terça-feira, 31 de agosto de 2010

O COLEGA COLECIONADOR DE ORQUÍDEAS


No serviço do fisco a maioria dos colegas sempre teve a oportunidade, quase nunca de livre espontanea vontade, de percorrer essa enormidade que é o territorio goiano, uma vez que quase todos já foram designados para prestar serviços em várias localidades. Eu mesmo quando iniciei, fui logo enviado para São Sebastião do Tocantins, então a última cidade do extremo norte goiano, já que do outro lado do rio, do qual a localidade tem o nome já fica o estado do Pará.
É engraçado como as pessoas, num orgulho até natural, sempre achem que todos que estão na sua terra façam, o máximo gosto de ali permanecer, tanto que certa feita ao fazer o recolhimento do ainda só ICM nos açougues, decorrente da comercialização de carnes, ouvi do proprietário uma meia ameaça até divertida, já que ele me falou: - “seja “maneiroso” na hora de cobrar o imposto, pois aqui tinha um coletor muito intransigente, que os açougueiros se reuniram com os membros do diretório da Arena e pediu para ele ser transferido daqui.” Sentindo no ar um certo aviso e endereçamento à minha pessoa eu lhe retruquei: - “todas as vezes que tiver que cobrar imposto pode ter certeza que o farei. Por falar nisso a sua guia já está acabando de ser lavrada. Agora, se com isso, quiserem me transferir daqui, será um enorme favor pois, mesmo para a cidade mais próxima estarei quarenta e dois quilometros mais perto de casa, pois esta é, no estado, a cidade mais distante de onde eu moro.”
Assim nesse vai e vem, ora aqui ora acolá, é que muitos passaram a adotar certos costumes e hobbys dos mais diversificados, sendo que um dos nossos colegasda turma de 84, se nissei, sansei não sei, só sei que é de ascendencia nipônica, nas suas andanças se julgou ter se tornado um especialista no cultivo de orquídeas.
E foi assim que certa feita, conforme o nosso colega da SEFAZ, Roberto Costa e Silva Junior, que estava junto com ele, ao chegarem em uma fazenda num trabalho do monitoramento rural, ele se encantou com algumas mudas de plantas que estavam em um viveiro e buscou comprar algumas do proprietário, que não se fez de rogado e lhe “arrancou o couro” no preço, deixando o Roberto atônito pela quantia desembolsada, pois simplesmente nem o colega de traços nipônicos e nem o vendedor se referiram a que mudas eram aquelas.
Acomodadas as mudas no porta malas da viatura, nem bem haviam saido do lugar, quando o Roberto o interpelou o por que daquela aquisição, tendo o colega então respondido: - “ você é bem “ruinzinho” nessa matéria de orquídeas, não?, pois aquelas pequenas mudas, pelo que sei são valiosissimas, são orquídeas espécímes raras, quando crescerem eu vou te mostrar”. A resposta do Roberto após gargalhadas que quase o engasgaram, foi a de que na sua fazenda, no municipio de Pirancajuba então existia uma imensa fortuna, pois lá essas plantas podiam ser contadas aos milhares pelo pasto. Ante a posição radical do colega nipônico de que eram mesmo orquídeas raras e que não era possível have-las em tal profusão na propriedade do Roberto, a ele outra solução não coube do que desviar um pouco da sua rota, por não se acharem muito distantes de Piracanjuba, já que trabalhavam então na delegacia fiscal de Morrinhos, e levar o renitente colega para conhecer a verdadeira lavoura de “orquídeas” existente na sua propriedade rural, nas suas várias etapas de crescimento, o que verificado causou uma grande decepção ao colega colecionador, um verdadeiro constrangimento, principalmente quando o Roberto lhe disse: - “ Abre o olho japonês, por aqui essas plantas ainda não eram conhecidas como orquídeas, pois a séculos todas se referem a elas como guarirobas. Se as que você comprou lá não for suficiente, eu te vendo aqui o tanto que você quiser .Ah, bem mais em conta do que você pagou”. Justifica se assim o fato de que ele nem sequer gosta de lembrar até hoje dessa triste e prejudicial situação, daí a omissão do seu nome nesse “causo”.

