terça-feira, 31 de agosto de 2010

O COLEGA COLECIONADOR DE ORQUÍDEAS


No serviço do fisco a maioria dos colegas sempre teve a oportunidade, quase nunca de livre espontanea vontade, de percorrer essa enormidade que é o territorio goiano, uma vez que quase todos já foram designados para prestar serviços em várias localidades. Eu mesmo quando iniciei, fui logo enviado para São Sebastião do Tocantins, então a última cidade do extremo norte goiano, já que do outro lado do rio, do qual a localidade tem o nome já fica o estado do Pará.
É engraçado como as pessoas, num orgulho até natural, sempre achem que todos que estão na sua terra façam, o máximo gosto de ali permanecer, tanto que certa feita ao fazer o recolhimento do ainda só ICM nos açougues, decorrente da comercialização de carnes, ouvi do proprietário uma meia ameaça até divertida, já que ele me falou: - “seja “maneiroso” na hora de cobrar o imposto, pois aqui tinha um coletor muito intransigente, que os açougueiros se reuniram com os membros do diretório da Arena e pediu para ele ser transferido daqui.” Sentindo no ar um certo aviso e endereçamento à minha pessoa eu lhe retruquei: - “todas as vezes que tiver que cobrar imposto pode ter certeza que o farei. Por falar nisso a sua guia já está acabando de ser lavrada. Agora, se com isso, quiserem me transferir daqui, será um enorme favor pois, mesmo para a cidade mais próxima estarei quarenta e dois quilometros mais perto de casa, pois esta é, no estado, a cidade mais distante de onde eu moro.”
Assim nesse vai e vem, ora aqui ora acolá, é que muitos passaram a adotar certos costumes e hobbys dos mais diversificados, sendo que um dos nossos colegasda turma de 84, se nissei, sansei não sei, só sei que é de ascendencia nipônica, nas suas andanças se julgou ter se tornado um especialista no cultivo de orquídeas.
E foi assim que certa feita, conforme o nosso colega da SEFAZ, Roberto Costa e Silva Junior, que estava junto com ele, ao chegarem em uma fazenda num trabalho do monitoramento rural, ele se encantou com algumas mudas de plantas que estavam em um viveiro e buscou comprar algumas do proprietário, que não se fez de rogado e lhe “arrancou o couro” no preço, deixando o Roberto atônito pela quantia desembolsada, pois simplesmente nem o colega de traços nipônicos e nem o vendedor se referiram a que mudas eram aquelas.
Acomodadas as mudas no porta malas da viatura, nem bem haviam saido do lugar, quando o Roberto o interpelou o por que daquela aquisição, tendo o colega então respondido: - “ você é bem “ruinzinho” nessa matéria de orquídeas, não?, pois aquelas pequenas mudas, pelo que sei são valiosissimas, são orquídeas espécímes raras, quando crescerem eu vou te mostrar”. A resposta do Roberto após gargalhadas que quase o engasgaram, foi a de que na sua fazenda, no municipio de Pirancajuba então existia uma imensa fortuna, pois lá essas plantas podiam ser contadas aos milhares pelo pasto. Ante a posição radical do colega nipônico de que eram mesmo orquídeas raras e que não era possível have-las em tal profusão na propriedade do Roberto, a ele outra solução não coube do que desviar um pouco da sua rota, por não se acharem muito distantes de Piracanjuba, já que trabalhavam então na delegacia fiscal de Morrinhos, e levar o renitente colega para conhecer a verdadeira lavoura de “orquídeas” existente na sua propriedade rural, nas suas várias etapas de crescimento, o que verificado causou uma grande decepção ao colega colecionador, um verdadeiro constrangimento, principalmente quando o Roberto lhe disse: - “ Abre o olho japonês, por aqui essas plantas ainda não eram conhecidas como orquídeas, pois a séculos todas se referem a elas como guarirobas. Se as que você comprou lá não for suficiente, eu te vendo aqui o tanto que você quiser .Ah, bem mais em conta do que você pagou”. Justifica se assim o fato de que ele nem sequer gosta de lembrar até hoje dessa triste e prejudicial situação, daí a omissão do seu nome nesse “causo”.

José Domingos

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