segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

E O TIRO ACERTOU NA CORDA !

o nosso "causo" de hoje remonta a algumas décadas passadas, porém ele é sempre contado e recontado por alguns remanescentes daquele periodo como de fato acontecido, numa epóca, em plena ditadura militar, em que o doutor Brasilio di Ramos Caiado era a maior liderança politica regional do vale do rio vermelho, sendo por isso, bastante paparicado e bajulado em razão de sua importancia no contexto politico então vigente.
O contrário é que seria de estranhar, pois os nossos costumes arraigados nas tradições de longas datas, talvez vindo ainda dos tempos da monarquia, sempre traz uma grande preocupação da maior parte das pessoas, mesmo que inconscientemente, de querer agradar àqueles que, no plano da escalada social, se acham alguns degraus acima. Por isso quando os que tinham afinidade com o doutor Brasilio, com ele se reuniam, a grande preocupação da maior parte era lhe fazer os gostos, tentando até mesmo adivinhar o que mais lhe convinha ou interessava, sendo que desses encontros muito festivos, faziam parte uns tres ou quatro funcionários do fisco lotados na delegacia fiscal de Goiás.
Um das reuniões mais festivas e de longa duração ocorria, invariavelmente, no mes de julho, em um acampamento às margens do rio araguaia, que não raras vezes começava no fim do mes anterior e entrava para quase a metade do mes de agosto, ocasião em que, pela froxidão das leis vigentes e os nossos seculares costumes que só bem recente e se moldaram a um estilo de maior preservação ambiental, um dos maiores costumes de quase todos os pescadores que para lá se dirigiam era de usar indiscriminadamente redes e tarafas e também a caça de animais silvestres que, segundo me foi narrado, era também do gosto da principal figura desse encontros, doutor Brasilio, sendo a paca, pequeno mamífero roedor de carne tenra e saborosa, uma das principais predileções e alvo de todos.
Assim, certa dia em um desses acampamentos, não se sabe como, um dos nossos colegas fiscais que dele participava, conseguiu capturar vivo um desses pequenos animaizinhos e teve então a idéia de amarra-lo com uma linha de anzol grande e fina disfarçada portanto, em um local próximo e, tendo voltado às barracas, chamou o doutor Brasilio de lado e lhe disse que ali bem perto ele havia visto uma paca passeando traquilamente e seria a oportunidade de se caça-la. Convite feito, convite aceito lá se foram os dois mata a dentro e logo depararam com o bichinho que, aparentemente saira em disparada, no que o fiscal disse: "atira doutor!", porém tão logo ouvido o disparo, o roedor em veloz carreira sumiu pela mata a dentro, voltando os dois para o acampamento, decepcionados , porém o fiscal ainda mais, pois ele não se conformava, achando que havia amarrado mal a paca e essa "dera no pé".
Depois de enrolar um pouco por ali, o fiscal autor da tentativa da "proeza puxasaquistica", retornou até o local para retirar a corda, tendo então constatado que o mais dificil havia sido feito, pois sendo a paca muito maior, o doutor Brasilio havia acertado fora na linha de anzol, com isso o animal ganhando a liberdade e salvo o seu belo couro.

José Domingos

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

UFA. ANTES ELA DO QUE EU !