José Domingos

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

MILIONÁRIO POR ALGUNS MOMENTOS


No nosso meio fazendário muitos são os que estão sempre a arriscar uma “fezinha” em qualquer tipo de loteria, nesse rol eu também me incluo, já que todas semanas estou sempre a registrar os meus joguinhos.
Ainda no inicio da nossa trajetória no fisco só existia, além do jogo do bicho, as loterias estaduais e a federal, sendo que hoje existe um sem fim de opções pois, à exceção do dia de domingo todos os demais dias da semana tem uma ou duas modalidades de apostas patrocinadas da caixa economica federal.
Não obstante a quantidade de denominações de apostas à disposição do jogador, mega sena, dupla sena, timemania, lotomania, lotofacil e quina, as agencias lotéricas ainda assediam sempre que alguém nelas adentra, com o oferecimento de participação em bolões patrocinados pela lotérica à custa de uma alta comissão o que quase ninguém atenta, já que vendendo por exemplo, cotas de cinco reais para vinte participantes , perfazendo cem reais , no registro do jogo total ao qual concorrem não foram gastos mais do que uns trinta reais, num lucros de mais de duzentos e trinta por cento, daí a grande insistencia para que alguem os comprem.
Assim, há algum termpo atras ao fazer as minhas apostas em uma loteria na avenida castelo branco, notei que afixado no caixa estava a relação de participantes de um bolão, sendo que o último nome era o do colega Luiz Altamir, meu vizinho de sala. No outro dia já tendo ocorrido o sorteio do qual ele participara, disfarçando a voz eu telefonei para o seu celular: - “ seo Luiz aqui é da loteria da castelo branco, o senhor participou do nosso bolão de ontem da mega sena?”, tendo a resposta sido afirmativa já em tom de ansiedade, continuei: - “ nós fomos contemplados e o senhor ganhou duzentos e oitenta mil reais”. Foi uma exclamação de alegria, sendo que daí a pouco eu escutei o grande alvoroço na sala ao lado, com o então felizardo fazendo planos de retornar para Babaçulandia no estado do Tocantins onde já fora prefeito e, novamente, disputar o mais alto cargo executivo daquela localidade.
Corri para lá ,e assim que entrei Luiz Altamir olhou fixamente para mim e como se buscasse na memória, com o cenho franzido, me indagou:- “ah, foi você que me ligou agora a pouco, e eu pensando que era da loteria, não foi?. Me contendo para não cair na gargalhada eu respondi: - “ nããão.” Porém logo logo foi desfeito o sonho que durou pouco minutos mas que bem poderia ser verdade, já que o colega, hoje curtindo uma merecida aposentadoria, também seria mais do que merecedor de ser contemplado com um bom prêmio, já que é uma excelente pessoa, um grande colega e profissional dedicado, sério e honesto enquanto esteve na ativa.

José Domingos

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O DESTEMIDO


De uns tempos para cá estamos vendo, volta e meia, algum tipo de noticia que se convencionou chamar de lenda urbana, principalmente com a advento da internet e sua acessibilidade a todas as camadas sociais.
Permite se assim uma rápida propagação, em questão de segundos de um fato ou boato pelos quatro cantos do universo, muitas vezes não se tendo meios nem mesmo da comprovação de sua autenticidade, já que de dominio público, passa a ser comentado e ainda mais divulgado nas rodas de bate papos de amigos
Feita essa introdução que tudo tem a ver com o nosso “causo” de hoje, já que ele tem a sua base inicial também em boatos, passo a narra-lo esclarecendo que o mesmo me foi repassado pelo colega e amigo Olinto Alves Ribeiro, uma das reservas morais e intelectuais das últimas gerações que passou a integrar o quadro do fisco, pois é um qualificado e dedicado profissional que encara o seu trabalho com responsabilidade e dedicação.
Na seção que o Olinto atua como coordenador, a de automação fiscal, o quadro é composto de diversos funcionários, tanto do fisco quando oriundos da Aganp, na sua totalidade jovens e interessados e com boa especialização na área que atuam.
E foi um dos integrantes do nosso quadro, o Paulo roberto, auditor, que ao abrir uma grande mochila que carrega diariamente, os colegas notaram que ele nela conduz uma imensa faca, quase que um facão, brilhante, portanto de corte afiadissimo.
Curiosos em saber a razão dele portar essa imensa arma branca, lhe pediram uma explicação disso, no que ele prontamente atendeu: - “vocês sabem que eu moro no setor oeste, aqui perto e que todos os dias venho e volto a pé, para tanto tendo que passar “beiraninho” a cerca do zoológico”. Tendo interrompido a fala nisso aí, mais com vontade ainda ficaram os colegas, de saber o que tinha a condução da enorme faca com a sua passada diariamente pelas cercanias do zoo. Seria ele o sabotador e exterminador “o serial killler de animais” que, ao que parece vem eliminando sistematicamente os bichos do zoo goianiense?.
Homem de fé, bastante religioso e preocupado com que estaria aprontando um colega de trabalho sério e dedicado, então o Olinto resolveu aborda-lo diretamente falando da situação, inclusive da inconveniência e risco por estar portando uma grande faca, tendo ouvido do Paulo Roberto a finalização do assunto:- “Uai Olinto nós temos porte de arma, e você não sabe que existe uma onça solta no zoo? Tá todo mundo comentando, inclusive foi muito divulgado na imprensa. Eu não quero virar banquete de onça. Assim se durante a minha caminhada ela vier para o meu lado, eu a escoro na faca. Aqui não!. Comigo não!”

