Ewaldo e Tião Vila Rica em trabalho de comando volante em Aragarças quando, em virtude do grande calor, pararam numa barraquinha e cada um pediu um copo de caldo de cana, que era servido bem gelado. Antes de serem atendidos, contrariando o apelido anterior, Tião Vila Rica disse, “pode servir primeiro para o meu colega, pois eu gosto de beber garapa em copo de alumínio”, apontando para umas canecas enormes que estavam em uma prateleira. Servido o Ewaldo, o barraqueiro apanha a caneca na prateleira, a coloca na pia e despeja o caldo de cana, que logo entorna e escorre bastante pelas bordas da vasilha, sumindo no sorvedouro da pia. Ewaldo e todos os que se achavam em mesas ali próximas e tinham ouvido o pedido, não conseguiram esconder o sorriso, pois perceberam que na afoiteza e ambição de Tião Vila Rica, ele havia pedido para ser servido por último e na caneca, de ambição e com isso esperando que nela coubesse toda a garapa restante, não tendo observado ele que tais vasilhas embora pareçam grandes, cabem pouco produto, pois a sua maior dimensão é para conservar mais gelado o que dentro dela se coloca.
Tendo sorvido calado o que fora pedido, ao sair dali, Tião foi perguntado pelo Ewaldo o que havia achado da garapa, só recebendo um lacônico” “tava boa”, não se delongando mais e logo puxando outro assunto.
José Domingos


Logo depois da conquista do tricampeonato brasileiro de futebol, os jogadores que integraram aquela seleção histórica, foram muito requisitados para os mais diversos comerciais, fossem eles de rádio, televisão, jornais, revistas, etc. Nessa onda, o jogador Gerson atuou numa propaganda de um cigarro chamado vila rica, sendo que no seu final, ele assim dizia: vila rica, o cigarro de quem quer levar vantagem em tudo. Tão logo esse comercial passou a ser veiculado, os brasileiros com o seu espirito de gozador nato, passaram a chamar também assim, de vila rica, aqueles que queriam sempre se sair melhor que os outros, com vantagens pessoais.
Conforme nos contou o colega Ewaldo Ferreira, ao trabalhar na delegacia fiscal de Iporá ele ficou conhecendo um colega de nome Sebastião, cujo apelido até então era “Eu primeiro”, que tem muita proximidade com o apelido de vila rica, pois advinha de coisas parecidas, pois sempre que uma situação parecia favorecer a quem estivesse na frente, ele logo gritava: eu primeiro., assim o Ewaldo e outros só o chamavam de Tião Vila Rica, o que com o passar dos tempos substituiu o “Eu primeiro”, pois os colegas só se referiam a ele com o novo apelido.
Certa Feita lá estava Ewaldo e Tião Vila Rica em trabalho de comando volante em Aragarças quando, em virtude do grande calor, pararam numa barraquinha e cada um pediu um copo de caldo de cana, que era servido bem gelado. Antes de serem atendidos, contrariando o apelido anterior, Tião Vila Rica disse, “pode servir primeiro para o meu colega, pois eu gosto de beber garapa em copo de alumínio”, apontando para umas canecas enormes que estavam em uma prateleira. Servido o Ewaldo, o barraqueiro apanha a caneca na prateleira, a coloca na pia e despeja o caldo de cana, que logo entorna e escorre bastante pelas bordas da vasilha, sumindo no sorvedouro da pia. Ewaldo e todos os que se achavam em mesas ali próximas e tinham ouvido o pedido, não conseguiram esconder o sorriso, pois perceberam que na afoiteza e ambição de Tião Vila Rica, ele havia pedido para ser servido por último e na caneca, de ambição e com isso esperando que nela coubesse toda a garapa restante, não tendo observado ele que tais vasilhas embora pareçam grandes, cabem pouco produto, pois a sua maior dimensão é para conservar mais gelado o que dentro dela se coloca.
Tendo sorvido calado o que fora pedido, ao sair dali, Tião foi perguntado pelo Ewaldo o que havia achado da garapa, só recebendo um lacônico” “tava boa”, não se delongando mais e logo puxando outro assunto.
José Domingos

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

É CARBONO E NÃO CARBONE!!