Existe em qualquer ambiente pessoas cheias de crendice, o que muito tem a ver com o nosso "causo" de hoje, de portar a mais variada série de amuletos, portanto acreditando em macumbas, mau olhados e assombrações, o que no nosso meio não é diferente, pois somos uma categoria de grandes diversidades em todos os campos, inclusive no religioso, já que existe uma grande associação entre o cultuar de certos costumes e a religiosidade, podendo se observar também que as pessoas que assim pensam e agem, são bastante sugestionáveis e acreditam em tudo que lhes contam ou que a eles atinjam, mesmo não sendo nada comprovado.
Certa feita trabalhava na delegacia fiscal de Goiás um colega nosso, hoje já aposentado e que apesar de haver prestado serviço só naquela unidade fazendaria, e na ex-capital residido a vida inteira, hoje se acha morando no setor oeste em Goiania curtindo a esposa, filhos e netos, que após haver se curado de uma gastrite crônica que muito o havia incomodado, voltou a ter crises fortes em função de gozações dos colegas. Tendo ocorrido um churrasco na fazenda de um outro colega, bem próxima da cidade de Goiás, onde ele se fartou de muita carne e bebidas e não tendo tido qualquer sintoma do mal que o havia afligido, também já havia se passado quase dois anos sem que visse ou sentisse qualquer anormalidade nesse sentido, e que teria que se dar imediatamente, conforme ocorre nesses casos.
Passados uns dez dias, começou um boato de que o boi cuja carne fora servida no churrasco, havia sido morto por picada de cobra e não abatido pelos meios costumeiros e que nesses casos o veneno que fora infiltrada na carne fazia um tremendo mal para quem tivesse problemas gástricos. Foi só o colega tomar conhecimento dessa boataria que tinha como único propósito o de incomoda-lo, que os primeiros sinais já começaram a se processar em seu organismo, tendo ele que recorrer, de novo, a médicos, para tratar da gastrite da qual já se julgava curado.
Esse mesmo colega, em outra ocasião, tendo plantado um pé de tamarindo em sua fazenda, ao receber a visita de um colega que passeou pelo seu pomar, foi por aquele informado de que uma crendice popular diz que quem planta um pe´de tamarindo não o vê dar os primeiros frutos, pois um pouco antes disso ele" parte desta para a melhor".
Com a planta cada vez mais viçosa e crescendo rapidamente, inversamente a saúde do colega ia se deteriorando, pois ele não tirou isso mais da cabeça, sempre se lembrando do que lhe fora dito, acreditando piamente que já estava "chegando a sua hora" pois a fruteira já estava dando sinais de se cobrir de flores, com isso aumentando a sua agonia, pois todos os dias ele olhava a planta e via que já estavam vindo os sinais do que seriam os primeiros frutos.
Assim tão logo surgiu as primeiras pontinhas do que seriam as flores, não suportando mais a pressão interior que o atingia, o colega se muniu de um motoserra e cortou a fruteira que estava entrando em sua maturidade, bem rente ao chão, com isso se sentindo bastante aliviado, o que levou a exclamar bem alto: "ufa. Antes ela do que eu !"

José Domingos

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

TOMOU LAGARTIXA !

O "causo" de hoje nos foi contado pelo colega Hugo Maria de Assunção, que conheceu do perto o seu protagonista e que por diversas vezes ouviu dele e de outras pessoas a narração do fato.
Estando a cidade de Cabeceiras na decada de noventa, ainda no principiar de suas instalações, funcionava ali um posto fiscal de grande movimento, instalado em uma rua poerenta na seca e cheia de buracos e lama quando do periodo chuvoso, sendo que um servidor que prestava serviços ali, sempre que lá estava em escala, passava todo o periodo completamente embriagado, entretanto, isso não lhe tirando a responsabilidade e a correção empregadas nas suas obrigações diárias. Por ser uma pessoa muito comunicativa, da qual o Hugo não quis passar o nome, o funcionário logo fez amizade com todos daquela comunidade, sendo um dos seus grande amigos um delegado de policia calça curta ( designação que se dava para ocupantes da função que não eram de carreira, mas sim indicados politicos), sendo que este sempre que prendia algum arruaceiro, depois de lhe amarrar as mãos às costas, logo convidava o colega da SEFAZ para lhe aplicar um corretivo, quase sempre um murro bem dado nas fuças do "briguento" para lhe acalmar os nervos.
Certa feita tendo mudado o delegado, também calça curta, o novato tão logo soube do estranho hábito, informado que foi pelos colegas que já trabalhavam na localidade, preparou uma armadilha para o nosso colega justiceiro, pois quando efetuaram a prisão de alguém que se enquadrava nas condições em que ele era chamado para aplicar o costumeiro calmante ou "sossega leão", o delegado só mandou que o preso ficasse com as mãos para tras, mas não as amarrou e quando o colega e algoz dos bebados que fossem presos, lhe soltou um murro nas fuças que não era lá com tanta força nada, já que ele estava sempre movido pela "maguaça", mais do que imediatamente o preso lhe deu o troco com todas as suas forças (que àquelas alturas já haviam sido recuperadas, pois a carraspana se curara tão logo se vira atraz das grades) e lhe disse: "tomou lagartixa!", o colega sem entender bem o que havia se passado, também sarou imediatamente da sua "carraspana" e saiu em desabalada carreira, e desde esse dia se tornou um devoto de nossa Senhora D'Abadia a quem recorreu para nunca mais beber, e nem fez mais aquele tipo de gracinha, porém o após o fato haver caido no dominio público, ele passou a carregar e carrega até hoje o apelido de lagartixa.