José Domingos

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

RETIRADA ESTRATÉGICA

Tendo feito o concurso do fisco para agente arrecadador, eis que a politica fazendária do governo, ainda na minha primeira década como funcionário público, resolve tirar todo o pessoal concursado para o fisco das então coletorias, e incrementar a fiscalização de trânsito. Embora isso tenha causado muitas reclamações, a medida com o passar dos anos se mostrou mais do que correta, não se justificando um hoje auditor ser utilizado em locais que muitas vezes não arrecadava nem para pagar o seu salário.
De uma hora para outra então me vejo no comando volante, nesse mister atuando muitas vezes com uma competentissima e eficiente dupla: Antonio Martins e Paulo Assakazo, assim não tendo naquela região da delegacia fiscal de Goiás um só estrada de terra, intermunicipal, que não a conheçamos bastante bem.
E foi numa delas que certa madrugada, estando apenas dois, Antonio Martins e Eu, portanto uma espingarda escopeta calibre 12, que ao abordarmos um caminhão carregado de feijão e, à luz faróis do nosso veículo, verificando minuciosamente a nota fiscal(preenchida à mão, o que era bastante habitual naqueles tempos), percebemos que ela tinha todos os indicios de uma adulteração, pois embora nela constasse a quantidade correta dos sacos de feijão, duzentos e cinquenta, tudo indicava que os últimos zeros de quantidade e valores teriam sido colocados posteriormente.
Como nos achávamos próximos do então povoado de Guaraita, onde fora emitida a nota fiscal por um servidor municipal conveniado e ali residente, nos deslocamos para lá para fazer o cotejo da primeira via que acompanhava o feijão e as demais que serviriam para a prestação de contas. Não deu outra, pois nas vias em poder do servidor a quantidade e os valores se referiam apenas a vinte cinco sacos de feijão.
Constatada a fraude nos encaminhamos juntamente com os tres ocupantes do caminhão, para a sede do municipio, Itapuranga, onde eu e o Antonio Martins na delegacia de policia narramos a ocorrencia para o sargento de plantão e lhe pedimos que adotasse as providencias frente ao flagrante, tendo ele retido as tres pessoas ali para que, no dia seguinte, fossem adotadas as medidas cabíveis.
A coletoria era, e ainda deve ser, bem em frente à delegacia de policia, portanto logo nas primeiras horas do novo dia lá estavámos, aguardando a chegado de policiais da DOT – delegacia de crimes contra a ordem tributária, que se deslocariam daqui de Goiania para conduzir, os já presos, a fim de aqui prestarem os depoimentos devidos, isso só tendo se dado depois das quatorze horas. Do nosso bem situado campo de visão e por ser durante o dia, tivemos a oportunidade de observar bem os tres autores da fraude, sendo que um deles chamava mais a atenção pela corpulencia e grande estatura o que, inclusive dificultou muito o seu embarque na traseira de uma Elba, o veículo utilizado pela DOT.
Tendo concluido o que nos cabia, que é a constituição do crédito tributário através da lavratura do auto de infração e o seu devido encaminhamento, logo logo nos esquecemos do assunto. Passados uns dois meses, estando eu sozinho por aquelas mesmas empoeiradas estradas, ao passar por Guaraita, por estar fazendo muito calor estacionei a viatura à porta de um boteco e nele adentrei para beber um refrigerante. Assim que cheguei ao balcão, já pronunciando o meu pedido de uma coca cola, eis que levanta uma imensa figura e me encara com um misto de sentimentos que eu não pude decifrar, talvez de raiva ou ódio.
Á minha frente eis que está o mesmo grandalhão que, por ação minha e do Antônio Martins, fora embarcado preso e desajeitamente no porta malas de um veículo, fato que por certo do qual não se esqueceu e nem se esquecerá tão fácil.
Foi só o prazo de balbuciar um “opa, parece que esqueci a carteira lá em casa, não vou querer a coca não.Obrigado” e me bater em retirada mais do que rapidamente, sem olhar para tras.

José Domingos

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A REZA E O VICIO


No conturbado mundo hoje vivido as pessoas tem de maneira crescente, recorrido a algum tipo de hobby,lazer ou mesmo se apegando a vicios de uma forma cada vez maior, com isso buscando mitigar o cansaço sem se importar com os maléficios por aqueles provocados, estando, entre as chamadas drogas lícitas, o cigarro como uma das mais procuradas e consumidas.
Muito embora e felizmente existam hoje diversas proibições quanto ao uso do cigarro em ambientes fechados, e graças a isso, os fumantes nas repartições já são bem conhecidos de todos.
Atuando em uma equipe com os auditores Brasil Gondim e Ewaldo Junior já há quase cinco anos, existe um alto grau de camaradagem e de relacionamento que se estreitou, pois já não somos só colegas de trabalho, mas grande amigos que discutem e trocam idéias e conselhos até mesmo no campo pessoal, nos permitindo assim, constantemente, aconselhar ao colega Ewaldo que abandone o vicio do cigarro, infelizmente não logrando êxito.
Assim todas as vezes que ele vai ao médico, quando retorna é minuciosamente sabatinado pelo Brasil e por mim, indagando o que lhe foi dito. A cerca de quatro meses ele de lá veio bastante abatido. Perguntado a causa ele disse que o médico lhe passou a noticia de que se não parar com o vicio, dentro de dois anos poderá estar tendo uma entrevista com São Pedro.
Para conforta-lo, fazendo cada conta, eu lhe disse que é bastante tempo pois se transformado em meses são 24, em dias 720, em horas 17.280, em minutos 1.036.800 e em segundos ainda lhe restariam 62.208.000, mas que o melhor mesmo é se ele parasse de fumar, porém a tentativa foi infrutífera mais uma vez.
Tendo decorrido dois meses daquele fato, portanto há dois meses atráz eu lhe lembrei que já haviam minguados 5.184.000 segundos do tempo que o médico lhe estabeleceu. Sentindo o baque, a partir de então o Ewaldo se tornou assíduo frequentador da igreja, se comungando e confessando sempre, mas sem deixar de “pitar” os seus cigarrinhos costumeiros
Há cerca de duas semana eu o ouvi dizer ao Brasil que, numa de suas confissões, consultara o padre se ele poderia fumar quando estivesse rezando, e aquele fora bastante enérgico com ele, “ralhando” bastante e o proibindo de fazer isso.Tendo que me ausentar do ambiente não escutei o que fora depois conversado entre ele e o Brasil.
O fato é que dias após ele entrou na repartição bem radiante, e já foi logo anunciando em alto e bom som que o conselho do Brasil Gondim fora muito bom e o padre concordara com ele. Curioso em saber qual fora a saída proposta pelo colega ao outro, indaguei o que fora sugerido, no que o Brasil respondeu:
- Oras se o Ewaldo tinha perguntado ao padre se ele poderia fumar enquanto estivesse rezando e o padre não permitiu, então eu lhe disse para mudar a pergunta e faze-la assim: “ padre eu possa rezar enquanto eu fumo?”