Na década de noventa existia no time de futebol do Botafogo do Rio de Janeiro, um jogador conhecido como Carbone, titular daquela equipe que já teve entre os seus grandes ídolos o Mané Garrincha, craque de pernas tortas que, praticamente sozinho, foi o responsável pelo bicampeonato mundial de futebol conquistado pelo escrete canarinho em 1962 no Chile, já que Pelé se machucou, salvo engano, já no segundo jogo e não mais atuou naquela copa.
Pois bem, introdução feita, que tem a ver com o nosso “causo”, vamos a ele. O colega Roberto Costa e Silva Junior havia sido, por solicitação pessoal, colocado à disposição de uma secretaria estadual tendo ele, como superior imediato, o funcionário conhecido pelo apelido que também tem o time que ele torcia, o Atlético Goianiense, portanto sendo conhecido por Dragão, pessoa bem arrogante e autoritária. Certa feita aquele chefe chamou o Roberto e lhe disse: “Robertinho faça uma requisição de carbone para mim”, no que foi atendido de pronto, vez que, mais do que depressa o Roberto se dirigiu a uma máquina datilográfica e se pos a datilografar, fazendo com que Dragão passe para lá e para cá, observando-o e por fim o interpelando:” Uai Robertinho, se você não sabe, existe uma formulário próprio para fazer requisição de material, inclusive de carbone”, obtendo então a resposta por parte do Roberto: “ olha Dragão, com o formulário que existe, se pode requisitar carbono. Agora para o Carbone, estou fazendo um oficio para ver se o Botafogo libera o jogador para você, pois é o único que conheço com esse denominação”. Foi uma vermelhidão só no rosto do Dragão, sendo que, já no outro dia, o Roberto se achava trabalhando no seu órgão de origem, pois foi devolvido imediatamente, mas por certo o seu ex-chefe jamais se esqueceu como requerer carbono.

José Domingos

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

TEM QUE TOMAR TODDY MENINO!!


O nosso colega Divino José, que atualmente se acha em gozo de uma bem merecida licença premio, é um emérito contar de histórias já tendo nos brindado com muitas delas que só não foram ainda narradas aqui, pois estão pendentes de uma confirmação por parte dele.
O “causo” que é hoje contado, já tinha sido ouvido dele uma certa vez, porém o colega Roberto Costa e Silva Junior, ontem, fez a repetição do mesmo, com todos os detalhes que já haviam sido relatados pelo Divino José, portanto merecedores de crédito, já que se tratam de duas figuras sérias, portanto muito respeitadas no nosso meio.
Um auditor fiscal, casado, portanto está sendo omitido o seu nome, do alto do seu um metro e setenta e cinco e cinquenta quilos de peso, bem magricela portanto, vinha se sentindo alvo de constantes olhares de uma mulher jovem, bonita tanto de rosto quanto de corpo, moradora bem próxima da agenfa onde ele trabalhava, sendo que a constância desse observar o levou a, diariamente cumprimenta-la e ser correspondido, sempre que por ela passava. Desse conhecimento logo nasceu um série de conversas entabuladas sobre os mais diversos assuntos, e o colega se achando cada vez mais galã, vez que ela o fitava como se estivesse lhe examinando, deixando o a cada dia mais ansioso por um convite que logo veio: “será que você não quer vir aqui em casa hoje à noite? Pode ser lá pelas sete horas”, convite feito, convite de pronto aceito, tendo ele se preparado de forma caprichada para o encontro, tanto que vinte minutos antes do horário aprazado e lá já estava ele, bem barbeado e perfumado à porta da residencia da mulher que, de pronto o convidou para entrar e se sentar no sofá, ao mesmo tempo que lhe propôs: “você não quer ficar mais a vontade e tirar a camisa, enquanto vou lá dentro?”, mais do que depressa ele assim o fez, ficando com o franzino tórax desnudo, enquanto ele adentrou para um dos cômodos da casa, logo retornando com duas crianças que com olhares arregalados o fitava, tendo ela, para a surpresa e decepção do colega assim se dirigido aos dois filhos:” Vocês estão vendo, eu já lhes disse, se vocês não tomarem toddy vocês vão virar um esqueleto que nem esse aí. Viram?”. Enquanto o colega mais do que depressa se enfiava na camisa já quase que correndo rumo à porta de saída, ainda escutou um dos moleques num berreiro, falando com a mãe: “Não mamãe, pode deixar mamãe. Eu não quero ficar feio que nem aquele ali não, pode trazer o toddy que eu tomo. Traz agora mãe, eu quero!”
José Domingos

terça-feira, 19 de outubro de 2010

DE TERNO E GRAVATA!


