sexta-feira, 26 de novembro de 2010

TÔ LÁ NA SAÍDA DE TRINDADE


Quando iniciamos os trabalhos no Fisco, nos idos de 1984/1985, fomos deslocados para todas as partes do Estado, distribuidos em turmas de oitenta integrantes por vez, lotando e bastante as delegacias fiscais do interior, embora naqueles tempos, o hoje estado do Tocantins ainda fizesse parte do território goiano, portanto tendo muito espaço para acomodação da leva de seiscentos novos integrantes do quadro.
Aos poucos, com um maior acomodamento, boa parte foi sendo absorvida aqui mais por perto da capital, com um grande contingente de fiscais trabalhando nas dezenas de equipes de comandos volantes que atuavam na chamada grande Goiania, sendo que naqueles tempos o mais usado meio de contato/comunicação se dava através de rádio, com uma central operando vinte quatro horas, de maneira ininterrupta na sede da delegacia fiscal, então localizada em acanhadas instalações onde hoje se acha situado o CAT – Conselho Administrativo Tributário, embora todos fossem imbuídos de grande comprometimento com o trabalho, existia uma grande rigidez quanto ao controle dos fiscais em serviço.
Certa feita estava eu e o colega, que à época assinava e fora aprovado como Demerval Birajara Meneguel Mundo, com tal nome tendo sido o orador na posse da nossa turma, e que hoje legalmente assina outro nome, o seu de batismo e registro numa longa história da qual ele não faz questão de relembrar, pois adotou um nome de outro para fugir da ditadura militar, quando com o rádio ligado, escutamos a central chamando um colega, sendo que este tão logo respondeu, ouvimos nitidamente a conhecida vinheta/chamada da TV Globo, o famosíssimo “plim-plim” e aquele perguntado onde estava naquele momento assim respondeu: “ Tô lá na saída de Trindade. Ôpa, tô aqui na saída de Trindade”. Tal diálogo mantido pelo rádio foi ouvido por dezenas de colegas que estavam trabalhando no comando volante e nos postos fiscais das entradas/saidas de Goiania, tendo por um longo tempo, sido motivo de muitas chacotas com o colega que a alguns revelou que o “plim-plim” denunciador era por que ele se achava tranquilo, refastelado no sofá da sala de sua casa, com as janelas abertas e a viatura na garagem e quando correu para atender o rádio, naquele momento a televisão contribuiu para provocar toda a confusão e ao invés de dizer, na sua mentira “tô” aqui na saída de Trindade, proferiu um "tô" lá....”

José Domingos

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O MENINO XERETA

Conforme me narrou a Lucy Mary de Assis, com quem tive o grande prazer de trabalhar quando estávamos na delegacia fiscal de Goiás, esse acontecimento se deu com os nossos colegas de Goiás, e que até hoje ainda se encontram em exercício por lá, Ruideberto e Rogerio Rezende, que foi aprovado no Fisco em 1998 quando estava ainda adentrando na idade mínima para tanto, que era de dezoito anos.
Segundo nos contou a Lucy, após uma denúncia anonima, de que haveria um grande depósito de cereais em situação irregular na cidade de Itapirapuã, Ruideberto e Rogério foram designados para proceder tal verificação. Depois de ficarem pelas proximidades, como quem não quer nada, pois o estabelecimento estava fechado, viram ele se abrir quando parou uma carreta para descarregar um carga de sacas de feijão, os quais eram em número de quinhentos volumes, e estavam desacompanhados de qualquer documento fiscal exigido para aquela operação. Feita a abordagem o motorista e os chapas só diziam que haviam recebido ordem para descarregar a carga naquele local, onde verificaram existiam para lá de dois mil sacas de feijão que, certamente, também não possuíam o documento fiscal necessário.
Nessas ocasiões, num jogo de gato e rato, muito vezes o dono está até ali no meio dos curiosos que se juntam para ver a ação, mas ninguém costuma falar nada, esperando ver se o proprietário consegue de alguma forma se safar da multa, o que naquele dia também aconteceu, e embora o Ruideberto e o Rogério perguntasse a um e a outro, ninguém sabia de nada, bem, isso só até os dois auditores começaram "arredar" os volumes de feijão que estavam dentro do estabelecimento, pois tão logo começaram, uma criança de uns sete anos que estava ao lado do pai, começou a atirar pequenos pedregulhos nos dois, dizendo: “ôcêis larga de mexê nas coisas do meu pai, ôcêis larga de mexê nas coisas do meu pai!”, fazendo com que o pai dele, bastante brabo dissesse ao Rogério e ao Rui: “é, agora que esse moleque deu com a língua nos dentes, não tem mais jeito, toda essa mercadoria é minha mesma. Eu vou ter que pagar a multa, mas que eu vou dar uma "pêia" grande nesse moleque, ah, isso vou!, prá ele largar de ficar enxeretando com coisas de gente grande. Lá em casa ele não me escapa, ele pode aguardar ”.