José Domingos

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O APAIXONADO


Muitas das histórias narradas pelos colegas e aqui relatadas nada mais foram, ou são, meras gozações cujo principal propósito é sacanear os seus protagonistas, embora deva se levar em conta que é também, e principalmente, um mecanismo de integração e de maior união da nossa instituição, pois para se brincar com alguém é preciso que haja confiança mútua, e um profundo conhecimento entre as partes.
Há de se convir que todo os conteúdos dos nossos “causos” são abordados dentro de um contexto que nem de longe objetiva denegrir ou ridicularizar pessoas ou localidades, mas apenas trazer uma pitada de humor e divertimento tão necessários em nossos dias, já que eles advém de situações quase sempre atribuidas a algum colega, mesmo que não tenham nunca acontecido, mas que porém são relatadas muitas e muitas vezes como se de fato acontecidas.
Assim o nosso colega Hugo Maria D'Assunção, uma das ricas e inesgotáveis fontes das divertidas histórias que são atribuidas a muitos colegas é que conta duas delas dizendo que, embora uma já seja do dia do descobrimento do Brasil, ele jura que já leu a respeito que quem fez a abordagem ao indio era um coletor de impostos português que veio na esquadra de Pedro Alvares Cabral.
Tendo descido uma grande comitiva na praia cuja área posteriormente passou a se chamar Cabrália, um dos seus integrantes notou que havia deixado algo importante na nau que estava ancorada próxima e vendo um indio tranquilamente deitado embaixo de um coqueiro, a ele se achega e diz: “bom dia valente nativo.Posso saber o seu nome?”. Pensativo, demorando um pouco para responder, por fim o indio diz” ´meu nome é Bah”.
O português que segundo o Hugo era um dos nossos antecessores na tarefa de arrecadar impostos, tentando usar um bom convencimento diz ao indio:”olha se você nadar até o nosso navio e me trouxer algo que deixei lá, vou pedir ao Pedro Alvares que batize esse rico pedaço de chão de : Bah....foi”, o indio o olhando de cima em baixo retruca: “ não. E como não vou, pode pedir para batizar como vocês quiserem ou, então batizem de Bah...ia”.
A segunda história, também narrada pelo Hugo, das incontáveis que sabe, também envolve um coletor, só que contemporâneo e nosso colega de turma, o Antonio, que tendo sido designado para trabalhar no norte do estado ainda no início da década de noventa, teve como destino final um povoado que ainda não fora emancipado sendo conhecido apenas por apelido.
Existindo ali próximo uma aldeia de indios, e nela habitando uma formosa virgem filha do cacique local, de nome Angatu, o coletor, um jovem bem "apanhado"(portentoso, galã), ficou perdidamente apaixonado e, volta e meia lá estava ele a visitar a aldeia e a lançar para a bela nativa languidos e amorosos olhares, no que passou a ser correspondido, aumentando assim a sua já imensurável paixão.
Ocorre que tendo entrado de férias, dali Antonio se ausentou por mais de quarenta dias. Ao retornar teve uma mais do que desagradavel surpresa, pois Angatu, por imposição do pai e aliança com um outro cacique, havia contraido nupcias com um indio de uma tribo de Rondonia e para lá se mudado.
Foi um baque terrível e causa de uma colossal tristeza, que culminou com Antonio a perambular pelas ruas do povoado e a bradar em alto som: Essa terra linda e abençoada que muitas alegrias poderia me dar, agora assiste a minha desdita. Eu morro por Angatu, eu morro por Angatu. Estando assim a gritar, muitos que por ele passavam prestando atenção apenas nas duas últimas palavras, achando as bonitas quando unidas, foram assim se referindo á localidade, passando ali a se chamar Porangatu , uma belissima e próspera cidade situado no norte goiano.

José Domingos

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

- E VOCÊ VOLTE POR AQUI.