O clima de forte calor que assola as regiões norte, nordeste e centro oeste brasileiras, e que em Goiânia não é diferente, faz com que tenhamos de trabalhar sempre com os aparelhos de ar condicionado ligados e no máximo, caso contrário nos sentiríamos numa verdadeira estufa e suando por todos os poros.
Por isso, não obstante muitos burocratas goianos se enfatiotarem de terno diariamente para suas lidas diárias, o bom senso faz com que a maioria prefira trajar roupas mais leves durante quase todo o ano, ficando assim mais condizente com as altas temperaturas enfrentadas no cotidiano goianiense.
Por isso qual não foi a nossa surpresa na semana passada, ao adentrar pela porta da repartição, uma figura que só com muita dificuldade conseguimos identificar, pois de terno e gravata, cabelo penteados, quem estava chegando para trabalhar nos “trinques”, tudo isso encimando impecáveis sapatos pretos, era o Brasil Gondim Vieira que, tradicionalmente, se veste de forma bem despojada, nos levando a, estupefatos, lhe questionar o por que de tudo aquilo, no que fomos informados: “ estou fiscalizando uma empresa que tem vários fornecedores paulistas e como preciso telefonar para eles em São Paulo, não quero fazer feio. Vocês sabem como é né?, aquela “paulistaiada” gosta de só andar vestida de terno e gravata e como não quero fazer feio, nem por telefone, também vim bem vestido. Vocês não acham que estou certo?”
José Domingos

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

OS GATOS ENFASTIADOS


Esse “causo” de hoje me foi narrado pelo colega Rogério Gomes, já tendo se dado a muito tempo, porém o acontecimento divertido nunca lhe saiu da memória, pois dele fez um relato minucioso, mostrando que se lembra até de pequenos detalhes.
O seu pai, advogado e também fazendeiro no município de Paraúna , era conhecido por todos da região como doutor Floriano, sendo bastante amigo de todos os vizinhos que, volta e meia a ele sempre recorriam para buscar algum tipo de conselho ou mesmo, trocar “meio dedo” de prosa.
Certo dia o doutor Floriano fez uma visita a João César, que tendo colhido uma boa safra, obtida em uma roça de touco, tivera que armazenar a sua produção em um rancho de palha próximo ao local da colheita e que, segundo todos os vizinhos soube, tivera sérios problemas com os ratos que fizeram festa nos sacos de arroz guardados no rancho.
Lá estavam eles na ampla cozinha da propriedade de João César, sentados à beira de enorme mesa saboreando um cafezinho recém coado, sendo que espalhados pelos cantos do recinto mais de meia dúzia de gatos, se encontravam indolentemente deitados. Conversa vai, conversa vem, o assunto descambou para o rumo de colheitas, no que o João César foi assim perguntado pelo visitante:”por falar nisso João, você já resolve o problema dos ratos que estavam desbastando o seu arroz lá no rancho?”, obtendo como resposta: “nem me fale nisso doutor Floriano, essa palavra, o senhor me desculpe, não pode aqui ser pronunciada, todos os meus gatos ficam enfastiados, pois eu os desloquei lá para o rancho e fizeram verdadeiros banquetes dos "bichinhos" que por lá existiam. Assim quando ela aqui é pronunciada, os gatos chegam até a vomitar, de tanto enjoo.”. Segundo afirma o Rogério, o fato é que o seu pai presenciou os gatos fazendo careta e saíndo do recinto, com ares de que estavam mesmo enfastiados.
José Domingos

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ELA É SUA ESPOSA?