José Domingos

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

" É AÇOUGUE E NÃO AÇOGUE "

A nossa lingua dada às suas peculiaridades que a difere inclusive da que é falada em Portugal, de ondem se origina, causa bastante confusão e não raros, muitos erros mesmo para os que são, dela, operadores contumazes.
A utilização de "s", dois esses ou cê cedilha é uma verdadeira loteria, pois muitas vezes até quem é bastante acostumado a escrever diariamente e muito, fica em dúvidas e acaba cometendo alguns equivocos.
É comum em nossas repartições que os chefes, mesmo que não dotados de conhecimentos suficientes, se arvore em rascunhar oficios, memorandos e despachos, muitas vezes massacrando a nossa lingua pátria, pois os erros que cometem não são poucos. Atualmente ficou bem fácil se corrigir os "equivocos cometidos pelos doutos e sapientes" chefes e outros, que se metem em searas às quais não dominam, pois com o advento do computador e os seus corretores de textos, os escorregões e vacilos são eliminados num piscar de olhos, não acarretando uma sobrecarga de trabalho, como acontecia quando ainda não existiam os micros, pois tudo era datilografado e constatado erros, todo o processo tinha que ser reiniciado.
o nosso "causo" de hoje tem tudo a ver com o que foi acima comentado, pois trata de um delegado fiscal de Iporá que tendo mandado sua secretária datilografar 93 oficios para os açougueiros da região, após haver rascunhado o modelo, esse foi devidamente corrigido, quando da feitura pela servidora, pois o seu chefe havia redigido se utilizando da palavra açougue sem no entanto se utilizar da letra "u", ficando portanto açogue.
Colocado o calhamaço de oficios sobre a mesa do titular da delegacia, como sempre acontece nesses casos, ele disse que quando tivesse um "tempinho" iria analisar o que fora datilografado antes de assinar.
Segundo nos contou o colega Ewaldo Ferreira Junior, testemunha de todo o fato, depois que delegado "sabichão" conferiu o que fora feito, chamou sua secretária e lhe disse que refizesse todos os quase cem oficios, vez que ela havia datilogrado errado, em todos eles, a palavra açougue, pois conforme o modelo e certo que ele havia rascunhado, não existia a letra"u", sendo que não tendo se dado por satisfeito com a sua brilhante observação, havia assinalado com tinta vermelha em todos os oficios e onde a palavra existia, portanto, inutilizando todo o trabalho feito.
Revoltada com a exigencia de refazer o que fora feito de forma correta porém agora perdido, a secretária correu a apanhar um dicionário e mostrar para o delegado fiscal que ela havia se utilizado da palavra acertamente, sendo portanto o erro dele e não dela. Segundo nos conta o Ewaldo uma particularidade a mais no caso, é que a tal funcionária havia emprestado uma boa soma em dinheiro para o seu chefe, e assim de alguma forma, ela o tinha refém em alguma situação da qual pudesse se aproveitar, do que ela se valeu na ocasião para lhe falar de forma categórica: " o erro é seu, como você inutilizou todo o meu trabalho que estava certo, se quiser você que arrume alguém para refaze-lo, porém eu é que o faço de novo ".
José Domingos