É mais do que sabido, notório e bastante usado, desde que o mundo é o mundo, o envolucro ter bastante valia, às vezes até mais do que aquilo que dentro dele vai.
Em se tratando das pessoas, a vestimenta estabelece a diferença, limites e até distância pois em qualquer ambiente que nos achemos, somos avaliados pela forma com que estamos vestidos. Tanto assim o é que na maioria dos locais em que se quer estabelecer requintes e distinção, chega se ao detalhe de que normas sejam criadas para o tipo de traje dos que ali frequentam, assim como também em festas e comemorações em que essa recomendação já vem expressa nos convites.
Um conhecido da cidade de Itaberai me disse certa vez que após concluir o curso de direito e começar a advogar, só passou a ser mais procurado por interessados por seus serviços, quando começou a se vestir usando terno e gravata, o que é bastante usual em nosso meio, das pessoas darem, num primeiro momento, maior importância às vestes do que àqueles que as usam.
Tive também conhecimento, por um amigo de Nova Crixás, envolvendo um fazendeiro muito rico que por lá existe , Felisbino Costa, tanto que só visita a propriedade em avião próprio, com piloto e co-piloto, embora possuidor de uma enorme fortuna só se veste bem informalmente, até mesmo com muita simplicidade. Numa da suas visitas ele foi avisado pelo gerente da fazenda que um vizinho, ambos não se conhecendo ainda um ao outro, que aquele gostaria de lhe vender a propriedade, tendo autorizado o gerente então que convidasse ao visitante a adentrar a sala onde se achava também os condutores do avião.
Quando o fazendeiro vizinho, homem simples criado ali pelas “beiras” do rio crixás, entrou e olhou para os três, vendo os belos uniformes dos pilotos, calça azul e camisa branca com vistosas dragonas sobre os ombros, foi a eles que se dirigiu, um pouco confuso e lhes “tacou” um: “qual dos dois é o seo Felisbino?”
O fato a seguir, tendo sido ouvido dos tres protagonistas entre muitas gargalhadas, me foi relatado pelo colega Luis Alberto Pereira, ex-superintendente da receita estadual, ex superintendente do fomentar, ex-superintendente do tesouro e outros ex, dá mostras de como isso é bastante usual.
Certa feita o então secretário da fazenda, José Paulo Loreiro, no seu estilo despojado, em mangas de camisa e no volante do seu veículo, se fazendo acompanhar do hoje titular do cargo, Célio Campos de terno e gravata, então superintendente do tesouro estadual e, sentado no banco de trás, Euzébio, superintendente do patrimônio trajando da mesma forma do Célio, buscava adentrar no palácio das esmeraldas pois tinham uma audiência com o governador do Estado. No portão ao se identificar José Paulo disse: “ bom dia. Sou o secretário da fazenda tenho uma audiência com o governador”. O guarda talvez tendo ouvido mal e dando uma boa olhada nos dois que se achavam de paletó e gravata e vendo a forma simples de se vestir do secretário, lhe disse:” entre deixe eles lá e você volte por aqui”.

José Domingos

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O DOUTOR LEÃO


Sendo o Fisco uma classe tão grande, onde aposentados e auditores da ativa somam quase duas mil pessoas, é normal que existam as mais diversas crenças e hábitos, porém quase todos convivendo bem dentro dos padrões estabelecidos pelas convenções sociais.
Portanto é natural que a constante companhia dos colegas acabe redundando em um clima de grande camaradagem e sobretudo de muitas brincadeiras e gozações, cabendo a cada um ficar esperto e bastante atento para não ser alvo de alguém mais piadista, assim isso constantemente recaindo sobre os mais crédulos ou mesmo ingênuos que, por falta de sorte são escalados para trabalhar com outros de senso de humor mais acurado e à flor da pele, do tipo piscou, olha a “tiração de sarro” em cima.
Entre os mais gozadores da nossa turma de 1984 sempre se sobressaiu o auditor fiscal Paulo Sergio Pereira de Freitas, sempre “pronto a aprontar” com os colegas do Fisco como é do conhecimento de muitos, pois além da sua enorme disposição, honestidade e senso de responsabilidade profissional que norteia o seu proceder, ele também é bastante chegado a fazer algum tipo de brincadeira a qualquer momento.
Tendo muitos dos nossos colegas sido designados para prestar serviços em Itapuranga, antiga Xixá, uma boa turma para lá se deslocou, sendo que dela faziam parte : O Paulo Sergio, o seu xará Paulo Assakazo, Eu, o Ademar Batista, a personagem da nossa história de hoje, e mais alguns outros. Lá nos acantonamos todos na coletoria, sendo ela o nosso quartel general, repartição que tinha na chefia à época, uma das figuras do Fisco até hoje entre as mais bem preparadas profissionalmente e pessoalmente, o auditor Antonio Martins da Silva, também ele de um fino e sagaz humor, porém sem exageros ou excessos..
Não sendo nenhum demérito para aquela localidade pois a exemplo de todas as demais cidades goianas, ela tinha por aqueles tempos, década de noventa, um sistema de comunicação bem atrasado, pois se quisessemos falar em outro municipio tínhamos que ficar em longas filas no posto telefônico para, após horas, conseguir a ligação interurbana desejada, vez que ainda demoraria um bom tempo até surgirem os telefones públicos conhecidos como orelhões.
Assim só nos animávamos a utilizar tal meio quando realmente tínhamos alguma precisão e disponibilidade de tempo e paciencia para se sujeitar à longa espera na fila, e depois se conseguir linha e ser completada a sua ligação.
E foi assim, sei que disso bem recorda o Paulo Sérgio assim como eu também, que certa feita estávamos nós na coletoria quando chegou um colega esbaforido, o alvo da aqui brincadeira narrada e acontecida, sendo que o sol estava de “arrebentar mamona no asfalto”, às duas horas da tarde, num ressecado e encalorado mês de agosto.
Paulo Sérgio bem sério se dirigiu ao crédulo colega e disse: “ o mensageiro do posto telefonico trouxe um recado que é para você ligar imediatamente para esse número em Goiania e falar com o Dr. Leão”.
Incontinênti o colega se deslocou para o posto telefonico, situado a uma boa distancia, sem pedir confirmação se tinha mesmo havido o recado e já se postou na imensa fila, e após mais de uma hora e meia aguardando a sua vez, eis que ele com o aparelho na mão, ansioso, fala: “alô, aqui é de Itapuranga. Recebi um recado que para eu falar com o doutor Leão”. ”.Ao que um voz irritada lhe retruca: “vai brincar com a sua vó, seu moleque.
Aqui é do zoológico de Goiânia e se já estamos saturados com as brincadeirinhas locais, agora estão dando até para fazer interurbanos. vá te catar rapaz!”.