Esse “causo” me foi contado pelo colega Luis Alberto Pereira, chegado até ele por um dos participantes da pescaria. Como é costume de muita gente, a cada mês de maio, em preparativos para o mês de julho, diversos colegas se reuniram mais uma vez para programar uma pescaria às margens do inigualável rio Araguaia.
As brancas e extensas praias do nosso litoral de agua doce, de muitos deles povoam sempre os sonhos entre um passeio e o próximo, no ano seguinte, daí as reuniões serem bem movimentadas e alegres . Fazia se uma anotação daqui, outra dali, coloca isso, tira isso da lista, quando alguém se lembrou: “ nós bem que poderíamos levar o “Tião Gogó” para alegrar um pouco o acampamento com suas graças”. Pondera um, pondera outro, quanto à conveniência ou não de levar o colega de trabalho que era conhecido por tal apelido, sendo uma das maiores preocupações a de que ele, por falar muito, às vezes ficava inoportuno, mas no final se optou por leva-lo, não que, sem antes o advertisse para ser comedido nas suas falas.
No principiar do mês, e lá já estavam eles, acampamento pronto, farra, cantorias e muita alegria, já se passara a metade do prazo fixado para o passeio (duas semanas), quando, no sábado os pescadores foram surpreendidos com um barco que estava à deriva no rio e os seus dois ocupantes, lhes tendo pedido ajuda, que pronta foi oferecida e o barco foi rebocado para a praia.
Para a surpresa de todos, se tratava de um famoso galã de novelas da rede globo, em companhia de uma mulher, sendo que os dois estavam em um acampamento quinze quilometros abaixo de onde agora se achavam e, que tendo subido o rio, na volta o barco apresentou problemas. De pronto fez se uma grande roda em volta dos dois e era só tietagem explicita, principalmente das mulheres, querendo saber detalhes da vida do ator. Eis que, um dos nossos colegas, percebendo uma total mudez de “Tião Gogó”, e até mesmo condoído por que haviam lhe recomendado que fosse comedido, resolve lhe puxar a lingua e pergunta: “E aí Tião, você não tem nada para falar com o moço da globo?” Fez se silencio, pois todos esperaram então mais uma das hilárias intervenções de “Tião Gogó” que se levanta, olha fixamente para o belo e bem apanhado ator de televisão, dá uma boa mirada na sua acompanhante, pessoa comum sem maiores atrativos e dispara:”Ela é sua esposa?”, tendo recebido uma resposta afirmativa, Tião Gogó então complementa: “ Pro seu naipe ela é bem fraquinha, não?”.

José Domingos

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

ZÉ QUEROZENE


Durante a campanha de 1996 para prefeitos e vereadores, quando eu estava concluindo mandato de vereador na cidade de Goiás, não sendo candidado à re-eleição, fui convidado e participei, discursando em comícios não só no meu município, mas também nos mais próximos, tendo num deles acontecido o que hoje centraliza o nosso “causo”.
O local escolhido e previamente preparado, era bem iluminado, num largo de um distrito perto de Goiás, estando bastante cheio pois, á falta de atrações maiores que poucas já eram por ali, o comício da noite prometia quebrar a pacata rotina do povoado.
O palanque era um caminhão estacionado de travesso, de forma que a sua carroceria abrigasse e destacasse para o público todos que a ela tivessem acesso. Porém antes que isso se desse, os que iriam compor o grupo de oradores(candidatos e convidados) se postaram por detrás do caminhão e litros e mais litros de aguardente, quase sempre a velha, conhecida e usada pinga 51, eram secados com rapidez, o líquido sendo sorvido com sofreguidão, no gargalo, o litro passando de mão em mão, muitas vezes sequer dando para uma rodada completa. Está aí, o combustível que vigoriza a muitos candidatos que, inibidos, timidos no dia a dia, no palanque discursam e vociferam tal e qual alguns oradores que encantam as multidões.
Todos já tendo subido ao palanque, o “mestre de cerimonia” a medida que chamava candidatos aleatoriamente, sem qualquer organização prévia, sempre cochichava no ouvido de cada um que fosse breve. Para a pompa e magnitude da ocasião, escolheram para esse papel de destaque, de dirigir o evento, um filho da localidade que havia se mudado para Goiania onde estudava. Cioso da importância do que estava fazendo e querendo mostrar intimidade e conhecimento com todos, àqueles de quem não sabia o nome, buscara se informar antes, por isso ao chamar um dos pleiteantes ao legislativo municipal da localidade, utilizou o seu apelido, já que fora assim que lhe disseram(por gozação), embora não soubesse ele, que o cidadão abominava tal tratamento: “convido agora para fazer uso da palavra o candidato a vereador Zé Querozene!”, a plateia , cuja maioria conhecia a ojeriza daquele pelo apelido, ficou em silencio olhando estupefata e aguardando o desdobrar dos acontecimentos. O candidato que por detrás do caminhão antes do comício, fora um dos mais hábeis na tarefa de levar o litro de 51 à boca, e cujo apelido nada mais era do que uma alusão a tal hábito, encarou o animador do evento e disse ao microfone : “ o meu nome é José Benevides, Zé Querozene é a puta que te pariu!”. Ante tal pronunciamento partiu uma sonora vaia do publico, no que “Zé Querozene” ainda de microfone em punho, bastante irado, vociferou: “vocês acharam ruim? Então vão junto com ele, a puta que pariu!”, assim não foi mais possível o candidato discursar, pois apupado por longos minutos seguidos, desceu enfurecido do palanque e se retirando do local. Abertas as urnas daquela eleição, tive a curiosidade de saber quantos votos tinha obtido o senhor José Benevides, dito e conhecido por "Zé Querozene", constatando que as suas pretensões haviam ficado em apenas seis votos, pois esse foi o número de pessoas que o escolheram, por certo os seus parentes mais próximos.