José Domingos

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A CRIAÇÃO DE ESCARGÔ


Sendo a classe fiscal, senão das melhores, mas situada entre as que quase estão no topo no quesito salarial, não raras vezes seus membros são procurados com propostas de negócios às vezes para lá de mirabolantes. E foi assim que um certo colega nosso, possuidor de uma chácara lá para as bandas do Aldeia do Vale, numa época foi procurado por alguns emissários paulistas, interessados em lhe propor a venda de matrizes de escargôs (moluscos comestíveis, cuja designação em francês é escargot, mas que o dicionário aurelio o trata em português conforme o fiz, uma iguaria culinária muito comum na Europa, das mais chiques e caras), fazendo uma grande propaganda, principalmente dos fabulosos e rápidos lucros, que viriam de “montão”com a criação dos “bichinhos”, em curtíssimo espaço de tempo , pelo fornecimento aos restaurantes goianienses e também no envio a outros estados, quiçá, logo logo, também com a exportação para outros países.
Deslumbrado e visibilizando ganhar dinheiro fácil, segundo nos contou a fonte que não quis ser identificada( também colega do fisco), o fiscal/chacareiro sacou todas as suas economias de uma vida, depositada em uma caderneta de poupança, beirando a mais de cinquenta mil reais e cega e honestamente repassou para os fornecedores dos tais moluscos que, no máximo em um mês lhe entregaram algumas centenas de matrizes que afiançaram ser do mais pura origem de escargots vinda da França, portanto, da mais alta qualidade.
Quanto aos lucros nunca vieram, agora quanto à reprodução e proliferação, essas se deram em poucos dias, pois logo o seu tanque de criação, previamente preparado estava “supitando” de crias que avançaram para outras chácaras vizinhas, com isso provocando o maior rebu, pois na realidade os falsários que haviam negociado com o auditor fiscal, lhe entregara fora milhares de caramujos africanos, praga que até hoje ainda alastra pelas cercanias da propriedade rural/urbana do colega, que só a muito custo, não teve todas as suas instalações depredadas pela fúria dos seus confrontantes, que tão logo souberam partir dali a praga que assolava a tudo e a todos, queriam mais era “partir” a cara de quem era o responsável toda aquela confusão.

José Domingos

terça-feira, 23 de novembro de 2010

PARADA INCONVENIENTE

O nosso colega Divino José, um verdadeiro arquivo vivo de um sem número de histórias interessantes, sempre que procurado, tem um novo “causo” a nos contar.
Conta ele que quando trabalhava na delegacia fiscal de Iporá, onde esteve por um longo tempo, fez dupla em trabalho de auditoria com os mais diversos colegas, cada um deles tendo uma peculiaridade, o que é mais do que normal, pois isso é inerente ao ser humano, de cada um ter especificidades que os diferem dos demais. Assim ele conta que já trabalhou com quase todos os tipos que compoem os famosos sete anões da fábula da Branca de Neve, ou seja com fanfarrões, com zangões, com alguns que só não eram mudos pois respondiam monossilabicamente, isso se perguntados; e também alguns de hábitos diferenciados, como um que só gostava de fazer as suas necessidades fisiológicas no mato, por isso, quando estavam viajando o Divino José já tinha certeza que mais horas, menos horas, ele seria solicitado a parar a viatura para que o colega se desapertasse debaixo de alguma frondosa sombra à beira da estrada.
Certa feita após concluirem um trabalho de fiscalização de uma empresa de Montes Claros de Goiás, para lá se deslocaram os dois saídos de Iporá, para apresentar a conclusão do seu trabalho, com diversas autuações. Já enxergando a cidade de destino, o colega como lhe era de costume, vendo uma vasta vegetação composta de mamoneiras, nascidas no local onde era despejado o lixo da população monteclarense e, à falta de um local melhor, disse ao Divino que parasse o carro pois que ele precisava descarregar o que lhe ia pelo intestino, já que os sinais já se faziam notar com insistência.
Enquanto o colega seguiu apressadamente mamonal a dentro, o Divino José desceu da viatura e ficou por ali, observando o monturo de lixo, sendo que teve despertada a sua atenção, possuidor que é, de uma grande perspicácia e aptidão para a fiscalização, que do meio de alguns papéis sobressaia, nitidamente, uma nota fiscal de mercadoria destinada a empresa, que não deveria ali estar, pois teria que ter sido contabilizada e guardada. Se aproximando e apanhando o documento, qual não foi a sua surpresa ao ver que não era só uma, mas umas quarenta e, coincidência das coincidências, todas elas tendo como destinatária a empresa que eles haviam fiscalizado e para a qual estavam se dirigindo.
Ante o fato quando o colega retornou do seu desaperto e posto ciente da descoberta, dali mesmo retornaram e refizeram o trabalho acrescido agora das notas que haviam sido colhidas no lixão de Montes Claros, e quando concluíram finalmente o trabalho, mais uma vez rumaram para lá, sendo que desta feita não houve nenhuma parada na estrada.
Apresentada a conclusão e os autos de infração que haviam sido feitos, Divino José não se furtou a contar o acontecido, ressaltando que se não tivessem sido descobertas as notas jogadas lá no lixão, da outra vez que para lá se dirigiam, a multa teria sido menor, bem como o que os levou a fazer tal parada. O comerciante olhou fixamente para o outro fiscal, e no mais alto bom humor, assim se manifestou: “ Ô parada inconveniente, hein? É. O senhor que vai no mato prá defecar e a merda sobra é prá mim. Bonito, hein?”.