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

OS RIGORES DA LEI

Até bem pouco tempo, o ingresso no serviço público se dava por indicações, portanto bastava ser bem relacionado para se conseguir uma "boquinha" no serviço público e esperar a aposentadoria, e a remuneração sendo de acordo com o grau de proximidade com os "mandões" da politica regional, estadual ou federal, pois quanto maior fosse as ligações maior também seria o contracheque no final do mês.
Assim nos já tivemos no fisco mesmo, por obra e graça de um governador, que todo ex-pracinha goiano que assim o quisesse, poderia se tornar um integrante do quadro, independente de escolaridade ou formação técnico-profissional, aliás isso não é recente, pois eu mesmo conhecia um já falecido fiscal que foi tirado da função de enterrar mortos, para a atividade de desenterrar sonegações e infrações fiscais, já que o então governador da época, o tirou da função de coveiro para atual como servidor do fisco, onde se aposentou e viveu o resto dos seus dias recebendo a remuneração de tal cargo.
Esse mesmo governador tinha um compadre, que após tê-lo aquinhoado com muitas terras devolutas que existiam pelo estado a fora, e essas terem sido torradas nas farras que emendavam o dia com a noite, o chamou ao palácio ainda na cidade de Goiás então capital e lhe disse: "compadre Nelson, vou lhe dar uma segurança que você não tem jeito de acabar com ela, pois você vai ser fiscal de rendas".
Depois de algumas décadas recebendo o salário de fiscal porém nada fazendo, pois nada sabia fazer mesmo, sempre ficando ali na delegacia fiscal de Goiás batendo papo e esperando o final do mesmo para abiscoitar o seu precioso contracheque, certa feita tendo faltado um fiscal na escala no posto fiscal que funcionava na serra de Itauçu, o delegado o chamou e disse: Nelson, vou por você nessa escala, mas, pelo amor de Deus, é só para você fazer companhia, não faça nada lá, mas "nadica" de nada mesmo!, por certo temendo ele que alguma besteira ocorresse, com de fato ocorreu.
Corria já o segundo dia de uma escala de cinco por dez, quando tendo sido parado pelo policial de plantão,um caminhão de bananas (que não pagava tributos internamente), foi o Nelson que interpelou o motorista, perguntando pela nota fiscal da carga. O condutor do veiculo meio que stressado e como estava acostumado em nem ser parado ali, por já ser bastante conhecido e como a carga não pagava impostos, foi grosseiro com o Nelson, com isso provocando lhe a ira, pois mesmo sem saber como fazer a autuação, ante a fala do motorista, assim lhe retrucou: "você vai conhecer os rigores da lei, pois vou multa-lo", dito isso com os colegas só observando a sua atuação, pois conheciam o seu total desconhecimento do trabalho, o Nelson apanhou um bloco de auto de infração( documento que se nunca havia visto na vida, então preenche-lo nem se fala) e anota daqui, anota dali, quando chegou no campo destinado a descrever a infração, ante a sua completa ignorancia do assunto, com letras maisculas ele assim anotou:"todas do código tributário", o mesmo repetindo no campo da penalidade, sendo que após apanhar a assinatura do motorista o liberou para seguir viagem.
As fontes que por diversas vezes me narraram o fato, disseram também, que isso inclusive foi matéria de capa do jornal Cinco de Março, antecessor do Diário da Manhã, pois atipicamente tanto a infração quanto a penalidade foram tipificadas mesmo com os devidos e exagerados rigores da lei, já que ambas foram descritas como :"todas do código tributário", isso por um longo tempo tendo sido motivo de chacotas e descrédito pela desastrada atuação e autuação do tal apadrinhado que chegou a essa situação, em razão de compadrio com o governador que o indicou.

