sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O DOUTOR LEÃO


Sendo o Fisco uma classe tão grande, onde aposentados e auditores da ativa somam quase duas mil pessoas, é normal que existam as mais diversas crenças e hábitos, porém quase todos convivendo bem dentro dos padrões estabelecidos pelas convenções sociais.
Portanto é natural que a constante companhia dos colegas acabe redundando em um clima de grande camaradagem e sobretudo de muitas brincadeiras e gozações, cabendo a cada um ficar esperto e bastante atento para não ser alvo de alguém mais piadista, assim isso constantemente recaindo sobre os mais crédulos ou mesmo ingênuos que, por falta de sorte são escalados para trabalhar com outros de senso de humor mais acurado e à flor da pele, do tipo piscou, olha a “tiração de sarro” em cima.
Entre os mais gozadores da nossa turma de 1984 sempre se sobressaiu o auditor fiscal Paulo Sergio Pereira de Freitas, sempre “pronto a aprontar” com os colegas do Fisco como é do conhecimento de muitos, pois além da sua enorme disposição, honestidade e senso de responsabilidade profissional que norteia o seu proceder, ele também é bastante chegado a fazer algum tipo de brincadeira a qualquer momento.
Tendo muitos dos nossos colegas sido designados para prestar serviços em Itapuranga, antiga Xixá, uma boa turma para lá se deslocou, sendo que dela faziam parte : O Paulo Sergio, o seu xará Paulo Assakazo, Eu, o Ademar Batista, a personagem da nossa história de hoje, e mais alguns outros. Lá nos acantonamos todos na coletoria, sendo ela o nosso quartel general, repartição que tinha na chefia à época, uma das figuras do Fisco até hoje entre as mais bem preparadas profissionalmente e pessoalmente, o auditor Antonio Martins da Silva, também ele de um fino e sagaz humor, porém sem exageros ou excessos..
Não sendo nenhum demérito para aquela localidade pois a exemplo de todas as demais cidades goianas, ela tinha por aqueles tempos, década de noventa, um sistema de comunicação bem atrasado, pois se quisessemos falar em outro municipio tínhamos que ficar em longas filas no posto telefônico para, após horas, conseguir a ligação interurbana desejada, vez que ainda demoraria um bom tempo até surgirem os telefones públicos conhecidos como orelhões.
Assim só nos animávamos a utilizar tal meio quando realmente tínhamos alguma precisão e disponibilidade de tempo e paciencia para se sujeitar à longa espera na fila, e depois se conseguir linha e ser completada a sua ligação.
E foi assim, sei que disso bem recorda o Paulo Sérgio assim como eu também, que certa feita estávamos nós na coletoria quando chegou um colega esbaforido, o alvo da aqui brincadeira narrada e acontecida, sendo que o sol estava de “arrebentar mamona no asfalto”, às duas horas da tarde, num ressecado e encalorado mês de agosto.
Paulo Sérgio bem sério se dirigiu ao crédulo colega e disse: “ o mensageiro do posto telefonico trouxe um recado que é para você ligar imediatamente para esse número em Goiania e falar com o Dr. Leão”.
Incontinênti o colega se deslocou para o posto telefonico, situado a uma boa distancia, sem pedir confirmação se tinha mesmo havido o recado e já se postou na imensa fila, e após mais de uma hora e meia aguardando a sua vez, eis que ele com o aparelho na mão, ansioso, fala: “alô, aqui é de Itapuranga. Recebi um recado que para eu falar com o doutor Leão”. ”.Ao que um voz irritada lhe retruca: “vai brincar com a sua vó, seu moleque.
Aqui é do zoológico de Goiânia e se já estamos saturados com as brincadeirinhas locais, agora estão dando até para fazer interurbanos. vá te catar rapaz!”.

José Domingos

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