José Domingos

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

USURPANDO FUNÇÃO


O “causo” de hoje nos foi narrado pelo colega Alberto Alves Ferreira, que embora tenha identificado o protagonista, seu amigo de longa data, deixamos de nomina-lo, um auditor bastante qualificado e que sempre é chamado para as ações fiscais mais perigosas, uma vez que ele nunca se “lixou” para o perigo, estando sempre na linha de frente, dotado que é de intrépida iniciativa e a sua perspicácia sempre redundou em serviços da mais alta qualidade e produtividade.
Das nossas atividades funcionais, em algumas situações em que o contribuinte autuado decorre também em crimes contra a ordem tributária, invariavelmente o autor da ação fiscal é chamado para prestar depoimentos na delegacia especializada que a policia civil mantém dentro das próprias instalações da secretaria da fazenda, a DOT.
E assim esse nosso colega tendo feito mais uma de suas grandes ações fiscais, certo dia foi chamado naquela especializada, na qualidade de testemunha conforme ocorre sempre nesses casos, para prestar declarações que sempre clareiam e esclarecem o que foi feito, facilitando o entendimento e o trabalho da policia no respectivo inquérito.
Lá chegando o auditor se deparou com uma escrivã, que, ao que tudo indica era recém iniciada na atividade e, diante de sua insegurança, ele depoente assumiu o lugar dela em frente ao computador e se pôs a digitar o seu próprio depoimento.
Nesse instante adentrando um delegado que não o conhecia e notando o que ele estava fazendo, lhe disse de forma bem direta: “ eu não conheço o senhor, e estou vendo, ao que parece, que fazendo o que é de obrigação da escrivã, portanto, saia já daí ou eu irei lhe processar por usurpação de função”.
O arrojo e atiramento do colega que sempre se posicionou na linha de frente sempre que solicitado, segundo o Alberto esteve uns dias meio que em hibernação após esse fato, porém tendo voltado com todo o vigor decorrido algum tempo, mas desde então, sempre que convidado a comparecer na DOT ele o faz de forma bem retraída e tímida, esperando que toda e qualquer iniciativa seja da parte do escrivão que o atender, talvez por que o susto passado daquela outra vez não tenha ainda esfriado em sua memória.


José Domingos

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O PROTESTO DOS BOTEQUEIROS

Há umas duas décadas passadas, o trabalho de fiscalização ainda carecia de um aprimoramento, o que aliás deve ser constante em qualquer meio, desse modo quando constátavamos alguma irregularidade na situação de mercadorias, fazíamos a apreensão, sempre alegando como pretexto que era para comprovação da infração, embora o objetivo quase sempre, não divulgado, era o de assegurar o pagamento do auto de infração.
E assim, não poucas vezes a retenção de uma carga acontecia por dias seguidos, até que aparecesse algum responsável que ou quitasse o auto, ou devidamente cadastrado junto ao Estado de Goiás assinasse com responsável, para só então a mercadoria ser devidamente liberada.
Conta nos, José Cesar Gondim Melo que, por esses tempos, trabalhando no posto fiscal de Engenho das Lajes, ao receber, ele e mais cinco companheiros, a escala de serviços do plantão anterior, constava uma apreensão feita por um colega carioca, hoje não mais no Fisco goiano, pois foi aprovado em concurso na sua terra natal e para lá retornou, cuja mercadoria era subprodutos de abates bovinos,assim entendidos fatos, gorduras e outras partes não comestivéis, que na noite anterior fora detectada sendo transportada sem documentação fiscal. O motorista, não se sabe se de propósito, antes de tomar um rumo em busca de quem se responsabilizasse pela imposto que não fora recolhido e a multa disso decorrente, estacionara o caminhão o mais próximo possível dos guichês de atendimento do posto fiscal.
Por aqueles tempos as escalas eram de cinco dias ininterruptos, sendo que no primeiro, já no seu ocaso, uma pequena "catinguinha" começou a recender da carga, provocando incomodos, e no seguinte, depois do almoço o mau odor já estava quase que provocando naúseas e, nada
de aparecer o responsável para a devida liberação de tão indesejavel companhia.
O terceiro dia de serviço estava ainda começando a principiar, e foi um corre-corre na procura e querendo achar o número do telefone do colega autor da ação fiscal, para que viesse dar um jeito na carga que apreendera,nessas alturas não só os funcionários do posto já não estavam aguentando, mas também os proprietários de pequenos comercios instalados nas proximidades que surpreendendo aos servidores e motoristas que estavam por ali, fizeram uma manifestação de protesto com alguns cartazes em frente a repartição, pedindo que se desse um jeito naquela fedentina, o que se soube, só veio a ocorrer, depois que José Cesar e seus colegas de escala já havia vindo embora.
José Domingos