José Domingos

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O DESENCONTRO

Em minhas andanças por esse Estadão deGoiás, tive a oportunidade de conviver com muita gente, já que quando eu atuava como agente arrecadador de pequenos municipios, tempo era o que não me faltava para travar novos conhecimentos, descobrir novas e interessantes pessoas , felizmente deixando raizes de sólidas amizades que muitas vezes me obriga, porém prazerosamente a ali retornar para matar a saudade dos nossos longos bate papos.
E assim foi que quando trabalhei em Mozarlândia, é que conheci o Ezequiel, um prejudicado verticalmente, pois sua estatura não passava de um metro e vinte dois, assim mesmo acho que com um certo exagero da parte dele, pois isso é ele que assim asseverava .
. Bastante loquaz, e bem articulado, inclusive tendo se consolidado naquela cidade como um pequeno comerciante, porém muito bem sucedido, ali tendo constituido familia e fixado residencia, porém o seu começo ali não tendo sido nada fácil, pois até que a meninada se acostumasse com ele, sofreu bastante assédio, com uma enorme quantidade de moleques a lhe seguirem pela rua, lhe fazendo muito chacotas, em razão do seu diminuto tamanho.
Das muitas boas histórias que ele sempre contava, entre sonoras gargalhadas, apesar de que o Ezequiel sempre jurava de pés juntos que realmente aconteceu e da forma que ele narrava sempre, é bastante divertida e inusitada.
Quando começou no ramo de comerciante, ele acha que isso foi por volta do ano do tricampeonato mundial de futebol conquistado pelo Brasil, ou seja, mais ou menos em 1970, para que obtivesse um lucro direto para o maior centro comercial da América do Sul, indo fazer o abastecimento de sua loja com produtos adquiridos na avenida vinte e cinco de março em São Paulo.
Depois de dois dias de sacolejos e poeira, pois era o prazo de sair de um ônibus e assentar noutro, ele se vê no agitado centro comercial paulista.
Andando daqui, andando dacolá e já estando sedento, ele procura um pequeno boteco que por ter um balcão mais alto do que a sua pequena estatura e não vendo ninguém para lhe atender, para se fazer notar Ezequiel teve que dar pequenos saltos enquanto dizia: “me dá uma coca-cola, me dá uma coca cola!”, tendo repetido isso por uma cinco vezes.
Não tendo obtido nenhum resultado Ezequiel contorna o balcão pela ponta, no que depara com um não menos prejudicado verticalmente, também de baixissima estatura, que a exemplo dele, se achava a dar saltinhos e responder: “ só tem pepsi-cola, só tem pepsi-cola!”.

José Domingos

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O "CARCULISTA"

Nos idos dos anos sessenta existia no municipio de Aruanã um coletor de impostos, Sanderval, cuja diversão principal era a de, toda semana, caçar onças, numa ilha que existia no rio araguaia, logo abaixo da cidade. Por possuir muitas grutas era um local propicio para o abrigo das "bichonas" que ali se escondiam antes de ir á caça em busca de alimentos, bastante farta naqueles tempos com muito caititu, capivara, pacas e antas, à disposição dos seus botes às margens do extenso e belo rio.
Sanderval possuia uma bela tralha para a prática de seu divertimento, desde uma boa canoa com remos sempre "tinindo" de novos, lanternas, facas, lampião, espingardas das mais modernas e algumas azagaias(lanças pontiagudas que colocadas nas espingardas e que quando o caçador deparava com a fera nas grutas, ao mesmo tempo que atirava, a azagaia já enfiava no peito da caça, sendo um anteparo para, ao mesmo tempo que feria o bicho, provocava um distanciamento daquele com o caçador, funcionando como um anteparo protetor).Sempre que Sanderval ia para a empreitada na ilha, que tinha no seu lugar mais alto uma cabana construida por algum caçador mais aficcionado da arte, se fazia acompanhar de seu compadre Vespasiano que pelas afinidades das caçadas lhe dera o seu filho caçula Marciano para batizar, daí se fortalecendo ainda mais o vínculo entre os dois. Matuto nascido e criado nas margens do rio araguaia e conhecedor de todas as surpresas que a natureza fazia aos mais incautos, Vespasiano sempre se destacava pela enorme coragem e destemor para enfrentar qualquer situação.Certa feita, na "boca da noite", lá estavam eles remando rumo à ilha, com o rio bufando de cheio, já que os dois bastantes acostumados não se amendrontavam nem com o grande volume de água das cheias nem com os imensos bancos de areia que se formavam quando das secas, sendo que já quase aportando no destino, uma imensa arvóre trazida rodando pelo rio abalroou a canoa tendo esta virado com todos os seus equipamentos de caça. Eximios nadadores que eram, logo chegaram à praia daa ilha, molhados e tiritando de frio, totalmente desarmados.
Nem bem puseram os pés na areia já escutaram o esturro de uma onça mais ou menos próxima, o que fez com que, imediatamente se puzessem em desabalada carreira, arrebentando cipós com os peitos, rumo ao topo da ilha onde poderiam se por em segurança na cabana ali existente,
com a onça quase nos seus calcanhares porém ainda a uma considerável distancia.
Eis que Vespasiano para e começa a tirar as botinas, no que Sanderval lhe disse:" compadre o senhor não besta não? acha que consegue correr mais do que a onça?", no seu portugues arrevesado e típico, aquele lhe respondeu:" me adiscurpe cumpadi Sandervar, eu sô bem carculista e tô vendo que nos meus carcos eu posso não corrê mais do que a bicha, mais mais do que ocê, cum certeza eu corro.