José Domingos

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

TÔ LÁ NA SAÍDA DE TRINDADE


Quando iniciamos os trabalhos no Fisco, nos idos de 1984/1985, fomos deslocados para todas as partes do Estado, distribuidos em turmas de oitenta integrantes por vez, lotando e bastante as delegacias fiscais do interior, embora naqueles tempos, o hoje estado do Tocantins ainda fizesse parte do território goiano, portanto tendo muito espaço para acomodação da leva de seiscentos novos integrantes do quadro.
Aos poucos, com um maior acomodamento, boa parte foi sendo absorvida aqui mais por perto da capital, com um grande contingente de fiscais trabalhando nas dezenas de equipes de comandos volantes que atuavam na chamada grande Goiania, sendo que naqueles tempos o mais usado meio de contato/comunicação se dava através de rádio, com uma central operando vinte quatro horas, de maneira ininterrupta na sede da delegacia fiscal, então localizada em acanhadas instalações onde hoje se acha situado o CAT – Conselho Administrativo Tributário, embora todos fossem imbuídos de grande comprometimento com o trabalho, existia uma grande rigidez quanto ao controle dos fiscais em serviço.
Certa feita estava eu e o colega, que à época assinava e fora aprovado como Demerval Birajara Meneguel Mundo, com tal nome tendo sido o orador na posse da nossa turma, e que hoje legalmente assina outro nome, o seu de batismo e registro numa longa história da qual ele não faz questão de relembrar, pois adotou um nome de outro para fugir da ditadura militar, quando com o rádio ligado, escutamos a central chamando um colega, sendo que este tão logo respondeu, ouvimos nitidamente a conhecida vinheta/chamada da TV Globo, o famosíssimo “plim-plim” e aquele perguntado onde estava naquele momento assim respondeu: “ Tô lá na saída de Trindade. Ôpa, tô aqui na saída de Trindade”. Tal diálogo mantido pelo rádio foi ouvido por dezenas de colegas que estavam trabalhando no comando volante e nos postos fiscais das entradas/saidas de Goiania, tendo por um longo tempo, sido motivo de muitas chacotas com o colega que a alguns revelou que o “plim-plim” denunciador era por que ele se achava tranquilo, refastelado no sofá da sala de sua casa, com as janelas abertas e a viatura na garagem e quando correu para atender o rádio, naquele momento a televisão contribuiu para provocar toda a confusão e ao invés de dizer, na sua mentira “tô” aqui na saída de Trindade, proferiu um "tô" lá....”

José Domingos

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O MENINO XERETA

Conforme me narrou a Lucy Mary de Assis, com quem tive o grande prazer de trabalhar quando estávamos na delegacia fiscal de Goiás, esse acontecimento se deu com os nossos colegas de Goiás, e que até hoje ainda se encontram em exercício por lá, Ruideberto e Rogerio Rezende, que foi aprovado no Fisco em 1998 quando estava ainda adentrando na idade mínima para tanto, que era de dezoito anos.
Segundo nos contou a Lucy, após uma denúncia anonima, de que haveria um grande depósito de cereais em situação irregular na cidade de Itapirapuã, Ruideberto e Rogério foram designados para proceder tal verificação. Depois de ficarem pelas proximidades, como quem não quer nada, pois o estabelecimento estava fechado, viram ele se abrir quando parou uma carreta para descarregar um carga de sacas de feijão, os quais eram em número de quinhentos volumes, e estavam desacompanhados de qualquer documento fiscal exigido para aquela operação. Feita a abordagem o motorista e os chapas só diziam que haviam recebido ordem para descarregar a carga naquele local, onde verificaram existiam para lá de dois mil sacas de feijão que, certamente, também não possuíam o documento fiscal necessário.
Nessas ocasiões, num jogo de gato e rato, muito vezes o dono está até ali no meio dos curiosos que se juntam para ver a ação, mas ninguém costuma falar nada, esperando ver se o proprietário consegue de alguma forma se safar da multa, o que naquele dia também aconteceu, e embora o Ruideberto e o Rogério perguntasse a um e a outro, ninguém sabia de nada, bem, isso só até os dois auditores começaram "arredar" os volumes de feijão que estavam dentro do estabelecimento, pois tão logo começaram, uma criança de uns sete anos que estava ao lado do pai, começou a atirar pequenos pedregulhos nos dois, dizendo: “ôcêis larga de mexê nas coisas do meu pai, ôcêis larga de mexê nas coisas do meu pai!”, fazendo com que o pai dele, bastante brabo dissesse ao Rogério e ao Rui: “é, agora que esse moleque deu com a língua nos dentes, não tem mais jeito, toda essa mercadoria é minha mesma. Eu vou ter que pagar a multa, mas que eu vou dar uma "pêia" grande nesse moleque, ah, isso vou!, prá ele largar de ficar enxeretando com coisas de gente grande. Lá em casa ele não me escapa, ele pode aguardar ”.

José Domingos