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O NOSSO COLEGA INVENTOR

No nosso meio fiscal existem as mais diversas personagens, alguns com inclinações para escritor, para cinesta, musico e também inventor, dos que se embrenharam nesse tipo de atividade eu trabalho com um deles na sala, Euclides Passarini, protagonista do nosso "causo" de hoje, num episódio em que estava experimentando um paraquedas por ele inventado cujo projeto, infelizmente, não foi levado adiante.
Antes de entrar propriamente no assunto, cabe aqui ressaltar que muitos já foram os experimentos e invenções pelas quais o Passarini já transitou, a sua totalidade não chegando à execução ou uso pleno, até mesmo por falta de condições financeiras, vez que a sua produção laboral/cientifica sempre foi mantida com recursos próprios.
Concluido o projeto, Passarini conseguiu chegar a um modelo de paraquedas, segundo ele nunca inventado e que teria capacidade para suportar uma carga de até trezentos quilos. De acordo comm as testemunhas oculares da experiencia, o nosso inventor alugou um pequeno monomotor que na decolagem precisou até mesmo de ser empurrado para "pegar no tranco", isso com ele já embarcado, segurando o paraquedas no qual fora colocado uma carga de duzentos quilos de pedras de médio porte, acomodadas em um saco de aniagem, todo motivado e esperançoso quanto ao resultado positivo com a sua invenção.
Depois de sacolejar, ratiante, o pequeno teco-teco levantou voo,alcançando os céus, tendo Passarini pedido ao piloto que se dirigisse para as imediações do parque ecológico Altamiro de Moura Pacheco, onde ele soltaria o invento, pois se houvesse falhas ou mesmo quando ele pousasse seria no mato, evitando assim qualquer acidente, pelo menos, erao que ele pensava. Não tendo o Passarini percebido que estava ventando bastante, após "brigar muito" com o saco de pedras atado no paraquedas, empurrando-o com os pés para que caisse, com isso friccionando bastante o envolucro , o paraquedas ganhou os ares e flutuou suavemente, deixando o inventor em extâse, porém o vento tocando o invento, pelos ares, para as bandas de Anapólis e ele pedindo ao piloto que o acompanhasse ligeiro.
Segundo os nossos colegas quando o paraquedas estava bem sobre a base aérea de anapólis, que abriga os caças mirage da força aérea brasileira, quis o destino que o saco se rompesse e as pedras começassem a cair sobre as instalações, provocando muito alvoroço, já que o comando e os demais militares ali sediados, num primeiro momento pensaram se tratar de um ataque, ante a chuva de pedras e já se postaram, armados para se defenderem.Se verdade ou não, o fato é que após essa tentativa, Passarini não mais falou nesse paraquedas, canalizando suas energias inventivas para outras experiencias, sendo que atualmente ele está muito envolvido é com a fumaça liquida, cujas propriedades de cura, estão sendo bastante alardeadas, inclusive por muitas pessoas que já fizeram uso dela em situações de emergencias, principalmente em casos de queimaduras.
José Domingos
No nosso meio fiscal existem as mais diversas personagens, alguns com inclinações para escritor, para cinesta, musico e também inventor, sendo que dos que se embrenharam nesse tipo de atividade eu trabalho com um deles na sala, Euclides Passarini, protagonista do nosso "causo" de hoje, num episódio em que estava experimentando um paraquedas por ele inventado cujo projeto, infelizmente, não foi levado adiante.
Antes de entrar propriamente no assunto, cabe aqui ressaltar que muitos já foram os experimentos e invenções pelas quais o Passarini já transitou, a sua totalidade não chegando à execução ou uso pleno, até mesmo por falta de condições financeiras, vez que a sua produção laboral/cientifica sempre foi mantida com recursos próprios.
Concluido o projeto, Passarini conseguiu chegar a um modelo de paraquedas, segundo ele nunca inventado e que teria capacidade para suportar uma carga de até trezentos quilos. Segundo testemunhas oculares da experiencia, o nosso inventor alugou um pequeno monomotor que na decolagem precisou até mesmo de ser empurrado para "pegar no tranco", isso com ele já embarcado, segurando o paraquedas no qual fora colocado uma carga de duzentos quilos de pedras de médio porte, acomodadas em um saco de aniagem, todo motivado e esperançoso quanto ao resultado positivo com a sua invenção. Depois de sacolejar, ratiante, o pequeno teco-teco levantou voo, tendo Passarini pedido ao piloto que se dirigisse para as imediações do parque ecológico Altamiro de Moura Pacheco, onde ele soltaria o invento, pois se houvesse falhas ou mesmo quando ele pousasse seria no mato. Não tendo o Passarini percebido que estava ventando bastante, após "brigar muito" com o saco de pedras atado no paraquedas, empurrando-o com os pés para que caisse, com isso friccionando bastante o envolucro de pedras, ele ganhou os ares e flutuou suavemente, deixando o inventor em extâse, porém o vento tocando o invento, pelos ares, para as bandas de Anapólis e ele pedindo ao piloto que o acompanhasse. Segundo os nossos colegas quando o paraquedas estava bem sobre a base aérea de anapólis, que abriga os caças mirage da força aérea brasileira, quis o destino que o saco se rompesse e as pedras começassem a cair sobre as instalações, provocando muito alvoroço, já que o comando e os demais militares ali sediados, num primeiro momento pensaram se tratar de um ataque, ante a chuva de pedras e já se postaram, armados para se defenderem.
Se verdade ou não, o fato é que após essa tentativa, Passarini não mais falou nesse paraquedas, canalizando suas energias inventivas, para outras experiencias, sendo que atualmente ele está muito envolvido é com a fumaça liquida, cujas propriedades de cura, estão sendo bastante alardeadas, inclusive por muitas pessoas que já fizeram uso dela em situações de emergencias, princi

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

DESSE JEITO O SENHOR ME DESAPRUMA

O “causo” de hoje me foi repassado pela protagonista Lucy Mary de Assis, numa experiencia que teve durante uma ação fiscal em companhia do colega Ruideberto, quando ambos trabalhavam na delegacia fiscal de Goiás.
Tendo a supervisão fiscal recebido uma denúncia de que um estabelecimento localizado em Itaberai estava funcionando irregularmente sem inscrição cadastral, Ruideberto foi designado para verificar se realmente isso ocorria e adotar as providencias necessárias. Num primeiro momento ele foi sozinho e, realmente, constatou que apesar de ser um pequeno quiosque, ele não estava regularizado junto a secretaria da fazenda e, em face de que fora denunciado, não lhe coube outra alternativa senão emitir uma notificação para que fosse feita a devida inscrição cadastral.
Decorridos alguns dias, agora já na companhia da Lucy Mary, Ruideberto retornou ao local, para saber se já haviam sido adotadas as providencias requeridas quando da notificação, verificando que nada fora feito.
Depois de muitas conversações ele perguntou pelas notas fiscais de compras, oportunidade que uma senhora, esposa do comerciante, pessoa bastante simplória, que estava ao lado dele, foi logo informando: “ ah, o Sebastião não gosta de ajuntá papel de jeito nenhum, tudo que chega aqui ele joga fora. Óia aqui um que veio ontem junto com a compra do cigarro!”, assim dizendo retirou de um cesto de lixo uma nota fiscal, fazendo com que o Ruideberto, com toda a calma e paciência da qual é dotado, sem contar a grande inteligencia que nunca lhe faz falta, explicou calmamente para o seu Sebastião que teria que fazer o auto de infração, e isso implicaria nele ter que arcar com uma multa que poderia ser parcelada, mas que não tinha jeito de ser evitada. Após muito detalhes pacientemente informados tanto pelo Ruideberto quanto pela Lucy Mary, seu Sebastião finalmente entendeu e com todo o seu peculiar linguajar, assim se pronunciou: “uái seu fiscal, desse jeito o sinhô quebra o meu espinhaço, me desapruma por inteiro. Se eu levá uma murta
dessa, é mió eu me aquietá e num mexê cum mais nada”!