José Domingos

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

OS DOIS COM "CÉSSO"


Como todos conhecem, ou quem sabe já tenham pelo menos ouvido falar, algumas maneiras de tratamento se consolidaram ao longo dos tempos, num linguajar totalmente peculiar a uma região, assim o “uai” e “trem bão” são tipicamente mineiros, o “tchê” e “bah” gaúchos, e por ai vai.
Como alguns retratam aos mineiros como baianos cansados, e aos goianos como mineiros na mesma situação, somos uma mistura de gente e de raças, devemos ter absorvido características várias que vieram a se incorporar ao nosso cotidiano.
E é, desse falar com tipicidade regional aqui explicado, é que narramos o nosso “causo” de hoje, mais divertido em razão do linguajar nele empregado. Quem conhece o termo sabe que se refere a tique nervoso, mania, hábito, gesto, ou mesmo expressão corporal repetitiva, à qual se convencionou, para muitos, de se chamar de “césso”.
E foi assim, um encontro de duas pessoas cada um com um “césso”: o auditor a quem preferimos não nominar, com o seu de balançar a cabeça para um lado e para o outro, como se estivesse de tudo discordando, e um motorista cujo “césso” era de balançar a cabeça só que para cima e para baixo como se tivesse assentindo com tudo ao seu redor. Lá estava o auditor num posto fiscal e eis que chega o motorista e lhe entrega a nota da carga, confere daqui, olha dacolá, observa, sempre meneando a cabeça para a direita, para a esquerda, para a direita, para a esquerda, olhando fixamente na nota.No guichê, balançando a sua para baixo e para cima,ante a demora, o motorista já impaciente, desconhecendo ou não querendo admitir que também possuia um tique nervoso, só que em sentido contrário, brada: “ôh fiscal, tá tendo algum problema com a minha nota, ou esse seu “balangar” de cabeça é só um “césso?, desenrola ! Eu preciso seguir viagem. Vamos logo, pô!”
José Domingos

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

SABE QUE EU NÃO SEI?


De novo, o nosso “causo” retoma os assuntos de blitz, hoje já tão em desuso no nosso meio, dado os sistemas de acompanhamentos eletrônicos que facilitaram bastante a vida de todos os auditores, mas que há duas décadas passadas era bastante utilizado, pois não se dispunha de todo o aparato de apoio hoje existentes, e tínhamos mesmo era que buscar no trânsito, na conferencia manual/visual a arrecadação de impostos que os contribuintes tentavam sonegar.
Depois de uma exaustiva blitz móvel em que havíamos circulado por mais de quatrocentos quilômetros abordando veículos com cargas e com o dia já quase amanhecendo, nós todos que compúnhamos a equipe, paramos em uma lanchonete na cidade de Itaberai,para o desjejum matinal, pois nos achávamos “torados de fome”. O sargento Eduardo (hoje integrando o batalhão rodoviário estadual) que havia trabalhado a noite toda conosco, foi acercado de um bebado, que mesmo no seu alto estado etílico, quis fazer uma gracinha e deste jeito assim o interpelou: “Ô seu puliça, tá anoitecendo ou tá amanhecendo?”, como Eu estava bem perto, não pude deixar de rir e muito, da pronta resposta do sargento: “Olha moço, sinceramente, sabe que eu não sei?. Não sou daqui e estou chegando agora.”
José Domingos

