terça-feira, 24 de agosto de 2010

O APAIXONADO


Muitas das histórias narradas pelos colegas e aqui relatadas nada mais foram, ou são, meras gozações cujo principal propósito é sacanear os seus protagonistas, embora deva se levar em conta que é também, e principalmente, um mecanismo de integração e de maior união da nossa instituição, pois para se brincar com alguém é preciso que haja confiança mútua, e um profundo conhecimento entre as partes.
Há de se convir que todo os conteúdos dos nossos “causos” são abordados dentro de um contexto que nem de longe objetiva denegrir ou ridicularizar pessoas ou localidades, mas apenas trazer uma pitada de humor e divertimento tão necessários em nossos dias, já que eles advém de situações quase sempre atribuidas a algum colega, mesmo que não tenham nunca acontecido, mas que porém são relatadas muitas e muitas vezes como se de fato acontecidas.
Assim o nosso colega Hugo Maria D'Assunção, uma das ricas e inesgotáveis fontes das divertidas histórias que são atribuidas a muitos colegas é que conta duas delas dizendo que, embora uma já seja do dia do descobrimento do Brasil, ele jura que já leu a respeito que quem fez a abordagem ao indio era um coletor de impostos português que veio na esquadra de Pedro Alvares Cabral.
Tendo descido uma grande comitiva na praia cuja área posteriormente passou a se chamar Cabrália, um dos seus integrantes notou que havia deixado algo importante na nau que estava ancorada próxima e vendo um indio tranquilamente deitado embaixo de um coqueiro, a ele se achega e diz: “bom dia valente nativo.Posso saber o seu nome?”. Pensativo, demorando um pouco para responder, por fim o indio diz” ´meu nome é Bah”.
O português que segundo o Hugo era um dos nossos antecessores na tarefa de arrecadar impostos, tentando usar um bom convencimento diz ao indio:”olha se você nadar até o nosso navio e me trouxer algo que deixei lá, vou pedir ao Pedro Alvares que batize esse rico pedaço de chão de : Bah....foi”, o indio o olhando de cima em baixo retruca: “ não. E como não vou, pode pedir para batizar como vocês quiserem ou, então batizem de Bah...ia”.
A segunda história, também narrada pelo Hugo, das incontáveis que sabe, também envolve um coletor, só que contemporâneo e nosso colega de turma, o Antonio, que tendo sido designado para trabalhar no norte do estado ainda no início da década de noventa, teve como destino final um povoado que ainda não fora emancipado sendo conhecido apenas por apelido.
Existindo ali próximo uma aldeia de indios, e nela habitando uma formosa virgem filha do cacique local, de nome Angatu, o coletor, um jovem bem "apanhado"(portentoso, galã), ficou perdidamente apaixonado e, volta e meia lá estava ele a visitar a aldeia e a lançar para a bela nativa languidos e amorosos olhares, no que passou a ser correspondido, aumentando assim a sua já imensurável paixão.
Ocorre que tendo entrado de férias, dali Antonio se ausentou por mais de quarenta dias. Ao retornar teve uma mais do que desagradavel surpresa, pois Angatu, por imposição do pai e aliança com um outro cacique, havia contraido nupcias com um indio de uma tribo de Rondonia e para lá se mudado.
Foi um baque terrível e causa de uma colossal tristeza, que culminou com Antonio a perambular pelas ruas do povoado e a bradar em alto som: Essa terra linda e abençoada que muitas alegrias poderia me dar, agora assiste a minha desdita. Eu morro por Angatu, eu morro por Angatu. Estando assim a gritar, muitos que por ele passavam prestando atenção apenas nas duas últimas palavras, achando as bonitas quando unidas, foram assim se referindo á localidade, passando ali a se chamar Porangatu , uma belissima e próspera cidade situado no norte goiano.

José Domingos

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