segunda-feira, 8 de novembro de 2010

COM A BEIÇUDA NÃO. NÉ PAI?

Um "causo" prá lá de divertido, que foi contado, por uma dezena de vezes pelo meu grande amigo João Felipe, marcineiro dos bons que reside em Goianésia, além de um emérito contador de histórias e outros predicados mais.
Das recordações de sua infancia vivida ali pelas próximidades do rio Corumbá, carrega ele além da eterna saudade do seu paí, a memória de muitas experiencias que lhe foram por aquele repassadas, sendo contar que muitas delas, segundo conta João Felipe, foram vividas juntos, prin cipalmente naquela face de "entrança" na adolescencia e saida da infancia, quando invariavelmente todos os pais são os maiores ídolos de suas crias, o que com ele não era diferente, tamanha era e continua sendo a admiração nutrida pelo seu genitor.
Assim todas as vezes que o seu João ( que era também o nome do seu pai) o chamava para sairem juntos, ele já pulava na frente e falava que estava mais do que pronto. dessa forma um certo dia ele foi convidado para ir pescar "no poço da Filomena", que distava tres léguas e meia da sua casa, portanto o percurso tendo que ser feito a cavalo.
Não foi bem a cavalo, vez que montaram os dois, ele na garupa, em uma mula baia grande e bonita que era o orgulho do seu pai, que era conhecida e reconhecida comoo "beiçuda",após todos os preparativos e matula arrumada, vez que pela distancia iria acampar no local e só voltar no findar do dia seguinte. Ao destino tendo chegado, o seu pai lhe disse que fosse começando a ajeitar o acampamento enquanto ele iria levar a mula para se refrescar e beber água num local onde fosse mais raso, já que o "poço da Filomena" além de sua imensidão, era de uma fundura sem fim, tendo os pescadores, que não tivessem
embarcados em canoas, de pescarem em suas margens aqui e ali, procurando um melhor lugar, embora por aqueles tempos a piscosidade dos nossos rios e córregos fizessem a alegria de quase todos os pescadores que estivesse mesmo com vontade de pescar, portanto fisgando uns "butelos" em qualquer lugar.
Cantarolando lá estava João felipe colocando uma coisa aqui e outra ali, dando forma à "morada" deles por um dia, quando escutou gritos do seu pai, para que se dirigisse até ele , o que fez correndo com o coração ao saltos sem saber o que estava acontecendo. Lá chegando antes que visse a razão de tanto afobação, seu pai lhe disse: "João Felipe temos que voltar agora" no que assustado perguntou o que estava acontecendo, momento em que o seu pai apontou o dedo para um montão de peixes ao seu lado e complementou:" se não formos iremos perder todos estes peixes além do que, não teremos condições de carregar mais do que isso, de volta para casa". João Felipe, surpreso vendo a enorme quantidade peixes ainda olhou para os lados para ver se existia alguma tarrafa ou rede que o seu pai tivesse utilizado, embora ele soubesse isso não acontecer, pois vira toda a tralha ser arrumada em casa e isso não fora colocado, bem como ter todos os seus apetrechos sido descarregados onde ele ficara arrumando o acampamento. Ante isso indagou ao seu pai como fora tirado do rio toda aquela quantidade de peixes, ficando ainda mais surpreso com a resposta: "Você sabe que o apelida da nossa mula é "beiçuda" com razão né?. Todas as vezes que ela levava a boca na agua para saciar a sua sede, ao levantar a cabeça trazia um monte de peixes dependurados no beiço, assim é que todos os esses peixes vieram para fora d'água."
Desapontado pela frustação de não ter podido pescar João Felipe ajudou o pai a acomodar toda a tralha e os peixes no lombo da "beiçuda" e retornaram para casa. Conta ele que desde esse dia, quando o seu pai o convidava para pescar ele já dizia de pronto:" num vai ser montado na "beiçuda não. Né paí?"
José Domingos

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