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ASSOMBRANDO O DESASSOMBRADO


Algumas histórias sobre o sobrenatural, mesmo os mais incrédulos, senão amedrontados, ficam ao menos curiosos, em descobrir qual o fundo de verdade existente no que nos acostumamos a rotular de assombrações, fantasmas, almas penadas, etc.
As histórias com pormenorização de situações do gênero, trazendo muito suspense e medo, quase sempre se dão à noite, propiciando assim um clima em que o próprio negrume à nossa volta, dá o tom de suspense, pois quando as estamos ouvindo, nossos olhos sempre perscrutam a escuridão, buscando os milhares de segredos que o seu manto acoberta.
E foi uma experiencia que se iniciou assim, tendo se dado na república da delegacia fiscal de Pires do Rio, que até hoje permanece inexplicada,lá estavam,certa noite, PC, motorista, Roberto Costa e Silva Junior, Hazimu Takashima, o Minervino, o Max e outros colegas, e falava se de um e de outro caso sobrenatural, de todos eles um dos colegas fazendo troças e dizendo não acreditar nisso. Altas horas, já se anunciando quase a sobreposição do maior sobre o menor ponteiro do relogio da igreja da matriz. sitauda na praça principal da cidade, na qual se situava a república e todos se recolheram aos seus aposentos, um dos dormitórios contendo cinco camas, uma delas sendo ocupada pelo nosso colega “troçeiro” e desassustado. Desligada a luz e todos já haviam caído num bom sono e, de repente, o colega incrédulo se levanta e sai em disparada porta a fora , no terreiro se deparando com o PC que estava fumando, e que lhe perguntou o que estava acontecendo, obtendo como resposta:” rapaz, eu não duvido dessas coisas mais não!, por três vezes a minha coberta foi puxada de mim, sem que tivesse ninguém por perto!. De agora em diante se alguém contar essa histórias comigo junto, eu casco fora!”.
Agora o que não soube e ainda não sabia ele é que, pelo menos nessa situação que lhe ocorreu, tudo não passou de uma armação, já que os colegas prenderam um pequeno anzol (bem escondido) na sua coberta e tão logo ele começava a cochilar, iam lhe tirando-a lentamente, e quando ele firmava as suas bordas eles soltavam para depois recomeçar, deixando-o em pânico até que, por fim, saisse correndo totalmente apavorado, momento em que os autores da brincadeira foram lá e retiraram o anzol, não deixando vestigios do que aprontaram.

José Domingos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

TEM FEIJÃO NO MEIO DO MILHO !

Conforme muitas vezes já falamos em nossos "causos", é comum nos serviços de fiscalização especialmente no transito ( mais comumente em blitz noturnas, no intervalo entre a abordagem de um ou outro veiculo) a "companheirada" ficar contanto piadas ou aprontando algum tipo de gozação com os colegas. E foi assim que certa feita, lá estávamos, Eu, Antonio Martins, Paulo Assakazo, Julio Macedo e Silva e Sebastião Caetano de Araújo, cujo apelido era vaca brava( já falecido), pois servidor provido de uma grande disposição para o trabalho, era bastante atirado, dai lhe tendo vindo a alcunha, quando em altas horas parado um caminhão, conduzindo um carga acobertada por uma nota fiscal de milho, Julio Macedo pega um chuço e entregou para o vaca brava lhe pedindo para conferir se a carga estava de conformidade com a nota fiscal.
Tão logo retirou o instrumento manual que foi enfiado bem fundo no meio dos sacos, Tião vaca brava veio mais do que depressa, ja bradando: "tem feijão no meio do milho! tem feijão no meio do milho!, olha aqui!", de fato em suas mãos uma grande quantidade de grãos, sendo na sua maioria feijão com alguns poucos de milho. O motorista, estupefato, quase gaguejando afirmava e reafirmava que tinha visto ser carregada a carga e nela não continha nem um grão de feijão, enquanto isso, lá num canto Julio Macedo riu ás bandeiras despregadas com a situação, que logo foi esclarecida. Saber da afoiteza do colega Tião vaca brava, antes de sair para a blitz, o Julio havia colocado um punhado de grãos de feijão no bolso, aguardando que quando aparecesse uma carga de milho, ele colocasse os grãos no chuço e entregasse especialmente para o colega Tião para proceder a conferencia, daí advindo a confusão que logo foi desfeita, porém vindo a integrar o infindável rosário de "causos" se dado entre a nossa categoria.
José Domingos