José Domingos

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O CAVALO QUE VOOU


Já foram nesse espaço, contados vários “causos” narrados pelo meu amigo João Felipe, marceneiro dos bons, residente em Goianésia, sendo o de hoje um dos melhores que eu já o vi e ouvi contar, tendo de novo ele e o pai como protagonistas o que, aliás, compõe boa partes das suas ricas narrativas.
Proprietário de um imóvel rural pelas cercanias do rio corumbá, o seu João, genitor de João Felipe, tinha um baita cavalo alazão, grande e cuja estampa despertava a cobiça e a inveja de muitos vizinhos. Certa feita depois de quase uns três dias sem aparecer “na porta”, termo rural utilizado para as imediações da casa, o seu João disse ao filho que, ou o seu cavalo havia sido roubado ou teria morrido. Decorrido mas dois dias e chegado o final de semana, João Felipe foi convidado pelo pai a sair procurando pelo animal, não sem antes o fazendeiro se municiar do seu inseparável embornal onde carregava canivete, cordão, agulha grande, parafusos e um sem fim de miudezas, acostumado que estava a resolver situações pelos pastos e matas.
Depois de uma boa, porém difícil caminhada, ao adentrarem a um descampado, avistaram ao longe um revoo de urubus, no que o seu João disse ao filho: “ é João Felipe, perdi o meu cavalo, aquilo lá na frente, aquela festa de urubus é o repasto que estão a fazer dele. Não deu outra, quando se aproximaram depararam com a triste cena das aves catartidiformes a entrar pelos flancos do animal morto ,e fazer uma tremenda algazarra.
Contrariado com aquela cena o pai de João Felipe, por gostar tanto do cavalo, montou em seu dorso e sacando do embornal a agulha e o rolo de cordão ,se pôs a costurar o buraco que fora feito pelos urubus, sendo que fechado esse, e permanecendo uma grande quantidade de aves no interior do corpo, essas começaram a bater asas e conseguiram levitar o cavalo e eleva-lo a uma boa altura e ganhar voo.
Desesperado o ainda pequeno João Felipe corria atras e gritava para o seu pai descer, o que já não era possível, uma vez que o cavalo estava “sendo voado” pelos urubus que batiam as asas e já estava bem alto, mesmo assim de onde estava o menino pôde perceber como o seu pai era “danado de sabido”, pois sacara do canivete e com ele fizera um corte lateral na barriga do cavalo morto e tirando um urubu de cada vez, conseguiu planar bem o corpo e manobra-lo com maestria , e dosando as retiradas dos urubus de dentro dele, fez com houvesse uma aterrizagem suave e sem sobressaltos à porta de sua casa, local que João Felipe chegou todo esbaforido, suado e arranhado de tanto correr atras do “cavalo que voava”, sem sequer olhar para o chão.
José Domingos

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

VAI UMA LARANJINHA AÍ?


Embora hoje estejamos vivendo dias bem melhores, seja no aspecto salarial, seja nas condições de trabalho, já passamos por períodos bem difíceis, principalmente quando o país enfrentava uma inflação galopante e os nossos salários se defasavam pela metade de um mês para o outro.
Na custosa travessia desse período que não foi curto, se quiséssemos contar com apoio policial no comando volante para maior segurança, tínhamos que estar preparados para bancar as despesas de alimentação dos dois soldados que nos acompanhassem, pois pelas normas da corporação eles só podem sair de dupla para tais atividades, e diária por aqueles tempos, nem pensar.
E foi assim que certa feita, na delegacia fiscal de Goiás, um colega auditor, de nome Pedro Sena, que não pode prescindir de apoio policial para uma atividade, teve enorme dificuldades em conseguir dois PMs de voluntários para trabalhar com ele, dado que era para lá de sovina e tal costume era, de todos, conhecido. Depois de muito se buscar, só mesmo recorrendo ao quartel do sexto batalhão policial sediado na antiga capital que colocou o apoio militar solicitado à disposição de Pedro, não sem antes, os dois policiais destacados para a atividade terem sido informados da sovinice do fiscal, portanto ficaram na expectativa de como iriam se alimentar, vez que se o salário do Fisco estava defasado, o deles, coitados, estava ainda mais.
Depois de muito rodarem, tendo já passado do meio-dia, treze horas, quatorze horas, os dois soldados já, conforme antiga fala popular, “com os olhos pregados na nuca”, tamanha era a fome, olhavam um para o outro e nada. Já se aproximava das quinze horas quando, finalmente, Pedro Sena estaciona a viatura debaixo de frondoso jatobá à beira da estrada e diz: “ é, tá na hora de nós fazermos uma boquinha, né?”, dito isso contorna o carro, abre o porta-malas e retira de lá duas únicas laranjas, passa uma delas para um dos policiais e diz: “ vai uma laranjinha aí?, como só são duas, vocês repartem esta para os dois”.
Se a fama de pão duro de Pedro Sena já era grande, depois desse episódio, não só aumentou, como ele passou a ser conhecido no nosso meio, como “laranjinha”, tendo isso no início dado muita confusão, pois ele apelou muito e com isso o apelido “pegou”, pois os colegas para vê-lo nervoso, ao passar por ele, lhe perguntavam: “vai uma laranjinha aí?”.

José Domingos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A PRAGA !!!


