quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DESSA MULTA EU ESCAPEI !


No concurso de 1984 para o fisco estadual, foram aprovados quinhentos colegas, sendo duzentos agentes arrecadadores e trezentos fiscais arrecadadores, enquanto os primeiros ficavam incumbidos de comandar as agencias de arrecadação, à época chamadas agenfas, cabiam aos segundos o trabalho de fiscalização em trânsito(postos fiscais e comandos volantes).
Conforme nos contou o Mario Gonzaga Neto, primeiro lugar no concurso para agente arrecadador daquela turma, que numa época que estava respondendo pela agenfa de Luziania, ele viu chegar uma equipe de comando volante, de dois colegas também recém ingressados juntos com ele, que se faziam acompanhar de um caminhão carregado de vacas de criar, sem a devida nota fiscal, para procederem a lavratura do devido auto de infração.
Enquanto um dos colegas subia no caminhão para, do alto, fazer uma conferencia detalhada, o outro tratava de “parlamentar” com o proprietário ( uma prática muito useira e vezeira dos que atuam na fiscalização de transito) a fim de que a situação pudesse ser resolvida dentro da normalidade, sem alterações tão comuns na maioria desses casos, pois conforme um ditado popular “não existe no ser humano um órgão mais sensível do que o bolso”, sempre que se fala em multa os contribuintes ficam exaltados,daí, ser muito importante um amplo e incansável diálogo.
Conforme o Mário a tudo observava, ele pode ver que, na realidade não era nem uma conversa a dois, mas um monólogo, pois o colega fiscal, de nome Julio, de ascendência nipônica, de natureza já bem econômica na fala, apenas respondia: “ hum..., tá..., certo.., é isso...,” e por aí foram, o contribuinte ficando com a mais absoluta certeza de que não seria multado, já que ante todo o seu rosário de justificativas, entendera ele que o fiscal estava concordando com tudo, levado também pelo fato de que a palavra multa não entrava em nenhum momento em pauta, vez que era quase só ele que falava..
Assim foi que, terminado o trabalho a dupla do comando volante lhe disse: " tudo Ok, é só assinar aqui" e apresentou o auto de infração que ele o fez todo contente rubricou de pronto, pois lhe era a maior certeza de que isso não acarretaria nem um despender de qualquer quantia, acreditando que seus argumentos haviam sido convincentes para não ser multado.
Uma vez tudo concluido, os dois colegas entraram no carro e se foram, e o autuado todo satisfeito soltou um: "eheh,ainda bem, dessa multa eu escapei!" oportunidade que então o Mário teve que desfazer o engano e lhe informar: “o senhor está equivocado, pois foi multado sim. Vai pagar o auto no prazo ou vai a apresentar defesa, conforme a lei lhe faculta?”, oportunidade em que o contribuinte veio a tomar conhecimento de que ele havia assinado era uma notificação de multa, e só ao poder de muitas conversações é que o Mário evitou que ele perseguisse, de carro, aos colegas para brigar, pois se sentira enganado.

José Domingos

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