José Domingos.
Nos idos dos anos sessenta existia no municipio de Aruanã um coletor de impostos, Sanderval, cuja diversão principal era a, de toda semana, caçar onças, numa ilha que existia no rio araguaia, logo abaixo da cidade. Por possuir muitas grutas era um local propicio para o abrigo das "bichonas" que ali se escondiam antes de ir á caça em busca de alimentos, bastante farta naqueles tempos com muito caititu, capivara, pacas e antas, à disposição dos seus botes às margens do extenso e belo rio.
Sanderval possuia uma bela tralha para a prática de seu divertimento, desde uma boa canoa com remos sempre "tinindo" de novos, lanternas, facas, lampião, espingardas das mais modernas e algumas azagaias(lanças pontiagudas que colocadas nas espingardas e que quando o caçador deparava com a fera nas grutas, ao mesmo tempo que atirava, a azagaia já enfiava no peito da caça, sendo um anteparo para, ao mesmo tempo que feria o bicho, provocava um distanciamento daquele com o caçador, funcionando como um anteparo protetor).
Sempre que Sanderval ia para a empreitada na ilha, que tinha no seu lugar mais alto uma cabana construida por algum caçador mais aficcionado da arte, se fazendo acompanhar sempre de seu compadre Vespasiano que pelas afinidades das caçadas lhe dera o seu filho caçula Marciano para batizar, daí se fortalecendo ainda mais o vínculo entre os dois. Matuto nascido e criado nas margens do rio araguaia e conhecedor de todas as surpresas que a natureza fazia aos mais incautos, Vespasiano sempre se destacava pela destemida coragem e destemor para enfrentar qualquer situação.
Certa feita lá estavam eles remando rumo à ilha, com o rio bufando de cheio, já que os dois bastantes acostumados não se amendrontavam nem com o grande volume de água das cheias nem com os imensos bancos de areia que se formavam quando das secas, sendo que já quase aportando no destino, uma imensa arvóre trazida rodando pelo rio abalroou a canoa tendo esta virado com todos os seus equio

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A ASSOMBRAÇÃO

Tenho um amigo, emérito contador de histórias, daqueles que já deve ter contado o mesmo "causo" mais de mil vezes ele mesmo acreditando, portanto, ter acontecido as situações que ele narra fielmente, pois só eu já ouvi a que hoje aqui transcrevo, por muitas dezenas de vezes, sempre detalhada e explicada da mesma forma.
A nossa personagem, real, é João Felipe, morador de Goianésia, profissional competente na arte da marcenaria enquanto a saúde lhe permitiu trabalhar. Conta ele que na sua infância, um cemitério que ainda existe até hoje, na estrada pela qual se transita para chegar até o posto fiscal João Pinheiro, às margens do rio paranaiba, era tido como mal assombrado.
As pessoas que por ali transitavam, contavam que em noites de luas claras, sempre soprando uma forte ventania, quando passavam em frente do campo santo, não era raro ouvir uma maviosa voz feminina, muito bonita ,a entoar pedaço de uma então famosa canção da época: "acorda Maria Bonita, levanta vem fazê o café...."., ou então: "chega de sofrê, chega de pená...", ou alguma outra canção do mesmo estilo.
Assim as pessoas "cortavam volta" para não ter que passar pelo cemitério à noite, com medo da já famosa assombração. João Felipe que sempre venera e idolatra a figura do seu amado pai, relata que ele era bastante corajoso e que ao tomar conhecimento de que esse fato lhe disse: "João, embora moremos a algumas léguas daquele lugar, qualquer dia desses irei ver de frente esse tal de fantasma que faz tanto medo nos outros". Dito pronunciado, dito feito. Tendo a noticia corrido pelas redondezas, na noite marcada, o pai de João Felipe, acompanhado de um grande pelotão de curiosos, à cavalo se deslocou para as cercanias do cemitério. Tendo amarrado os animais a uma prudente distância, a comitiva cautelosamente vai se aproximando do portão, o v ento gelado a lhes bater de frente, e já bem próximos da entrada, eis que escutam nitidamente:"acorda Maria bonita...", foi uma correria e uma debandada geral, sómente o corajoso pai de João Felipe seguiu em frente, destaramelando o portão e adentrando ao campo santo, sempre ouvindo a cantoria, agora mais nítida, vinda do fundo do cemitério, para onde ele se dirigiu.
Daí a pouco os seus medrosos companheiros escutaram os seus gritos, não de medo, mas chamando os, misturados esses com muitos risos, quase a gargalhar. Somente após muita insistencia do pai de João Felipe é que os acovardados foram se aproximando e puderam então presenciar uma insólita cena, causadora de tantos medos: como ainda é costume até hoje, de muitas pessoas pedirem que nos seus túmulos sejam colocados alguma coisa que em vida muito lhes agradou, naquele que agora era apontado pelo pai do João Felipe estava afixado um LP de vinil, certamente com as músicas que volta e meia eram ouvidas pelos assustados passantes.
Ficaram um a olhar para o outro, não entendendo o que provocava a cantoria, vindo então a explicação que, segundo João Felipe foi presenciada pelo seu querido pai: existindo uma roseira bem no pé do túmulo e com grandes galhos, nas noites de ventania esses se curvavam com os seus compridos espinhos até o LP, fazendo então que se soasse a cantoria. Verdade!!!!!!!