Muitas vezes as pessoas sugestionáveis, quando influenciadas por algum tipo de situação, passam a acreditar e sentir todos os sintomas do que lhe foi repassado, principalmente aqueles que creem em mau-olhado, feitiços e pragas.
Quem nos contou o “causo” de hoje foi o Divino José, tendo isso se dado quando ele trabalhava na delegacia fiscal de Iporá. Estando a equipe de fiscalização de transito em uma grande blitz no posto fiscal de Aragarças, localizado ao lado da ponte que separa o estado de Goiás com o Mato Grosso, todos os veiculos que por ali trafegavam eram parados e vistoriados na busca por mercadorias sem documentação fiscal.
Longe já ia a noite, quando abordaram um veículo volkswagem modelo voyage e pediram à condutora que abrisse o porta molas, feito isso depararam com uma enorme quantidade de confecção desacobertada de documentação fiscal.
O chapa de nome Alcides, que até hoje ainda trabalha no mesmo local, procedeu a contagem e separação da mercadoria, portanto ele ficando em contato mais direto com a proprietaria da mesma, sendo que a todo minuto, como é comum nesses casos, ela lhe solicitava que a deixasse ir embora sem qualquer conclusão da ação fiscal. Finalizado o trabalho foi lavrado o auto de infração, o que também liberou a contribuinte essa, irada, antes de ir embora jogou um praga no Alcides: “ esse aí que foi quem contou as roupas, nunca mais vai ser o mesmo, pois de hoje em diante, ele vai ficar “broxa”.
Tão logo a mulher partiu para o outro lado da ponte, já que era moradora a pouco mais de um quilometro dali, no município de Pontal, quem fica entre Aragarças e Barra do Garças, um dos funcionários do posto a conhecia, disse para o Alcides que ele estava “ferrado” com a praga, pois a mulher era uma conhecida fazedora de bruxarias, portanto ele nunca mais “daria no couro”.
No outro dia lá já quase na hora do almoço, quando todos se levantaram, eis que chega o Alcides que era e ainda é morador daquela cidade fronteiriça, que descabreado chamou o colega que conhecia a autuada da noite anterior e lhe confidenciou: “ aquela mulher é mesmo uma bruxa das fortes. Essa noite por mais que eu tentasse, não consegui nada, como se aquela parte do meu corpo tivesse morrido. Preciso que você me dê o endereço dela que eu tenho que ir lá, prá ela desfazer a praga, senão eu “tô mesmo ferrado”, se ela cobrar eu até pago uns trocados, o que não posso é ficar broxa, me ajuda!”.

José Domingos

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DESSA MULTA EU ESCAPEI !


No concurso de 1984 para o fisco estadual, foram aprovados quinhentos colegas, sendo duzentos agentes arrecadadores e trezentos fiscais arrecadadores, enquanto os primeiros ficavam incumbidos de comandar as agencias de arrecadação, à época chamadas agenfas, cabiam aos segundos o trabalho de fiscalização em trânsito(postos fiscais e comandos volantes).
Conforme nos contou o Mario Gonzaga Neto, primeiro lugar no concurso para agente arrecadador daquela turma, que numa época que estava respondendo pela agenfa de Luziania, ele viu chegar uma equipe de comando volante, de dois colegas também recém ingressados juntos com ele, que se faziam acompanhar de um caminhão carregado de vacas de criar, sem a devida nota fiscal, para procederem a lavratura do devido auto de infração.
Enquanto um dos colegas subia no caminhão para, do alto, fazer uma conferencia detalhada, o outro tratava de “parlamentar” com o proprietário ( uma prática muito useira e vezeira dos que atuam na fiscalização de transito) a fim de que a situação pudesse ser resolvida dentro da normalidade, sem alterações tão comuns na maioria desses casos, pois conforme um ditado popular “não existe no ser humano um órgão mais sensível do que o bolso”, sempre que se fala em multa os contribuintes ficam exaltados,daí, ser muito importante um amplo e incansável diálogo.
Conforme o Mário a tudo observava, ele pode ver que, na realidade não era nem uma conversa a dois, mas um monólogo, pois o colega fiscal, de nome Julio, de ascendência nipônica, de natureza já bem econômica na fala, apenas respondia: “ hum..., tá..., certo.., é isso...,” e por aí foram, o contribuinte ficando com a mais absoluta certeza de que não seria multado, já que ante todo o seu rosário de justificativas, entendera ele que o fiscal estava concordando com tudo, levado também pelo fato de que a palavra multa não entrava em nenhum momento em pauta, vez que era quase só ele que falava..
Assim foi que, terminado o trabalho a dupla do comando volante lhe disse: " tudo Ok, é só assinar aqui" e apresentou o auto de infração que ele o fez todo contente rubricou de pronto, pois lhe era a maior certeza de que isso não acarretaria nem um despender de qualquer quantia, acreditando que seus argumentos haviam sido convincentes para não ser multado.
Uma vez tudo concluido, os dois colegas entraram no carro e se foram, e o autuado todo satisfeito soltou um: "eheh,ainda bem, dessa multa eu escapei!" oportunidade que então o Mário teve que desfazer o engano e lhe informar: “o senhor está equivocado, pois foi multado sim. Vai pagar o auto no prazo ou vai a apresentar defesa, conforme a lei lhe faculta?”, oportunidade em que o contribuinte veio a tomar conhecimento de que ele havia assinado era uma notificação de multa, e só ao poder de muitas conversações é que o Mário evitou que ele perseguisse, de carro, aos colegas para brigar, pois se sentira enganado.

José Domingos

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A TROPA NÃO!!!


