segunda-feira, 27 de setembro de 2010

COMANDO URUBU


Ao ter a idéia de escrever os “causos” sobre os fatos acontecidos ou vividos por nossos colegas fiscais, firmei posição de só constar o nome dos personagens quando eles assim me autorizam ou, em situações que a exposição não causa nenhum contratempo.
Em sendo assim, por não haver contactado o auditor que fazia dupla de trabalho à época com quem me narrou nossa história de hoje, Alberto Alves Ferreira, deixo de nomina-lo.
Tão logo entramos no Fisco, sangue novo, muita disposição e vontade de aprender e trabalhar, assumimos atividades cansativas, de risco e rotineiras, uma delas sendo a cobrança de ICMS decorrente da comercialização de carnes em açougues, geralmente apenas de bovinos e de suinos.
Cansativas por que era sempre, antes de receber o imposto, um longo e conhecido discurso; de risco por que embora, felizmente, poucas tenham sido as situações em que enfrentamos perigos maiores e concretos, em todas as vezes que adentrávamos a um açougue, era “um tal de amolar facão”, de maneira intimidatória
E foi assim que o Alberto e o outro colega, se especializaram nessa atividade, mais especificamente nas cercanias da capital federal, abrangendo açougues na Cidade Ocidental, Valparaiso, Céu Azul, Pedregal, Jardim Ipê e Novo Gama. Tanto que entrava e saia mês lá estavam eles, logo recebendo dos outros auditores, em função de só fazerem sempre o mesmo trabalho, de cobrança em açougues, de Comando Urubu.
Tamanha repetitividade de função já estava deixando os com fixação por tal modalidade de cobrança de ICMS, tanto que dormindo num apartamento duplo no hotel Elite no entorno de Brasilia, certo dia o Alberto percebeu que o colega de quarto e também de comando volante, acordou sobressaltado na cama ao lado, se colocando sentado na cama e olhando para um lado, ora para o outro, olhos arregalados, assim se pronunciava: “é um porco, ou um porco e uma vaca ?. É um porco, ou um porco e uma vaca?”, após o que retornando o sono e, no outro dia quando consultado disse não se lembrar de nada disso.
José Domingos

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