José Domingos

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

- NÃO PODE NÃO VOVÔ!

Durante o periodo em que estive trabalhando como agente arrecadador na minha querida terra natal, a bicentenária cidade de Mossâmedes, boa parte dos meus finais de semana eu os ocupava em longos bate papos com velhos conhecidos, ouvindo os seus "causos "e me extasiando com a riqueza de detalhes e cores que a eles eram dados pelos contadores que, seriamente, garantiam serem verídicos, inclusive apontando outras pessoas conhecidas, como se testemunhas tivessem sido daqueles acontecimentos.
Numa modornenta tarde de sábado, em visita ao seu Manoel Cipriano, sentados à sombra em um enorme banco de pedra que por décadas já existe em frente à sua casa, ouvi dele essa história que jurou ser verídica, não obstante depois eu já tê-la ouvido por diversas vezes resumidamente como uma piada.
No inicio do século passado, quando a cidade ainda era carinhosamente conhecida como "Aldeia", existia ali um rico fazendeiro, seu Amancio,bastante idoso e que em todo o decorrer da sua longa vida sempre a pautou pela extrema religiosidade, caridade e fartura. Tendo adoentado e estando acamado já por muitos dias, com a saúde cada vez mais debilitada, todos os seus familiares perceberam que já estava próximo o seu encontro com o Criador, inclusive já tendo até se confessado e recebido a extrema unção do Monsenhor Angelino, pároco local.
Assim o quarto com a cama onde se acomodava seu Amancio estava sempre cheio de parentes que, disfarçadamente, já o pranteavam ainda em vida, e foi num dos seus momentos de rara lucidez, que o seu faro detectou que estava se assando pães de queijo, por certo pela sua dedicada companheira dona Benvinda, que do alto dos seus mais de noventa anos ainda era esprevitada, bem disposta de uma quitandeira de mão cheia.
Puxando um dos seus netos pelo braço, o tendo reconhecido com dificuldades, o moribundo susssurrou: " Joãozinho pede a vovó Benvinda prá me mandar um pão de queijo". Mais do que ligeiro o neto disparou em corrida rumo à cozinha, e quase que num só folego retornou e disse, estufando o peito, sentindo ser alvo de todos os olhares dos presentes e dada a importancia da missão que fora confiada:
- "Não pode não vovô.a vó Benvinda disse que os pães de queijo estão sendo assados para o seu velório."

José Domingos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A PICARETAGEM AO TELEFONE

No dia de hoje, treze de agosto de 2010 estou iniciando o presente blog. O seu foco principal será a publicação, se possível diária, de fatos ocorridos com os colegas da Secretaria da Fazenda, buscando aqueles que, embora verídicos, sejam quase inverossímeis pelo seu lado humoristico, e à falta deles para o momento, algumas piadas que podem ser contadas e publicadas em qualquer lugar. o primeiro retrata uma situação vivida pelo auditor fiscal Brasil Gondim Vieira, quando um picareta querendo lhe extorquir dinheiro quis se passar por seu sobrinho, e que se não fosse a sua presença de espírito, não estaríamos agora contemplados com essa divertida história


Há poucos dias atras o colega Brasil Gondim atendeu uma ligação telefonica a cobrar, pensando que se tratava de algum colega em dificuldade. Do outro lado da linha uma voz já lhe disse "tio bati o carro". Com a inteligencia que lhe é peculiar, embora não faça questão de demonstrar isso com o seu jeitão típico, mais do que depressa o Brasil disse: " Uai Julio, você estava sumido e quando aparece, já com noticias ruins?. Como foi isso, deve ser com essa viadagem que já lhe falei para parar com isso e virar homem. Vai ver que você estava envolvido com algum macho e se distraiu. Vira homem, meu sobrinho!".
A voz do outro lado da linha, segundo nos contou o Brasil, nessa hora se afinou e disse: "deixa isso de lado, eu não estava com nenhum namorado titiiiio, me ajue por favo.Por favor, senão eu choro, estou precisando de dinheiro". Buscando apresentar uma recomposição na voz que falseteou como se fosse mesmo homossexual, a pessoa continuou: " vou passar aqui para o sargento que está atendendo a ocorrencia, pro senhor falar com ele". Entrou então em cena, pelo telefone uma terceira voz que de forma bem grossa já foi dizendo" aqui é o sargento Santos, com quem estou falando?". Brasil com o seu jeitão tranquilo disse: " boa tarde sargento, como o senhor está dando o atendimento aí ao meu querido sobrinho, pelo que muito agradeço, vou pedir a um amigo meu, capitão da policia que vá até aí para os procedimentos seguintes, pois vai ter que alguém ir até o local para levar o dinheiro para o Julio."
Nessa hora a voz do pseudo sargento já não se mostrou firme e ao ser informado o nome do capitão, Ferraz,(criado pelo Brasil naquele instante) soltou um palavrão antes de desligar o telefone.

José Domingos