Nos conta o Rogério Gomes Sobrinho que ainda bem jovem quando estava passando uns dias na fazenda de um tio no município de Jandaia, assistiu a uma cena bem divertida.
Naquela época quando ainda não existia a facilidade de energia elétrica de hoje, cada localidade procurava um jeitinho de se arrumar, ela mesma criando a sua empresa de exploração chamada força e luz, através da instalação de pequenas usinas geradoras de energia para atender a demanda da população, que naqueles tempos não era grande.
O prefeito e a câmara de vereadores do município após estudar onde poderia se dar a instalação da usina local, constataram que a fazenda do seu Agenor Gomes, tio do Rogério, tinha um córrego caudaloso e propício para isso, além de se localizar quase dentro do perímetro urbano, sendo mais um dos requisitos muito observados naqueles tempos.
Lá foram em comissão, falar com o seu Agenor, oportunidade em que o Rogério se achava então presente. Após os cumprimentos de praxe, o prefeito incumbiu o engenheiro da futura obra, para fazer as explicações necessárias ao fazendeiro: “ como o senhor sabe, seu Agenor, a energia é hoje um processo de inexorável avanço, pois num futuro bem próximo será quase que impossível de se viver sem ela. Após os estudos de viabilidade constatamos que na sua propriedade se acha um curso d'água adequado para a instalação de uma usina geradora de vinte dois cavalos de força, suficiente para, nas duas próximas décadas, atender a toda a comunidade jandaiense. Para que possamos iniciar os trabalhos necessitamos de uma autorização expressa do senhor, e assim, dentro de uns seis a oito meses, a nossa cidade poderá contar com esse grande beneficio.”
Rogério viu o seu tio Agenor cofiar o bigode, a cabeça, ficar pensativo por um breve espaço de tempo, para só então se pronunciar: “ olha senhor engenheiro, senhor prefeito e todos aqui presentes, vocês sabem que eu sou um homem simples e que durante toda a minha vida, sempre tirei do meu suor todo o sustento e o que possuo. Porém o que eu não sou, é dado à ignorâncias ou querer atravancar o progresso, assim desde agora vocês já tem a minha autorização, mas o que eu não posso e nem disponho de pasto para isso, é receber aqui na minha fazenda, essa tropa de vinte e dois cavalos a que o senhor engenheiro se referiu. Mas instalar a usina vocês podem até começar agora, se quiserem.”

José Domingos

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

COM A BEIÇUDA NÃO. NÉ PAI?

Um "causo" prá lá de divertido, que foi contado, por uma dezena de vezes pelo meu grande amigo João Felipe, marcineiro dos bons que reside em Goianésia, além de um emérito contador de histórias e outros predicados mais.
Das recordações de sua infancia vivida ali pelas próximidades do rio Corumbá, carrega ele além da eterna saudade do seu paí, a memória de muitas experiencias que lhe foram por aquele repassadas, sendo contar que muitas delas, segundo conta João Felipe, foram vividas juntos, prin cipalmente naquela face de "entrança" na adolescencia e saida da infancia, quando invariavelmente todos os pais são os maiores ídolos de suas crias, o que com ele não era diferente, tamanha era e continua sendo a admiração nutrida pelo seu genitor.
Assim todas as vezes que o seu João ( que era também o nome do seu pai) o chamava para sairem juntos, ele já pulava na frente e falava que estava mais do que pronto. dessa forma um certo dia ele foi convidado para ir pescar "no poço da Filomena", que distava tres léguas e meia da sua casa, portanto o percurso tendo que ser feito a cavalo.
Não foi bem a cavalo, vez que montaram os dois, ele na garupa, em uma mula baia grande e bonita que era o orgulho do seu pai, que era conhecida e reconhecida comoo "beiçuda",após todos os preparativos e matula arrumada, vez que pela distancia iria acampar no local e só voltar no findar do dia seguinte. Ao destino tendo chegado, o seu pai lhe disse que fosse começando a ajeitar o acampamento enquanto ele iria levar a mula para se refrescar e beber água num local onde fosse mais raso, já que o "poço da Filomena" além de sua imensidão, era de uma fundura sem fim, tendo os pescadores, que não tivessem
embarcados em canoas, de pescarem em suas margens aqui e ali, procurando um melhor lugar, embora por aqueles tempos a piscosidade dos nossos rios e córregos fizessem a alegria de quase todos os pescadores que estivesse mesmo com vontade de pescar, portanto fisgando uns "butelos" em qualquer lugar.
Cantarolando lá estava João felipe colocando uma coisa aqui e outra ali, dando forma à "morada" deles por um dia, quando escutou gritos do seu pai, para que se dirigisse até ele , o que fez correndo com o coração ao saltos sem saber o que estava acontecendo. Lá chegando antes que visse a razão de tanto afobação, seu pai lhe disse: "João Felipe temos que voltar agora" no que assustado perguntou o que estava acontecendo, momento em que o seu pai apontou o dedo para um montão de peixes ao seu lado e complementou:" se não formos iremos perder todos estes peixes além do que, não teremos condições de carregar mais do que isso, de volta para casa". João Felipe, surpreso vendo a enorme quantidade peixes ainda olhou para os lados para ver se existia alguma tarrafa ou rede que o seu pai tivesse utilizado, embora ele soubesse isso não acontecer, pois vira toda a tralha ser arrumada em casa e isso não fora colocado, bem como ter todos os seus apetrechos sido descarregados onde ele ficara arrumando o acampamento. Ante isso indagou ao seu pai como fora tirado do rio toda aquela quantidade de peixes, ficando ainda mais surpreso com a resposta: "Você sabe que o apelida da nossa mula é "beiçuda" com razão né?. Todas as vezes que ela levava a boca na agua para saciar a sua sede, ao levantar a cabeça trazia um monte de peixes dependurados no beiço, assim é que todos os esses peixes vieram para fora d'água."
Desapontado pela frustação de não ter podido pescar João Felipe ajudou o pai a acomodar toda a tralha e os peixes no lombo da "beiçuda" e retornaram para casa. Conta ele que desde esse dia, quando o seu pai o convidava para pescar ele já dizia de pronto:" num vai ser montado na "beiçuda não. Né paí?"
José Domingos

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A IDA AO MÉDIICO


Mais um dos “causos” que nos foi relatado pelo Robertinho, que estando trabalhando no comando volante com um colega nosso, auditor fiscal II de ascendência nipônica, certa feita notou que o colega estava taciturno, contrariamente ao que sempre demonstrava, de ser uma pessoa comunicativa, falante e bem alegre.
Optando por acompanhar o mutismo do colega e amigo que era por todos chamado amigavelmente de “Japinha”, Robertinho se concentrou em dirigir, também calado, até que a certa altura da viagem, o silencio foi quebrado, pois relutantemente “Japinha” lhe disse: “é Robertinho, na semana passada fui a médico.”, diante da economia de palavras, ele só obteve um - ah, foi?, mais alguns quilometros rodados e a conversa se reinicia: “ pois é, fui a um proctologista”, dessa vez o Robertinho foi um pouco mais longe: “ e aí, como foi o exame?”, no que o “Japinha” quis desabafar e contar toda a experiencia ali vivida: “ olha Robertinho, foram alguns colegas da delegacia de Morrinhos que me indicaram, um tal de doutor Pitaluga. Acho que de gozação. Rapaz, quando lá cheguei e vi o gigante com mais de dois metros de altura, já corri o olho para a sua mão, você precisa ver a grossura do seu dedo, com o qual ele fez o toque necessário para o exame de prostáta. Suportei estóicamente, até com lágrimas nos olhos, e se não fosse os nove reais que eu tinha gasto com a guia do Ipasgo, eu tinha corrido dali desde a hora que eu vi o tamanho do dedo do homem. É ou não é, para se ficar chateado e não querer falar nada?”
José Domingos

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

TOÍNHO - O AGENTE FUNERÁRIO

O colega Roberto Costa e Silva Junior, tem sido de fundamental importância para a continuidade diária dos nossos “causos” sem interrupções, pois eles estão sendo focados em situações ou experiencias vividas por alguns colegas e que nos são repassadas.
É ele que conta que por trabalhar durante muitos anos na região de Pires do Rio, certa feita ele presenciou como a ganancia de alguns os levam a se verem constrangidos em certas oportunidades. Existia naquela localidade um dono de uma agencia funerária de nome “Toínho” que em situações de acidentes com a possibilidade de vítimas fatais, não se sabe como, mas lá estava ele a oferecer os préstimos de sua agencia, antes de qualquer outro, até mesmo de ambulâncias para os primeiros socorros se fosse cabíveis.
Pois bem, ia o Robertinho daqui de Goiânia para Pires do Rio quando, perto de Cristianópolis deparou com muitos carros parados no acostamento e um aglomerado de pessoas em volta do que ele pressupôs ser uma possível vítima de acidente, já que no despenhadeiro logo adiante um caminhão se achava tombado aparentado muitos estragos.
Tendo parado também no acostamento e se dirigindo para o ajuntamento de pessoas, Robertinho viu chegar do outro lado o esbaforido “Toínho”, que vendo ser difícil romper o cerco de pessoas, quase todas estranhas tanto a ele quanto ao Robertinho, pois também estavam de passagem, se aproveitou o agente funerário para abrir caminho, se utilizando da seguinte estratégia:”dá licença, dá licença, eu sou parente da vítima”, com isso todos se afastando para que ele se aproximasse e ante o olhar espantados dos que ali estavam, e que não menos ficou o seu, “Toínho” viu que o caminhão havia tombado por ter atropelado um burro, que estava dando os seus últimos espasmos, daí toda a aglomeração à sua volta.

José Domingos

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ÊTA FRANGO GOSTOSO!


Hoje relatamos mais um “causo” envolvendo a sovinice de colegas, sendo que esse comportamento, até por uma questão de compatibilidade de ações, está sempre associado ao querer levar vantagem em tudo.
Estando o nosso colega Ewaldo Ferreira Junior trabalhando na delegacia fiscal de Iporá, ao fazer dupla no comando volante com outro fiscal, apelidado de Vila Rica, logo nas primeiras horas juntos, vez que ainda não se conheciam, Ewaldo percebeu que aquele era um verdadeiro muquirana, mas porém muito gabola, pois logo contou que os frangos da sua chácara tinham as coxas mais grossas do que qualquer outros criados na região( só muito depois Ewaldo veio a saber que a grossura das coxas não eram por que ele os tratavam com milho mas, sim pela falta disso, já que eles, para sobreviver, tinham que correr atrás de grilos e outros insetos para consumir, adquirindo assim nesse exercicio, umas rija musculatura nas pernas).
Para o Ewaldo foi um mês muito longo, pois os gastos de lanches estavam ficando quase todos com ele, pois o Vila Rica comia e saia, comia e saia, só não arcando também com as refeições já que estas eram feitas na república mantida pelo sindifisco. Cansado dessa situação, e sendo a chácara do colega bem próxima da cidade, um dia à tarde, sabedor de que o sovina não iria lá por aqueles dias, Ewaldo se dirigiu a ela e como o caseiro o conhecia, disse que estava autorizado por Vila Rica a buscar dois frangos, dos maiores, e embora relutante o empregado não deixou de atende-lo, lhe entregando dois dos maiores galináceos mais do que no ponto para abate.
No outro dia, na hora do almoço, uma lauta refeição com frango ao molho, após comer, e muito, Vila Rica disse: “êta frango gostoso, tá até parecendo dos meus, “butelo” de grandes!”, ele quase engasgou e vomitou o que havia digerido, quando o Ewaldo retrucou: “não tá só parecendo não, Vila Rica, eles são de lá mesmo. Ontem fui lá e apanhei dois, dizendo que você tinha autorizado”.
José Domingos